Ecoturismo: aposta para Abadiânia (Divulgação/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 16h04.
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 16h37.
Como se não bastasse o mal que João de Deus infligiu a inúmeras mulheres que buscaram tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, localizada no município de Abadiânia, em Goiás, o médium legou ao município um destino trágico. Revelados os abomináveis abusos sexuais cometidos pelo goiano, preso desde 2018, desapareceram os turistas, entre eles personalidades nacionais e internacionais, todos embevecidos pelas promessas de cura de João de Deus. Para um município quase todo voltado para o turismo religioso — e com um único atrativo nesse campo — o baque não foi pequeno.
A 105 quilômetros de Goiânia e a 140 de Brasília, Abadiânia, que soma pouco mais de 20.000 habitantes, viveu do turismo religioso por cerca de 40 anos — até a derrocada do questionável líder espiritual. Até a queda dele, perto de 95% dos turistas que desembarcavam na cidade, a uma média de 4.000 por semana, diziam estar em busca do médium. A atual média de turistas? Cerca de 150 pessoas por semana. Reeleito prefeito da cidade, José Diniz, do PP, calcula que o escândalo envolvendo João de Deus motivou o fechamento de 2.000 postos de trabalho, levando 10% da população ao desemprego.
Para recuperar o turismo local, o político apostas suas fichas no lago formado pela Usina Hidrelétrica Corumbá IV, inaugurada em 2006. Parte considerável da área alagada, que permite a prática de atividades de lazer como canoagem, caiaque, stand up paddle, wakebord e jet ski, se encontra em Abadiânia. “Atualmente, nosso objetivo é depositar as energias para explorar as potencialidades do Lago Corumbá IV e consolidar o ecoturismo na cidade porque acreditamos que ele trará novas oportunidades de trabalho e renda para a população”, declarou o prefeito, que tem pavimentado a rodovia que liga a cidade ao lago.
O Escarpas Eco Parque também almeja enterrar os malfeitos do médium. Trata-se de um empreendimento imobiliário às margens do mesmo lago. Inserido num terreno de 1 milhão de metros quadrados, é voltado para residências de fim de semana e terá a marina e um clube no qual estão sendo investidos 15 milhões de reais. Parque aquático, restaurante, tirolesa, trilhas e rapel são alguns dos atrativos prometidos. A incorporadora responsável é a Tropical Urbanismo em parceria com o Grupo Ferroeste.