Como viajar pela nova Rota da Seda, que conecta o leste da Ásia à Europa
O conjunto de caminhos antigamente lendários está ressurgindo depois de receber investimento de US$ 800 milhões
Júlia Lewgoy
Publicado em 26 de outubro de 2018 às 05h00.
Última atualização em 26 de outubro de 2018 às 05h00.
Graças a mais de um trilhão de dólares em investimentos esperados – encabeçados pela iniciativa chinesa "Um Cinturão, Uma Rota", de US$ 800 bilhões, que conecta países que vão do leste da Ásia à Europa –, a Rota da Seda está ressurgindo.
O conjunto de caminhos antigamente lendários que conectavam cidades como Kashgar, Paro e Constantinopla foi criado no começo da era comum e entrou em colapso com a queda do império mongol, no começo do século 16, mas agora está renascendo como uma rede de rodovias, ferrovias e aeroportos que conectam 65 países. Com maior segurança e mais facilidade de acesso a vistos, nunca foi tão fácil ir às cidades repletas de bazares da Ásia Central.
Para os turistas, isso abre muitos novos destinos para explorar – alguns surgidos nos desertos da noite para o dia e outros que ficaram de fora dos mapas turísticos há muito tempo. O Uzbequistão registrou um aumento de 40 por cento no turismo em relação ao ano anterior; Baku, capital do Azerbaijão, também despertou da letargia posterior à era soviética e se tornou um dos destinos turísticos de maior crescimento na Europa e na Ásia Central. O crescimento, latente há anos, agora disparou.
Segundo Jonny Bealby, fundador da empresa de viagens de luxo Wild Frontiers, a região também está surgindo como resposta a "pessoas que vão cada vez mais longe para encontrar lugares mais autênticos, menos deteriorados e menos conhecidos".
Sua empresa é apenas uma das várias operadoras de excursões – como Ker & Downey, Abercrombie & Kent e Remote Lands – que estão ajudando os turistas a transformar em realidade um sonho que virou moda de repente: percorrer a Rota da Seda. Mas fazer esse percurso de ponta a ponta pode demorar entre seis semanas e três meses. A seguir, alguns dos lugares que deveriam ser prioridade caso você não tenha tantos dias de férias.
Xi’an, China
O coração da Rota da Seda original era, indiscutivelmente, a cidade de Chang’an, hoje Xi’an, no centro da China. No século 8, era a maior cidade do mundo e a mais cosmopolita – um farol para comerciantes de todos os cantos da Ásia. Atualmente um centro de comércio internacional com 12 milhões de habitantes. Xi’an está recuperando sua antiga glória como extremo oriental da iniciativa "Um Cinturão, Uma Rota" – o que talvez não seja surpresa, sendo que é a cidade natal do presidente Xi Jinping.
Uzbequistão
As antigas cidades do Uzbequistão ainda estão notavelmente intactas – com seus monumentos ornamentados e repletos de mosaicos. Por isso, este país transborda de uma sensação fascinante de história, com seus patrimônios arquitetônicos e religiosos e uma mistura global de tradições culturais forjada ao longo de milênios.
Azerbaijão
Muitos destinos da Rota da Seda afirmam ser "o lugar onde o Oriente encontra o Ocidente", mas o Azerbaijão tem os melhores argumentos geográficos para exigir esse título. Assim como na antiguidade, o país continua sendo um lugar onde pessoas de todos os lugares convergem – embora hoje em dia seja mais provável que elas estejam extraindo petróleo ou comprando em boutiques estilosas do que comercializando mercadorias.
A capital, Baku, é um pouco parecida com Dubai, porque mistura o charme da antiguidade com a ostentação moderna. No entanto, o que provavelmente ficará guardado na sua memória são os passeios ao redor da cidade.
Norte da Grécia
Quem gosta de História vai à Grécia pensando primeiro em Zeus, em Homero e no Partenon. Mas outro motivo de fama é que o país era o ponto de partida de uma das primeiras versões da Rota da Seda, que data das conquistas de Alexandre, o Grande, no século 4 a. C.
Ainda existem lampejos desse legado no Norte, em destinos pouco visitados, como Vergina e Soufli. A nova iniciativa "Um Cinturão, Uma Rota" também está se tornando importante aqui, particularmente em Pireu, uma agitada cidade portuária desde a antiguidade. O próprio porto foi adquirido pelos chineses em 2016 e foi transformado em um dos centros marítimos mais movimentados da Europa – o tráfego de contêineres do porto mais que quadruplicou desde 2010.