Você sabe a diferença entre heterônimo e pseudônimo?
Professor Diogo Arrais, do Damásio Educacional, explica a diferença entre um heterônimo e um pseudônimo
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2016 às 12h15.
* Escrito por Diogo Arrais, professor de Língua Portuguesa do Damásio Educacional
Em se tratando de terapia do coração, costumo recorrer às palavras de Fernando Pessoa para viver mais.
O conhecidíssimo poema Autopsicografia aplaudo sempre:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Deveras (termo adverbial, invariável, que significa realmente, verdadeiramente, muito, em alto grau) aponta para uma das funções poéticas: fazer do lamento o êxtase; emoção; Arte.
Pessoa (1888-1935) teve a genialidade de lançar quatro heterônimos. Em vez de criar apenas pseudônimos, o escritor desenvolveu heterônimos, dando personalidade e escrita diferentes a cada um de seus personagens-autores, com os quais assinou alguns livros: Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares.
Os pseudônimos ocorrem quando escritores criam nomes diferentes para assinar seus trabalhos. Carlos Drummond de Andrade, no início da carreira, escolheu o nome Antônio Crispim. Quando escrevia críticas de cinema, adotava os pseudônimos “Mickey” ou “Gato Félix”.
José de Alencar assinava uma coluna no Diário do Rio de Janeiro com o pseudônimo IG.
Inspirado no personagem satírico Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, Sérgio Porto criou Stanislaw Ponte Preta quando trabalhava no Diário Carioca – no início dos anos 50.
Milton Fernandes, o Millôr Fernandes, já usou o pseudônimo Emanuel Vão Gogo.
Que não se confunda “pseudônimo” com “heterônimo”, já que este é a atribuição de um outro nome, imaginário, com qualidades e tendências próprias, individuais, diferentes das do criador, como muito bem fez Fernando Pessoa.
Viva a Poesia e seus encantos!
Um abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!
Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Autor Gramatical pela Editora Saraiva
* Escrito por Diogo Arrais, professor de Língua Portuguesa do Damásio Educacional
Em se tratando de terapia do coração, costumo recorrer às palavras de Fernando Pessoa para viver mais.
O conhecidíssimo poema Autopsicografia aplaudo sempre:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Deveras (termo adverbial, invariável, que significa realmente, verdadeiramente, muito, em alto grau) aponta para uma das funções poéticas: fazer do lamento o êxtase; emoção; Arte.
Pessoa (1888-1935) teve a genialidade de lançar quatro heterônimos. Em vez de criar apenas pseudônimos, o escritor desenvolveu heterônimos, dando personalidade e escrita diferentes a cada um de seus personagens-autores, com os quais assinou alguns livros: Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares.
Os pseudônimos ocorrem quando escritores criam nomes diferentes para assinar seus trabalhos. Carlos Drummond de Andrade, no início da carreira, escolheu o nome Antônio Crispim. Quando escrevia críticas de cinema, adotava os pseudônimos “Mickey” ou “Gato Félix”.
José de Alencar assinava uma coluna no Diário do Rio de Janeiro com o pseudônimo IG.
Inspirado no personagem satírico Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, Sérgio Porto criou Stanislaw Ponte Preta quando trabalhava no Diário Carioca – no início dos anos 50.
Milton Fernandes, o Millôr Fernandes, já usou o pseudônimo Emanuel Vão Gogo.
Que não se confunda “pseudônimo” com “heterônimo”, já que este é a atribuição de um outro nome, imaginário, com qualidades e tendências próprias, individuais, diferentes das do criador, como muito bem fez Fernando Pessoa.
Viva a Poesia e seus encantos!
Um abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!