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A quatro meses das Olimpíadas, Tóquio deve sair do estado de emergência

Queda de casos de covid-19 na cidade nas últimas semanas e a menor pressão sobre hospitais leva primeiro-ministro a propor relaxamento, providencial para a realização do aguardado evento esportivo

Moradora de Tóquio diante de cartaz dos Jogos Olímpicos (Issei Kato/Reuters)

Moradora de Tóquio diante de cartaz dos Jogos Olímpicos (Issei Kato/Reuters)

DS

Daniel Salles

Publicado em 19 de março de 2021 às 06h00.

Cerca de quatro meses separam esta sexta-feira (19) dos Jogos Olímpicos de Tóquio, originalmente marcados para o ano passado e adiados por motivos óbvios. Com tão pouco tempo pela frente – a abertura do evento está marcada para o dia 23 de julho – tudo de que o país não precisa é de um repique de casos de covid-19, como o que tem tirado o sono dos brasileiros.

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O atual estado de emergência que vigora em Tóquio desde janeiro, porém, deverá ser suspenso neste domingo. “Vou propor ao conselho consultivo a suspensão dele”, declarou, recentemente, o primeiro-ministro do país, Yoshihide Suga. A queda de casos de covid-19 na cidade nas últimas semanas e a menor pressão sobre os hospitais explicam a inclinação do governante (a decisão sobre o fim ou não da fase emergencial seria tomada numa reunião realizada há poucas horas).

Ela foi imposta, nas palavras de Suga, "devido ao sério sentimento de perigo perante a rápida expansão nacional (do vírus)". Envolveu, além de Tóquio, as províncias de Kanagawa, Saitama e Chiba, e foi prorrogada duas vezes – em outras sete regiões, também enquadradas, as restrições foram gradualmente suspensas a partir de fevereiro. Em janeiro, o Japão ultrapassou, pela primeira vez, cinco mil infecções diárias do novo coronavírus, a maioria delas em Tóquio.

Homem com máscara de proteção em frente aos anéis olímpicos em Tóquio (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

O estado de emergência japonês se traduz em restrições ao horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais considerados não essenciais e ao apelo para que os cidadãos permaneçam em casa, entre outras medidas – convém registrar que a população nipônica tem mais propensão que a brasileira para acatar decisões em prol do bem comum.

As atuais taxas de ocupação de leitos de hospitais japoneses são um tapa na cara dos brasileiros. Na segunda-feira passada (15), a de Tóquio era de 25%. A de Chiba era de 40% e a de Saitama, de 38%. Mesmo com o fim da fase emergencial – o relaxamento deve envolver Tóquio e províncias próximas –, os restaurantes e bares ainda deverão continuar fechando mais cedo, às 21h, e as aglomerações seguirão desaconselhadas.

Enquanto a sombra da pandemia não se dissipa sobre o Japão, o país corre com os preparativos para as Olimpíadas (que, segundo matéria de janeiro do jornal inglês The Times, seriam canceladas; o COI negou a notícia). O revezamento da tocha está previsto para começar no próximo dia 25 no centro de treinamento J-Village, em Fukushima. O símbolo dos jogos deverá viajar por 121 dias e os espectadores estão sendo instruídos a acompanhar de máscara os corredores, sem descuidar do distanciamento social. A equipe responsável pelo revezamento da tocha precisará testar negativo para o novo coronavírus (nas Olimpíadas, a mesma regra será imposta, obviamente, para todas as delegações estrangeiras)

"Não tem problema as pessoas assistirem na lateral das ruas, mas quando o fizerem, gostaríamos que praticassem o distanciamento social e evitassem multidões", disse o presidente-executivo da Tóquio 2020, Toshiro Muto, em uma coletiva de imprensa.

Para os próximos dias, está prometida a decisão que muita gente espera: a Olimpíada terá ou não espectadores estrangeiros? "Ainda estamos continuando com debates, e ainda não chegamos a uma decisão", disse a presidente do comitê organizador dos Jogos, Seiko Hashimoto, no dia 11 de março. Não será surpresa se os estrangeiros forem vetados. São contra a presença deles 77% dos japoneses, constatou uma sondagem realizada pelo jornal nipônico Yomiuri.

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