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Berço da Bossa Nova no RJ, Casa Villarino anuncia fechamento após 67 anos

Bar onde Tom Jobim foi apresentado a Vinicius de Moraes fica localizado no Centro do Rio e foi inaugurado em 1953

Berço da Bossa Nova no RJ, Casa Villarino anuncia fechamento após 67 anos (Facebook/Reprodução)

Berço da Bossa Nova no RJ, Casa Villarino anuncia fechamento após 67 anos (Facebook/Reprodução)

AO

Agência O Globo

Publicado em 18 de novembro de 2020 às 09h44.

Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 09h44.

Um dos berços da Bossa Nova no Rio de Janeiro suspendeu suas atividades. A Casa Villarino Bar, localizada na Rua Calógeras, no Centro do Rio, anunciou o fechamento do estabelecimento na noite de segunda-feira, dia 16, em meio à pandemia do coronavírus. Aberta em 1953, o local foi onde o jovem Tom Jobim foi apresentado a Vinicius de Moraes há 64 anos. Sentados em uma das mesas, preservada até hoje pela adminstração, eles criaram a peça "Orfeu da Conceição".

"É com grande pesar que informamos aos nossos queridos clientes e amigos a suspensão das nossas atividades no dia 16/11/2020. Nos sentimos muito honrados e orgulhosos por termos feito parte da bela história da Casa Villarino, um dos berços da Bossa Nova e ponto de encontro de intelectuais e artistas. Agradecemos a todos aqueles que nos prestigiaram com sua presença desde 1953. Continuamos com o e-mail para contato csvillarino@gmail.com e as redes sociais", disse a postagem do restaurante.

Em entrevista ao jornalista Ancelmo Gois, Stella Imai, que administra a Villarino, diz que "o Centro do Rio virou uma cidade fantasma depois da pandemia" e que não pode manter dez empregados para servir cinco, seis refeições por dia.

Berço da Bossa Nova no RJ, Casa Villarino anuncia fechamento após 67 anos

— Na parte da noite, o Centro ficou um albergue de moradores de rua — acrescentou ela, que espera que, mais tarde, consiga reabrir.

Das seis casas Villarino no Centro, só sobrou a matriz. Em entrevista ao GLOBO, em setembro de 2019, Stella afirmou que era preciso muita criatividade para tocar o negócio:

— Há o pessoal das quentinhas a R$ 10, que não tem nossos encargos nem fiscalização. A Vale e outras empresas saíram daqui. Fomos perdendo clientes. A queda chegou a 50%. Ofereço pipoca, amendoim, chocolate e caldinho nos happy hours. Já tenho 97 pratos com nomes de clientes, e coloco um por dia no cardápio. O dono do prato ou o aniversariante que leva cinco pessoas não paga. Participo de eventos, e, toda última sexta do mês, tem uma festa temática.

Quando foi criada, a Casa Villarino funcionava como uma uisqueria e só abria a partir das 18h. O local foi ponto de encontro de grandes artistas da nossa música e da época do rádio, como Ary Barroso e Elizete Cardoso. Políticos, artistas plásticos e personagens da boemia carioca eram frequentadores assíduos do bar.

O Berço da Bossa ainda mantinha a parte estrutural original da década de 1950, como o piso, fotos e registros autografados por todos os artistas, políticos e grandes nomes que ali estiveram.

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