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Atividade essencial? Donos de barbearia querem reabrir salões

Na pandemia do coronavírus, empresários se dividem entre o temor pela saúde e a necessidade de retomar as atividades

Barbearia Corleone: antes da pandemia, 13.000 atendimentos por mês nos seis salões (Barbearia Corleone/Divulgação)

Barbearia Corleone: antes da pandemia, 13.000 atendimentos por mês nos seis salões (Barbearia Corleone/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 12 de maio de 2020 às 15h55.

Última atualização em 12 de maio de 2020 às 18h29.

Expectativas foram criadas com o novo decreto presidencial ampliando as atividades essenciais durante a pandemia de coronavírus. Em especial, entre os donos de barbearias, que se dividem entre o temor pela saúde e a necessidade de retomar as atividades. Falamos com Bruno Van Enck, da Barbearia Corleone; Marinho Pinheiro, da Barbearia Cavalera; e Cacá Maluf, da Barbearia Murdock.

 

Bruno Van Enck, da Barbearia Corleone

“Tenho mais de 300 pessoas trabalhando diretamente comigo, que estão na nossa folha de pagamentos, em seis barbearias e em oito estados onde vendemos nossos produtos de beleza. Até fevereiro, eram 13.000 atendimentos por mês nos nossos salões. Nossos barbeiros recebem por produção, de acordo com a Lei do Salão Parceiro. Alguns conseguem fazer atendimento privados na casa dos clientes, mas nem todos, e em quantidade muito reduzida.

O que teve de dono de barbearia querendo vender seu negócio para mim... Nosso setor está completamente parado, assim como tantos outros, e não se dá satisfação a esses trabalhadores. Infelizmente não temos governo, né. Muita gente passando fome, passando necessidade. Mas só se fala em saúde. É preciso achar um meio do caminho. Pessoas morrerão pelo vírus, negócios quebrarão com a crise. Precisamos retomar as atividades.

Estou isolado desde o dia 17 de março, cumprindo à risca a quarentena. Graças a Deus posso fazer isso, porque tenho reservas. E quem não tem, como meu pai, por exemplo?”

Bruno Van Enck, da Barbearia Corleone: ansioso pela retomada das atividades (Barbearia Corleone)

 

Marinho Pinheiro, da Barbearia Cavalera

“Estamos nos preparando para a retomada das atividades com cuidados redobrados. Estou comprando máscaras de plástico e de tecido, pesquisando materiais para aventais, planejando um rodízio entre os barbeiros, prevendo um espaçamento maior entre as cadeiras. Essa é uma questão muito delicada, precisaríamos ter mais informações sobre o vírus, para saber se uma volta agora seria segura. Mas a questão financeira é uma realidade.

Se as barbearias forem autorizadas a funcionar agora, seguiremos as orientações do governo e voltaremos com todas as medidas de higiene e proteção. Temos quatro pontos em São Paulo e 20 barbeiros cadastrados. Em média, atendemos por volta de 2.000 pessoas por mês. Ninguém sabe como será a volta. Imagino que em um primeiro momento haverá uma procura muito grande. E depois? As pessoas se sentirão seguras em voltar a frequentar uma barbearia?

Tenho falado com amigos que têm salão em Portugal. Por lá, a volta tem sido de 80% do movimento anterior. Por aqui, estou me preparando para uma queda de 60%, 70%. Muitos clientes me mandam mensagens pedindo para reabrir. Por enquanto, eles estão deixando o cabelo crescer, ou raspando em casa com máquina. Será que esses serão novos hábitos de beleza?”

Marinho Pinheiro, da Barbearia Cavalera: estimativa de perder 70% do movimento (Barbearia Cavalera)

 

Cacá Maluf, da Barbearia Murdock

“Os seis barbeiros que trabalham comigo estão fazendo atendimentos pontuais para clientes que moram perto, e a renda é toda para eles, claro. É a maneira que estamos encontrando para contornar a crise, de algum jeito, mas não é suficiente. Fazíamos perto de 850 atendimentos mensais no nosso salão, em Moema, São Paulo. Nossos clientes estão como eu neste momento, com o cabelo enorme.

Claro que todos temem pela saúde. Os barbeiros trabalham com o rosto muito próximo aos clientes. Se tivéssemos tido um lockdown rígido no início, talvez agora poderíamos reabrir com segurança. Mas a questão financeira é uma realidade. Se as barbearias forem autorizadas a reabrir, voltaremos, com todos os cuidados possíveis. Provavelmente teremos de nos adaptar a um movimento menor, com menos atendimentos, horários mais espaçados. Máscara e álcool em gel serão uma realidade daqui para a frente. Acabou o salão como conhecíamos até fevereiro passado.”

Barbearia Murdock: barbeiros do salão fazem atendimentos pontuais na casa dos clientes (Barbearia Murdock)

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