Catar levanta estádio 100% desmontável para Copa do Mundo
País sede do Mundial deste ano levantou sete estádios do zero, um deles, o Ras Abu Aboud, construído totalmente com estruturas provisórias
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2022 às 11h13.
Última atualização em 19 de abril de 2022 às 10h29.
Há pouco mais de sete meses para o início da Copa do Mundo da FIFA, o Catar intensifica a movimentação para desmontar os canteiros de obras que se espalharam pelo país durante o período de preparação. Foram construídos sete novos estádios, sendo o maior deles o Lusail, com capacidade para 80 mil pessoas, que sediará a final do torneio, no dia 18 de dezembro.
Ao todo, a infraestrutura esportiva do Catar contará com 8 estádios sedes, sendo que apenas um deles, o Internacional Khalifa, não foi levantado do zero. Apesar de ser bastante novo, inaugurado em 2017, o Khalifa passou por uma grande reforma, e teve suas instalações modernizadas para receber oito jogos do Mundial, incluindo a disputa do 3º lugar. Além dos estádios, o Catar construiu também um novo aeroporto, novas linhas de metrô e ampliou sua malha rodoviária.
Chama a atenção dentre os estádios construídos a presença de uma arena 100% desmontável: o Ras Abu Aboud, localizado em frente à baía de Doha. O Estádio foi construído em forma modular, utilizando vidros e cerca de 974 contêineres e tubulações. Sua estrutura comporta até 40 mil pessoas e sediará 7 partidas. Após a realização do mundial, o Ras Abu Aboud será desmontado e sua estrutura será aproveitada para a construção de várias praças esportivas no Catar.
A diretora executiva da Fast Engenharia, empresa brasileira especializada em engenharia e montagem de estrutura provisórias, Tatiana Fasolari, ressalta a ousadia do projeto catari: “Nós estivemos no Catar no ano passado visitando o Ras Aboud com nosso parceiro local, a Alutec, empresa responsável pela execução deste estádio. In loco é realmente um projeto brilhante, que ao mesmo tempo mistura materiais simples como containers, com um projeto arquitetônico arrojado”.
Com vasta experiência em montagem de eventos esportivos pela Fast Engenharia e maior empresa de overlay da América Latina, com trabalhos realizados nas Olimpíadas do Rio 2016, na Copa do Mundo do Brasil 2014, GP de Fórmula 1 de São Paulo, ATP 500 Rio Open 2019, Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires 2028, Jogos Pan-americanos de Lima 2019 e outros, Fasolari analisa a complexidade e a expertise necessária para a realização de um projeto nos moldes realizados pela organização da Copa do Mundo:
“A infraestrutura temporária em grandes eventos é a grande tendência deste século. Por ser extremamente sustentável, com a reutilização de praticamente todo material, redução de custo na construção e principalmente na manutenção pós a realização do evento. O grande desafio deste modelo de negócio e ter empresas capazes de executar estes projetos dentro dos prazos estipulados pelos comitês locais, que normalmente são extremamente curtos. A gestão e experiencia da equipe é fundamental, afinal, não podemos atrasar nem um segundo sequer. O evento tem dia e hora para começar, não é possível a modificação da data de início”.
Além de evitar os famosos e temidos “elefantes-brancos”, megaestruturas subaproveitadas e deixadas à deriva após a realização do evento, a ideia do Comitê Organizador da Copa do Mundo é deixar um legado físico a outros esportes após o encerramento do evento futebolístico, uma vez que o Ras Abu Aboud será desmontado e servirá para montagem de futuras praças esportivas. Cerca de 170 mil assentos poderão ser refeitos a partir da estrutura do estádio desmontado.
Toda essa estruturação do Catar para receber um dos maiores eventos esportivos do mundo foi entregue com aproximadamente 1 ano de antecedência. Comumente realizado no meio do ano, a 22ª edição da Copa do Mundo, no Catar, foi transferido para o final do ano (novembro), afim de garantir temperaturas mais amenas tanto para comissões técnicas e jogadores, como para torcedores e fãs de futebol que frequentarão o evento.