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Comédia de mulheres para mulheres é fuga ao conservadorismo da Índia

Nova geração de comediantes jovens, rebeldes brincam sobre seios e menstruação enquanto lidam diariamente com estupros, feminicídios e forte discriminação

Comediante se apresentando no Femapalooza, na Índia: temas como sexo e ciclo menstrual são um tabu no país (Facebook/Divulgação)
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EFE

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 13h43.

Nova Délhi - Uma nova geração de comediantes jovens, rebeldes e que falam exclusivamente de mulher para mulher, inclusive com brincadeiras sobre seios ou menstruação, são um sopro de ar fresco na conservadora Índia, onde as cidadãs lidam diariamente com estupros, feminicídios e uma forte discriminação.

Temas como sexo e ciclo menstrual são totalmente tabu no país devido ao conservadorismo e a tradições que forçam a sociedade a proibir a entrada de mulheres com idade de menstruar em certos lugares.

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Por isso, o grupo de comédia FemaPalooza é uma iniciativa que foge dos padrões na Índia. Apenas mulheres são aceitas como espectadoras nas apresentações. A intenção é criar um ambiente "diferente" no qual as comediantes possam falar "de coração" sobre qualquer assunto, explicou uma das artistas, Pavrita Shetty.

"Os homens podem não se identificar com muitas de nossas brincadeiras. No início, é muiti informação para eles. Depois, acharão graça porque não estão a par de muitas coisas das quais falamos", afirmou.

Shetty participa de uma a cada duas "noites de microfone aberto" do FemaPalooza e, das cerca de cem apresentações realizadas desde 2016, apenas uma ou outra contaram com a presença de homens. Nesses eventos ela fala sobre menstruação, seios grandes, sutiãs e das discussões que tem com a mãe.

"Não precisa perder tempo explicando o contexto, dá pra pular diretamente para a brincadeira, o que é ótimo porque todo mundo vai entender no momento em que eu disser a palavra", comentou a jovem comediante sobre os benefícios de ter um público feminino.

Segundo ela, quando as artistas estão com pessoas de seu mesmo sexo é possível alcançar um tipo de diversão "diferente", que se opõe ao estereótipo de que "as mulheres não são engraçadas".

Na opinião de Shetty, o ambiente nos shows do FemaPalooza é perfeito para as comediantes iniciantes.

"Para as novatas é um ambiente muito agradável para se começar, pois de outro modo sempre há a pressão extra de ser julgada por ser uma mulher que vem com a comédia", argumentou, consciente de que esse ambiente "seguro" causa um relaxamento "automaticamente".

A criadora da iniciativa, a também comediante Jeeya Sethi, pensa da mesma forma a respeito da diversão feminina.

"As mulheres se divertem mais quando não há homens ao redor. A gente tende a se comportar bem, sem motivos, na presença de um homem, então, para que (as espectadoras) não tenham que se comportar, não temos homens no show", comentou.

O grupo conta com comediantes de todas as idades, desde os 17 anos até mais de 40, mas a variedade entre o público é ainda maior: uma vez o espetáculo foi assistido por uma senhora de 90 anos, disse Sethi.

Ambas planejam continuar com as apresentações no FemaPalooza e em breve começarão um novo projeto que acontecerá duas vezes ao mês, quando será permitida a presença de homens, mas com um ingresso duas vezes mais caro que o das mulheres.

Nas apresentações, a criadora do grupo fala sobre TPM, educação, como é ser a filha do meio e a sensação de passar por um exame médico completo. Basicamente, qualquer situação da vida, mas sempre explorando o bom humor.

"O dia de um homem termina quando ele tira as meias. Depois, pergunto quando termina o dia de uma mulher, e um homem do público responde: 'quando chego em casa'. Os homens nem sequer sabem quando termina o dia de uma mulher. Então digo que é quando tiram o sutiã", disse a comediante entre risos. EFE

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