Bicicletas para uso livre em Nova York: nova-iorquinos e turistas já pedalaram mais de 1,5 milhão de quilômetros pela cidade com as "Citi Bikes", o maior sistema público de aluguel de bicicletas do país (REUTERS/Carlo Allegri)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2013 às 09h14.
Nova York - Os famosos táxis amarelos possuem novos companheiros nas ruas de Nova York: as bicicletas azuis que, devido a um bem-sucedido sistema de aluguel, junto à chegada do verão no hemisfério norte, invadiram as ruas de Manhattan e resgataram o saudável hábito de se locomover sobre duas rodas.
Após as primeiras quatro semanas de funcionamento, os nova-iorquinos e turistas pedalaram mais de 1,5 milhão de quilômetros por toda a cidade com as "Citi Bikes", o maior sistema público de aluguel de bicicletas do país, que, por sinal, teve uma excelente aceitação na Big Apple. O modelo em questão é similar ao adotado no Brasil, mas, nos EUA, ele é ligado ao banco Citibank e não ao Itaú (com as bicicletas na cor laranja).
Seja para ir ao trabalho, comprar pão na padaria ou, simplesmente, fazer um pouco de exercícios físicos, o programa já conta com mais de 45 mil usuários anuais e mais de 55 mil ocasionais, que optaram por adquirir passes diários ou semanais.
Em Manhattan, por exemplo, os novos ciclistas que aderiram à moda de se locomover de bicicleta estão por todos os lados, como os executivos, de terno e gravata, que seguem rumo aos seus trabalhos, além dos esportistas de moletom e dos turistas com a câmera pendurada no pescoço.
Embora a cidade sempre tenha contado com muitos adeptos das duas rodas, a facilidade para alugar uma bicicleta a transformou em uma verdadeira alternativa ao tradicional transporte público e, inclusive, aos táxis, que passaram a ser evitados por conta do característico trânsito da cidade e por seu alto custo.
"Eu adoro. Eu realmente acho que Nova York deveria se transformar em uma cidade dos ciclistas, e este programa ajuda muito a potencializar essa ideia. Hoje, as bicicletas se transformaram em uma alternativa real ao ônibus e ao metrô", afirmou Amanda, uma jovem nova-iorquina usuária da "Citi Bike".
Apesar de o preço do aluguel ser muito superior ao estipulado em outras cidades do mundo, como Londres e Paris, pois a tarifa diária de US$ 10 faz com que as bicicletas concorram diretamente com os ônibus e metrô, que custam US$ 2,50 (um bilhete simples).
George, que mora em Nova Jersey e, por causa do trabalho, precisa se deslocar diariamente a Manhattan, já fez sua escolha: "Para me movimentar pela cidade utilizo a bicicleta e gosto muito. Agora, com o bom tempo, é ainda mais agradável", disse.
Além de uma clara opção de alternativa de transporte, as bicicletas, para muitos, também representam um estilo de vida, por ser mais barata, saudável e ecológica.
Com as pedaladas da "Citi Bike" os usuários podem queimar mais de 50 milhões de calorias somente em um mês, um índice que ajuda a reforçar a luta pessoal do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, contra a obesidade.
No entanto, o fluxo de 6 mil novas bicicletas na cidade também teve sua contrapartida: o trânsito nas ciclovias e o aumento das multas aos ciclistas. Segundo dados publicados pela imprensa local, as multas aos ciclistas no bairro do Brooklyn aumentaram 81% no último mês, enquanto as regiões de Manhattan, dotadas de estações de "Citi Bike", apresentaram um aumento de 7% em relação ao último ano.
As multas, que variam entre US$ 25 e US$ 190, são aplicadas com rigor para quem, por exemplo, avançar o sinal vermelho, dirigir em direção contrária pelas ciclovias e por circular sobre a calçada.
Embora os usuários tenham acolhido o programa com entusiasmo, eles também acham que há coisas que podem ser melhoradas. "O suporte técnico não é perfeito, mas também estamos somente no primeiro mês de funcionamento. Os cartões de crédito não funcionam bem e comprar um passe pode demorar muito tempo. Espero que esses itens sejam melhorados", comentou Amanda.
Outra reivindicação que parece comum sugere a instalação de mais ciclovias e mais estações de "Citi Bike", já que, neste momento, o sistema só está operando em Manhattan abaixo da Rua 59 e, no Brooklyn, nas zonas de Brooklyn Heights, Dumbo, Fort Greene, Clinton Hill e em algumas partes de Bedford.
No entanto, algumas comunidades vizinhas de Greenwich Village e Lower East Side continuam tentando eliminar as estações de "Citi Bike" de suas ruas porque elas tornam feias algumas áreas históricas da cidade, incomodam no acesso aos edifícios e acabam com pequenos negócios de aluguel de bicicletas para turistas.
A partir de agora, só o tempo dirá se o hábito de usar a bicicleta é uma moda de verão ou, assim como ocorreu em outras cidades europeias, passará a representar um estilo de vida mais saudável e ecológico, algo mais compatível com o "glamour" que tanto caracteriza a cidade dos arranha-céus.