A inconveniência de sair do armário em Hollywood
Apesar de sua personalidade liberal, Hollywood continua sendo uma indústria na qual sair do armário não é algo isento de riscos
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2015 às 10h42.
Los Angeles - Apesar de sua personalidade liberal, Hollywood continua sendo uma indústria na qual sair do armário não é algo isento de riscos, pelo menos para a comunidade de atores que ainda hoje se expõe a que sua vida privada condicione, em alguma medida, o futuro de sua carreira.
Recentemente, Matt Damon comentou em entrevista para o jornal britânico "The Guardian" o quão inconveniente que era para os atores falar em público sobre as preferências sexuais de cada um.
Para o protagonista da saga "Bourne", quanto menos o espectador souber, melhor.
"Seja heterossexual ou gay , as pessoas não deveriam saber nada de sua sexualidade porque esse é um dos mistérios que deveria poder interpretar", disse Damon, que em 2013 interpretou um homossexual, parceiro de Michael Douglas, no telefilme de HBO "Behind the Candelabra".
Damon foi muito criticado por suas palavras, que foram interpretadas como retrógradas, e ele as justificou em termos de eficácia profissional.
"Alguém disse que eu falei que os atores homossexuais deveriam voltar ao armário. É doloroso que se afirmem coisas nas quais você não acredita", explicou Damon posteriormente no programa de Ellen Degeneres, famosa apresentadora lésbica.
Independentemente da intenção de seus comentários, estes constataram uma realidade existente em uma indústria que, desde sua criação, se mostrou incomodada com a homossexualidade de suas estrelas.
Durante décadas os estúdios velaram para evitar que fossem reveladas as inclinações sexuais de galãs e divas, temerosos de que um deslize pessoal jogasse no lixo a imagem de sedutores do sexo oposto que servia para vender filmes.
Muitas páginas foram escritas sobre a homossexualidade de Rock Hudson, Montgomery Clift e Anthony Perkins, e a bissexualidade de Cary Grant e Katharine Hepburn, que brilharam em uma época na qual a sodomia era penalizada pela lei nos Estados Unidos, e mostrar atração por pessoas do mesmo sexo era considerado uma doença mental.
Embora o movimento de direitos civis da comunidade homossexual tenha dado passos de gigante recentemente nos EUA - em junho a Corte Suprema decidiu a favor do casamento gay -, a rejeição é ainda notável em grande parte do país.
Em Hollywood, muitos decidiram sair do armário em público nos últimos anos para contribuir à aceitação social.
Jodie Foster, Zachary Quinto, Neil Patrick Harris, Jim Parsons, Wentworth Miller, Matt Bomer, Ellen Page, T.R. Knight e Luke Evans são alguns dos que falaram abertamente sobre sua homossexualidade.
Antes deles, saíram do armário Ian McKellen e George Takei, entre outros, assim como Richard Chamberlain, que fez sua revelação nas memórias que publicou em 2003.
Sete anos depois, perguntado pelo jornal "The Advocate" sobre sua decisão, Chamberlain assegurou que "não recomendaria" a um homem com aspirações de papéis protagonistas em Hollywood que saísse do armário.
"Existe ainda uma tremenda quantidade de homofobia em nossa cultura", afirmou Chamberlain.
Nessa mesma linha se expressou o ator Rupert Everett, que ao contrário de Chamberlain, revelou sua homossexualidade quando sua carreira estava decolando, na década de 1990, e viu as ofertas para fazer papéis principais desaparecerem.
"Foi um assunto enorme durante toda minha carreira", lamentou Everett em entrevista em 2014 ao jornal "The Daily Telegraph", na qual admitiu que, "até certo ponto", havia sabotado sua própria carreira.
"É difícil argumentar que (Everett) não tenha sido prejudicado por sair do armário", opinou Matt Damon.
Um sinal de que os tempos estão mudando também em Hollywood é a carreira de Luke Evans.
O ator galês acumula papéis de ação próprios dos "machos alfas", em filmes como "O Hobbit" e "Drácula: A História Desconhecida", e em breve será visto combatendo criminosos de guerra em "SAS: Red Notice".
Los Angeles - Apesar de sua personalidade liberal, Hollywood continua sendo uma indústria na qual sair do armário não é algo isento de riscos, pelo menos para a comunidade de atores que ainda hoje se expõe a que sua vida privada condicione, em alguma medida, o futuro de sua carreira.
Recentemente, Matt Damon comentou em entrevista para o jornal britânico "The Guardian" o quão inconveniente que era para os atores falar em público sobre as preferências sexuais de cada um.
Para o protagonista da saga "Bourne", quanto menos o espectador souber, melhor.
"Seja heterossexual ou gay , as pessoas não deveriam saber nada de sua sexualidade porque esse é um dos mistérios que deveria poder interpretar", disse Damon, que em 2013 interpretou um homossexual, parceiro de Michael Douglas, no telefilme de HBO "Behind the Candelabra".
Damon foi muito criticado por suas palavras, que foram interpretadas como retrógradas, e ele as justificou em termos de eficácia profissional.
"Alguém disse que eu falei que os atores homossexuais deveriam voltar ao armário. É doloroso que se afirmem coisas nas quais você não acredita", explicou Damon posteriormente no programa de Ellen Degeneres, famosa apresentadora lésbica.
Independentemente da intenção de seus comentários, estes constataram uma realidade existente em uma indústria que, desde sua criação, se mostrou incomodada com a homossexualidade de suas estrelas.
Durante décadas os estúdios velaram para evitar que fossem reveladas as inclinações sexuais de galãs e divas, temerosos de que um deslize pessoal jogasse no lixo a imagem de sedutores do sexo oposto que servia para vender filmes.
Muitas páginas foram escritas sobre a homossexualidade de Rock Hudson, Montgomery Clift e Anthony Perkins, e a bissexualidade de Cary Grant e Katharine Hepburn, que brilharam em uma época na qual a sodomia era penalizada pela lei nos Estados Unidos, e mostrar atração por pessoas do mesmo sexo era considerado uma doença mental.
Embora o movimento de direitos civis da comunidade homossexual tenha dado passos de gigante recentemente nos EUA - em junho a Corte Suprema decidiu a favor do casamento gay -, a rejeição é ainda notável em grande parte do país.
Em Hollywood, muitos decidiram sair do armário em público nos últimos anos para contribuir à aceitação social.
Jodie Foster, Zachary Quinto, Neil Patrick Harris, Jim Parsons, Wentworth Miller, Matt Bomer, Ellen Page, T.R. Knight e Luke Evans são alguns dos que falaram abertamente sobre sua homossexualidade.
Antes deles, saíram do armário Ian McKellen e George Takei, entre outros, assim como Richard Chamberlain, que fez sua revelação nas memórias que publicou em 2003.
Sete anos depois, perguntado pelo jornal "The Advocate" sobre sua decisão, Chamberlain assegurou que "não recomendaria" a um homem com aspirações de papéis protagonistas em Hollywood que saísse do armário.
"Existe ainda uma tremenda quantidade de homofobia em nossa cultura", afirmou Chamberlain.
Nessa mesma linha se expressou o ator Rupert Everett, que ao contrário de Chamberlain, revelou sua homossexualidade quando sua carreira estava decolando, na década de 1990, e viu as ofertas para fazer papéis principais desaparecerem.
"Foi um assunto enorme durante toda minha carreira", lamentou Everett em entrevista em 2014 ao jornal "The Daily Telegraph", na qual admitiu que, "até certo ponto", havia sabotado sua própria carreira.
"É difícil argumentar que (Everett) não tenha sido prejudicado por sair do armário", opinou Matt Damon.
Um sinal de que os tempos estão mudando também em Hollywood é a carreira de Luke Evans.
O ator galês acumula papéis de ação próprios dos "machos alfas", em filmes como "O Hobbit" e "Drácula: A História Desconhecida", e em breve será visto combatendo criminosos de guerra em "SAS: Red Notice".