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Os checkups que podem ser feitos em um dia

Os checkups evoluíram e, em uma manhã, você consegue saber desde as chances de desenvolver um câncer até seus níveis de estresse

Joelho de esportistas (Stock.Xchange)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2012 às 11h43.

São Paulo - Se você ainda acha que fazer um checkup implica em perder dias realizando uma bateria de exames, deve ter um bom tempo que não vai ao médico. O checkup evoluiu. Por um preço fixo, hospitais e clínicas oferecem uma série de testes que você conclui em uma única manhã. Os pacotes variam entre 2 e 5 mil reais e incluem consultas com especialistas tão diferentes quanto cardiologista, nutricionista, dermatologista, fisiatra, oftalmologista, psicólogo e urologista.

Outra mudança? O atendimento é cada vez mais personalizado. A quantidade e o tipo de exames que serão prescritos baseiam-se no histórico familiar e nos hábitos relatados por cada paciente. “Atendemos as pessoas levando em conta sua etnia e genética”, diz Nelson Carvalhares, médico responsável pelo Fleury Medicina e Saúde.

A ideia de realizar uma checagem completa do corpo surgiu na década de 1950, com o programa espacial americano. Candidatos a astronauta eram testados para avaliar se teriam condições de suportar as viagens. A moda pegou e vários exames passaram a ser aplicados em homens e mulheres, procurando anormalidades. No homem, o foco estava principalmente em doenças cardiovasculares.

Hoje, o objetivo de um checkup é identificar riscos futuros e trabalhar com prevenção, além de realizar diagnósticos precoces. “O paciente ainda procura o checkup com a ideia de que, quanto mais exames fizer, mais protegido estará”, afirma Carvalhares. “Mas é preciso ter muito cuidado com quem não está doente. Há o risco de fazer mais mal do que bem. Alguns exames são invasivos ou emitem radiação, por exemplo.”

Várias doenças, como o câncer, dependem em grande parte de hábitos e fatores ambientais. Tabagismo e alcoolismo costumam funcionar como gatilhos que levam ao aparecimento de tumores. Por isso, ao marcar um checkup, o primeiro passo é preencher um formulário que inclui dados familiares e perguntas sobre seus hábitos.


Responder com sinceridade, sem aliviar excessos sobre o consumo de álcool, cigarro ou outras drogas, é essencial – mesmo que o teste faça parte do controle da sua empresa. Um contrato garante ao paciente que informações e resultados se mantenham sigilosos.

O número de empresas que bancam checkups para seus funcionários só aumenta. O que as leva a investir em prevenção e saúde é reter talentos e garantir que esses funcionários tenham qualidade de vida para produzir mais e melhor. “Empresas sabem que gastar com prevenção é mais eficaz que gastar com tratamento”, explica Danielli Hadad, médica responsável pelo checkup do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

As empresas que enviam seus funcionários para fazer checkup recebem um relatório com os problemas e riscos mais frequentes que foram identificados. “Se a maioria dos funcionários está hipertensa, por exemplo, pode ser o caso de rever a alimentação fornecida e reduzir o sal. O mesmo acontece em relação ao estresse”, diz Danielli.

Para fazer esse tipo de avaliação, um profissional que antigamente não participava dos checkups passou a ser incorporado: o psicólogo. Ele tenta identificar problemas como estresse e depressão. Combater esses quadros clínicos ajuda a prevenir o aparecimento de doenças e ameniza sintomas de quadros pré-existentes. “Um indivíduo com depressão corre mais riscos de sofrer um infarto, e uma pessoa infartada que esteja com depressão pode enfartar uma segunda vez”, diz Danielli. Para ela, aliar a saúde do corpo à saúde da mente é o melhor caminho para evitar o surgimento de doenças.

Nos últimos anos, houve também imensos avanços tecnológicos em aparelhos e exames. Segundo o cardiologista e colunista da Alfa Sérgio Timerman, a alta qualidade das imagens de certas máquinas aumenta muito a precisão dos diagnósticos. “O futuro é cada vez mais promissor”, diz.


Ele cita ainda um novo exame de sangue que conseguirá prever se o paciente corre o risco de sofrer um infarto nos próximos 15 dias. O procedimento, que mede a quantidade de células endoteliais que existem no sangue, é eficaz e pouco invasivo. Desenvolvido pelo Scripps Translational Science Institute (STSI), da Califórnia, o teste passará a ser aplicado nos Estados Unidos a partir de 2013.

No Hospital Sírio-Libanês, já se verificam geneticamente as chances de um indivíduo desenvolver um câncer. Caso tenha familiares próximos com histórico da doença, aplicam-se cálculos matemáticos para estimar o risco. Em situações de forte probabilidade, a pessoa é convidada a colher e avaliar material genético.

Atualmente, apenas os genes que indicam a incidência de certas doenças são analisados. “Dentro de cinco anos, será possível mapear todo o genoma por um preço acessível. Mais de 200 doenças poderão ser identificadas com um único exame”, diz o médico geneticista Bernardo Garicochea.

Essa nova cultura de diagnóstico pode trazer, porém, alguns questionamentos. Garicochea recomenda que se faça o mapeamento genético apenas para doenças que podem ser combatidas. Assim, ficará a critério do paciente saber se possui chances de desenvolver um mal como Alzheimer, por exemplo. Vale lembrar que exames genéticos não são bolas de cristal, eles apenas sugerem possibilidades.

“Fatores ambientais e hábitos são importantes. Alguém pode ter fortes chances de desenvolver câncer de pulmão, mas se não fuma é possível que a doença jamais se manifeste.”

Quem procura um checkup — e como estão essas pessoas

Dados do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, revelam o perfil dos brasileiros que se previnem:
44 anos é a idade média
80% trabalham como executivos em empresas
88% avaliam sua saúde como boa ou ótima
60% estão acima do peso ou são obesos
56% são sedentários ou pouco ativos
34% têm risco de estresse
22% têm médio ou alto risco de sofrer eventos cardíacos (considerando sedentarismo, obesidade etc.)
8% fumam
24% têm hipertensão ou valores pressóricos elevados
36% sofrem de acúmulo de gordura no fígado
10% têm risco de depressão
11% apresentam consumo alcoólico elevado
1% faz uso nocivo de álcool
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