Cineasta segue pegadas da Operação Condor na América do Sul
Projeto tem levado cineasta em uma viagem na busca de testemunhas do plano de repressão das ditaduras militares da América do Sul durante as décadas de 70 e 80
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2014 às 09h28.
Buenos Aires - O projeto "Operação Condor, verdade inconclusa" tem levado o cineasta brasileiro Cleonildo Cruz em uma viagem na busca de testemunhas do plano de repressão das ditaduras militares da América do Sul durante as décadas de 70 e 80.
Em um documentário de 70 minutos de duração, Cruz busca "resgatar a verdade histórica" da Operação Condor, aliança político-militar entre várias ditaduras latinas, montada pelo governo chileno com o suporte dos Estados Unidos , para impedir a "invasão comunista" no continente e reprimir a oposição aos regimes.
No fim de 2013, o diretor fez uma viagem que o levou à Argentina, e o levará ao Chile, Paraguai e Peru em busca de dados sobre militantes capturados nas ditaduras militares da região.
"Estamos na fase de pesquisas, de captação de imagens, de busca por imagens de arquivo e entrevista com os familiares", relatou Cruz em entrevista à Agência Efe em Buenos Aires.
O brasileiro, que já trabalhou em cima dos arquivos da ditadura brasileira, começou a produção do documentário no Brasil com a exumação dos restos mortais do presidente João Goulart (1918-1976).
A exumação foi feita para investigar se realmente Jango teria morrido de morte natural ou se foi assassinado na cidade argentina de Mercedes, onde vivia exilado.
"No Brasil entrevistamos parentes de brasileiros desaparecidos na Argentina. Faremos o mesmo nos outros países: Chile, Bolívia, Peru, Paraguai. Todos os países do Cone Sul", adiantou Cruz.
Estes "desaparecimentos cruzados" entre países, como argentinos que foram capturados no Brasil e depois deportados para seu país de origem ou vice-versa, são algumas das provas que Cruz tem reunido.
O filme focará casos como os de Enrique Ernesto Ruggia, José Oscar Adur, Horacio Campiglia Domingo e Ismael Lorenzo Viñas, desaparecidos no Brasil, e os brasileiros desaparecidos na Argentina Daniel e Joel José de Carvalho, José Lavéchia e Víctor Carlos Ramos, entre outros.
Para o diretor, desaparecimentos como esses são "prova inequívoca que a conexão e a troca de informação já acontecia antes de 1975".
Para ele a grande importância deste filme é que "vai revelar todo esse processo entranhado das ditaduras na América Latina, que antecede a própria criação da Operação Condor".
"Mostrar os desaparecidos entre países para que a verdade não fique inconclusa para essas pessoas que não sabem o que aconteceu com seus familiares", especificou Cruz, ao defender que "todo o mundo tem o direito a enterrar seus mortos".
A Operação Condor era a coordenação dos serviços de inteligência das ditaduras do Cone Sul entre os anos 70 e 80 para a perseguição e extermínio de opositores na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e, depois, Equador.
"Vivíamos o período da Guerra Fria, com um mundo capitalista e um mundo comunista, quando vários militares eram treinados e havia uma construção ideológica passada a eles para garantir que a América Latina não se tornasse Cuba ou a União Soviética", lembrou Cruz.
Para o diretor brasileiro, esta coordenação entre os diferentes países "acontecia desde o momento da instalação de uma ditadura militar, porque tinha a ver com a influência americana na região".
Buenos Aires - O projeto "Operação Condor, verdade inconclusa" tem levado o cineasta brasileiro Cleonildo Cruz em uma viagem na busca de testemunhas do plano de repressão das ditaduras militares da América do Sul durante as décadas de 70 e 80.
Em um documentário de 70 minutos de duração, Cruz busca "resgatar a verdade histórica" da Operação Condor, aliança político-militar entre várias ditaduras latinas, montada pelo governo chileno com o suporte dos Estados Unidos , para impedir a "invasão comunista" no continente e reprimir a oposição aos regimes.
No fim de 2013, o diretor fez uma viagem que o levou à Argentina, e o levará ao Chile, Paraguai e Peru em busca de dados sobre militantes capturados nas ditaduras militares da região.
"Estamos na fase de pesquisas, de captação de imagens, de busca por imagens de arquivo e entrevista com os familiares", relatou Cruz em entrevista à Agência Efe em Buenos Aires.
O brasileiro, que já trabalhou em cima dos arquivos da ditadura brasileira, começou a produção do documentário no Brasil com a exumação dos restos mortais do presidente João Goulart (1918-1976).
A exumação foi feita para investigar se realmente Jango teria morrido de morte natural ou se foi assassinado na cidade argentina de Mercedes, onde vivia exilado.
"No Brasil entrevistamos parentes de brasileiros desaparecidos na Argentina. Faremos o mesmo nos outros países: Chile, Bolívia, Peru, Paraguai. Todos os países do Cone Sul", adiantou Cruz.
Estes "desaparecimentos cruzados" entre países, como argentinos que foram capturados no Brasil e depois deportados para seu país de origem ou vice-versa, são algumas das provas que Cruz tem reunido.
O filme focará casos como os de Enrique Ernesto Ruggia, José Oscar Adur, Horacio Campiglia Domingo e Ismael Lorenzo Viñas, desaparecidos no Brasil, e os brasileiros desaparecidos na Argentina Daniel e Joel José de Carvalho, José Lavéchia e Víctor Carlos Ramos, entre outros.
Para o diretor, desaparecimentos como esses são "prova inequívoca que a conexão e a troca de informação já acontecia antes de 1975".
Para ele a grande importância deste filme é que "vai revelar todo esse processo entranhado das ditaduras na América Latina, que antecede a própria criação da Operação Condor".
"Mostrar os desaparecidos entre países para que a verdade não fique inconclusa para essas pessoas que não sabem o que aconteceu com seus familiares", especificou Cruz, ao defender que "todo o mundo tem o direito a enterrar seus mortos".
A Operação Condor era a coordenação dos serviços de inteligência das ditaduras do Cone Sul entre os anos 70 e 80 para a perseguição e extermínio de opositores na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e, depois, Equador.
"Vivíamos o período da Guerra Fria, com um mundo capitalista e um mundo comunista, quando vários militares eram treinados e havia uma construção ideológica passada a eles para garantir que a América Latina não se tornasse Cuba ou a União Soviética", lembrou Cruz.
Para o diretor brasileiro, esta coordenação entre os diferentes países "acontecia desde o momento da instalação de uma ditadura militar, porque tinha a ver com a influência americana na região".