Desfile de alta costura da Dior em Paris, 5 de julho de 2021. (Olga Nedbaeva/AFP)
AFP
Publicado em 6 de julho de 2021 às 10h47.
Depois de apresentar seus projetos virtualmente devido à pandemia, a Dior estimulou os sentidos de quem assistiu seu desfile em um pavilhão bordado por artesãos indianos, no primeiro dia da Semana da Alta Costura em Paris.
A Dior é uma das poucas casas que voltou a realizar espetáculos presenciais nesta temporada, o que “permite compreender a coleção de uma forma mais completa, comparada com um vídeo”, explicou à AFP a italiana Maria Grazia Chiuri, criadora das coleções femininas.
As atrizes Monica Bellucci e Jessica Chastain; a diretora Nicole Garcia e a modelo britânica Cara Delevingne compareceram ao Museu Rodin, na capital francesa, para ver as criações.
A “materialidade” ou a presença do objeto guiou esta coleção rica em 'looks totais' de tweed - das botas ao chapéu - e em vestidos de noite esvoaçantes, em que as tranças e telas prendem as pregas de uma forma quase invisível.
Demorou doze dias de trabalho para fazer a costura invisível, que dá “uma leveza incrível” aos vestidos, disse Maria Grazia Chiuri.
O espetáculo aconteceu dentro de uma sala cujas paredes foram totalmente bordadas seguindo o desenho da artista francesa Eva Jospin, uma homenagem à sala de bordado indiano do Palácio Colonna, em Roma.
“Em um desfile presencial, existe uma relação muito tátil e muito física com a obra”, sublinhou Eva Jospin.
Mais de 400 cores, 150 tipos de pontos, brilho ... “Quando vemos a loucura do detalhe, percebemos que há obras que não podem ser virtuais, têm de viver”, acrescentou Jospin.
Feminista convicta, Maria Grazia Chiuri desenvolveu esse tema com sutileza. “O fim do feminismo nunca vai chegar”, afirma Chiuri, que acredita que “reivindicar o valor artístico do bordado, que é considerado uma tarefa doméstica, é uma mensagem feminista”.
A paleta da coleção dialoga com os bordados, em tons refinados de azul, rosa, verde e bege.
“As cores são naturais e atemporais”, o que reflete a ideia da estilista de que as peças da alta costura podem ser passadas de mãe para filha.
Além disso, brinca com as proporções para conseguir uma silhueta “mais contemporânea e atemporal”. E mais confortável, porque a delicadeza da cintura se consegue visualmente com jogos de volume e não com um corte justo.
O chapéu de tweed, combinando com o terno, inspira-se no anos 1960, "muito masculino", em contraste com os grandes chapéus florais que a casa Dior apostava até agora.
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