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Cineasta Milos Forman, diretor de "Amadeus", morre aos 86 anos

A família do cineasta informou que Forman faleceu na última sexta-feira. A causa da morte não foi divulgada

Milos Forman: cineasta recebeu o Oscar por "Um estranho no ninho" e "Amadeus" (ANDREW BURTON/Bloomberg/Bloomberg)

Milos Forman: cineasta recebeu o Oscar por "Um estranho no ninho" e "Amadeus" (ANDREW BURTON/Bloomberg/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 14 de abril de 2018 às 10h06.

São Paulo - O cineasta Milos Forman, conhecido por filmes como "Amadeus" e "Um Estranho no Ninho", pelos quais venceu o Oscar, faleceu aos 86 anos. Ele foi um dos diretores de uma onda de liberdade e protesto na Tchecoslováquia comunista dos anos 1960, antes de fugir de seu país e triunfar em Hollywood.

"Ele faleceu de modo tranquilo, cercado por sua família e pessoas mais próximas", afirmou sua esposa, Martina, de acordo com a agência de notícias tcheca CTK.

Nascido em uma família protestante na cidade de Caslav, em 18 de fevereiro de 1932, a vida do cineasta, com uma obra marcada por personagens insubmissos, foi marcada pela Segunda Guerra Mundial.

Seu pai, membro da resistência, morreu no campo de concentração nazista de Buchenwald e sua mãe faleceu em Auschwitz.

Forman recordava a última vez que viu seu pai: quando tinha sete anos e foi retirado da sala de aula para vê-lo escoltado por dois membros da Gestapo. O pai entregou um envelope para sua mãe e afirmou: "Diga que está tudo bem, que voltarei". Mas ele nunca retornou.

Três anos depois, a Gestapo entrou em sua casa enquanto Forman estava na cama.

"Minha mãe veio e me observou com medo olhos. Sabia que era a Gestapo. Depois ela desapareceu. A casa ficou em silêncio. Eu estava sozinho", recordava.

A diversão como estratégia

Este foi o primeiro episódio dramático de uma vida repleta de surpresas, como a descoberta em 1964, por meio de uma mulher que conheceu sua mãe em Auschwitz, de que seu pai biológico na realidade era um arquiteto judeu que morava no Equador.

Forman faleceu na sexta-feira, de acordo com sua família.

Nos anos 1960, Milos Forman integrou o grupo de cineastas dissidentes da Nova Onda tcheca e dirigiu três comédias clássicas: "Pedro, O Negro", "O Baile dos Bombeiros" e "Os Amores de uma Loira".

Forman, que trabalhava com atores não profissionais, contou uma vez que sua estratégia consistia em que o elenco deveria se divertir.

"O Baile dos Bombeiros" foi produzido pelo magnata italiano Carlo Ponti, mas quando assistiu a versão final o produtor se negou a pagar os 80.000 dólares prometidos (uma quantia astronômica na época) e considerou o filme uma paródia trivial.

Forman conseguiu convencer o produtor francês Claude Berri para que comprasse os direitos do filme, que permaneceu proibido na Tchecoslováquia- por ironizar a classe operária - até a queda do comunismo, em 1989.

Em agosto de 1968, poucos dias antes da repressão soviética ao movimento conhecido como Primavera de Praga, Forman deixou a Tchecoslováquia e seguiu para a França. Poucos meses depois, o diretor se mudou para os Estados Unidos, onde obteve a cidadania em 1977. Só retornou a seu país em 1983 para rodar "Amadeus", filmes sobre Mozart que venceu vários prêmios.

O primeiro filme de Forman nos Estados Unidos, "Procura Insaciável" (1971), também foi rodado com atores não profissionais, mas não conseguiu impressionar o público não europeu.

Seu filme seguinte, "Um Estranho no Ninho" (1975), protagonizado por Jack Nicholson, foi um grande sucesso de crítica e público. O longa-metragem venceu cinco estatuetas do Oscar, incluindo melhor filme e diretor.

Depois ele dirigiu o musical "Hair" (1979) e "Na Época do Ragtime" (1981).

Em 1983, Forman rodou "Amadeus" com um elenco americano em uma cidade de Praga ainda controlada pelos comunistas. O longa-metragem se tornou um clássico e recebeu 8 Oscar (de um total de 11 indicações), incluindo melhor filme e o segundo prêmio da Academia de diretor para o cineasta.

"Um diretor é um pouco de tudo, um pouco escritor, um pouco ator, um pouco editor, um pouco figurinista", disse uma vez.

Forman tambem dirigiu "Valmont - Uma História de Seduções" (1989), "O Povo Contra Larry Flynt" (1996), pelo qual também foi indicado ao Oscar, "O Mundo de Andy" (1999) e "Sombras de Goya" (2006).

O diretor foi casado com as atrizes Jana Brejchova e Vera Kresadlova, com quem teve gêmeos, Matej e Petr, antes de sair da Tchecoslováquia.

Em 1999 se casou com a roteirista Martina Zborilov, com quem também teve gêmeos, Andrew e James.

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