Use a internet para ganhar dinheiro
Sites, blogs e Twitter trazem informações importantes para quem quer investir. Há também planilhas para controlar seus gastos e análises das melhores ações para comprar
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2013 às 15h48.
São Paulo - Os livros muito técnicos que analisam o mercado financeiro e os relatórios imensos sobre finanças pessoais já podem ficar guardados na prateleira de casa.
Hoje, a internet oferece informações úteis, rápidas e fáceis para quem quer aprender a administrar melhor as finanças e fazer o dinheiro render. “Para ter disciplina e independência financeira é fundamental ter informação, e a internet é um meio rápido e fácil para adquiri-la. Tudo está em um único universo”, diz Eduardo Jurcevic, superintendente de investimentos do Grupo Santander, em São Paulo.
No mundo virtual você pode acessar sites, blogs, ferramentas e ainda ficar de olho na conta bancária por meio dos dados disponíveis no internet banking. Tudo muito simples e rápido. A internet também permite que você acesse informações financeiras facilmente de qualquer lugar do mundo e, a partir daí, possa tomar decisões de investimento instantaneamente, sem perder tempo e dinheiro.
Uma das maiores vantagens é que o conteúdo online é atualizado frequentemente e os administradores dos portais usam recursos interativos para atrair o internauta. Você pode encontrar, por exemplo, vídeos com animações e simuladores de sonhos de consumo. O problema é saber como organizar essa avalanche de informações e achar na web aquilo que realmente procura.
Ao longo desta reportagem você vai ficar por dentro do melhor conteúdo que pode encontrar nos sites, blogs e no Twitter, indicados por 15 especialistas ouvidos pela VOCÊ S/A. E também vai saber como usar melhor cada recurso e aprender a fugir das fraudes.
Um mundo para acessar
As páginas eletrônicas disponibilizam textos, arquivos em áudio e vídeo, planilhas para controle de despesas e simuladores de financiamento, que podem ajudar você a lidar melhor com seu dinheiro.
Há conteúdos específicos para as pessoas que querem organizar o orçamento, por exemplo, e para quem está em busca de orientação específica para encontrar a melhor aplicação para a grana. “Por isso é necessário que o internauta identifique qual é o estágio de sua necessidade financeira”, diz Ricardo Rocha, professor de finanças pessoais do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em São Paulo.
Se você é um investidor novato e vai usar o homebroker, o programa que permite negociar ações pela internet, pela primeira vez, pode buscar informações no site das corretoras para auxiliar na decisão de comprar ou não a ação de uma empresa.
Mas se você está endividado e busca alternativas para usar melhor seu dinheiro, dá para navegar em um site que ofereça dicas para economizar no supermercado, ou que ensine como gastar menos na hora de comprar presentes.
No site http://www.minhaseconomias.com, depois de se cadastrar e detalhar a receita, as despesas e os investimentos, você consegue visualizar por meio de gráficos como está a sua saúde financeira. Visualizando as informações gráficas dá para identificar os gastos que mais comprometem seu orçamento.
Você também pode exportar o extrato da conta corrente para a planilha, que fica disponível na web para ser acessada de qualquer lugar. Na página http://www.consumidorconsciente.org, o internauta tem acesso a uma ferramenta que ajuda a planejar um sonho de consumo de curto ou longo prazo, como a compra de um carro novo.
Para escolher um site mais amigável e que atenda às suas necessidades, a única dica unânime dos especialistas é colocar a mão na massa. “O internauta pode testar os diferentes modelos para ver o que funciona melhor, mas vai depender também da experiência que ele tem com as ferramentas online”, diz Conrado Navarro, fundador do site Dinheirama e planejador financeiro pessoal, em São Paulo.
Quando encontrar informações conceituais e técnicas em um blog, por exemplo, os especialistas alertam que é importante confrontar o conteúdo com três ou quatro portais diferentes. “Nos blogs, a pessoa pode escrever o que quiser, por isso é importante que o internauta faça outras pesquisas para saber se a informação é ou não confiável”, diz Conrado.
Hoje é possível também fazer download de livros gratuitos na internet. No site do Tesouro Direto (www.tesouro.fazenda.gov.br), por exemplo, você consegue baixar a publicação Dívida Pública: a Experiência Brasileira e saber detalhes sobre o endividamento do país.
No mesmo site você pode aprender a fazer aplicações com títulos emitidos pelo governo federal, que têm risco baixo e boa rentabilidade. Obras de assuntos gerais podem ser acessadas no portal http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp.
Aproveite com segurança
Além de confrontar as informações de um site com outro, você precisa se dedicar para aproveitar bem todo o conteúdo online disponível no mundo virtual.
“Recomendo tratar a pesquisa na internet como um estudo e investir tempo. Acessar um site superficialmente é o mesmo que ler apenas algumas páginas de um livro”, diz Marcelo Ângulo, planejador financeiro e autor do livro SuasFinanças.com (Editora Campus/Elsevier). Para saber se um site é ou não confiável, você deve analisar a qualidade da informação e, para isso, é preciso comparar os conteúdos acessados.
Você deve ficar de olho, por exemplo, nos portais que prezam menos pela qualidade da informação e mais pela capacidade de conquistar clientes. “Alguns sites oferecem conteúdo com o objetivo de atrair leitores para, então, vender produtos e serviços”, diz Marcelo Ângulo.
Para o professor Ricardo, do Insper, o conteúdo virtual funciona como um complemento, por isso não deve ser considerado o único meio de encontrar informações financeiras. “É preciso lembrar que existe um mundo fora da web e nada substitui a leitura de um bom livro”, diz. A internet é relativamente nova e como toda novidade há quem goste e quem desgoste.
Para Rogério Bastos, sócio-diretor da consultoria FinPlan de São Paulo, é essencial que o conteúdo sobre finanças pessoais disponível na internet se dissemine entre todas as pessoas — o que ainda não aconteceu. “Muitas vezes esbarramos em uma informação por acaso e não sabemos que existe um site específico sobre o assunto.”
O grande problema, segundo ele, é que o conteúdo online das páginas eletrônicas brasileiras ainda é pouco desenvolvido para a pessoa física. “Aqui, ainda não é como o exterior, onde a maior parte dos países mantém foco no consumidor final”, diz. Mas algumas mudanças já aconteceram.
Sites com conteúdo apenas para orientar as pessoas que já tinham conhecimento financeiro começaram a desenvolver tópicos com informações básicas para quem está começando a entender o mercado.
Existem dois exemplos: o portal da BM&FBovespa (www.bmfbovespa.com.br) e o Como Investir (www.comoinvestir.com.br), da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).“Para ajudar as pessoas a planejar seus investimentos, o conteúdo online precisa ser mais amplo”, diz Ricardo Nardini, gerente de certificação da Anbima, em São Paulo.
Use o Internet Banking
Quem nunca ouviu falar no internet banking? Todo mundo, mas pouca gente sabe usar todos os recursos online. Para ter acesso ao sistema, ligue para a central do atendimento do banco do qual é cliente e peça uma senha. Depois vai ser possível acessar as informações bancárias por meio do seu computador.
Além de poder pagar as contas, você vai consultar o extrato da conta corrente, verificar a fatura do cartão de crédito e acompanhar a rentabilidade de seus investimentos. Você também pode agendar transferências, o pagamento de contas e, antes de conversar com o seu gerente sobre um financiamento, por exemplo, pode aproveitar os simuladores de empréstimo disponíveis.
Caso tenha acesso ao internet banking de outros bancos, aproveite para comparar as taxas de juros. Fique com as menores, óbvio. Na internet, você tem acesso a mais serviços que geralmente não são oferecidos nas agências bancárias. Todos os grandes bancos, como Santander, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e HSBC, têm internet banking.
No Banco do Brasil (BB), por exemplo, o internauta recebe alertas enquanto acessa o internet banking para ajudá-lo a usar com mais eficiência os produtos do banco.
“Quando vai usar o crédito rotativo do cartão de crédito, o cliente recebe um alerta de que há uma oferta de crédito com uma taxa de juro menor”, diz Hideraldo Dwight, gerente da unidade da gestão de canais do BB, em São Paulo. Os clientes do Banco do Brasil também podem pagar 2,50 reais ao mês para receber alertas, como a data de vencimento da fatura do cartão de crédito no celular.
Usar a web também pode ser mais barato. No BB, o cliente que usa a internet para aderir ao seguro do automóvel tem a vantagem de dividir o valor em 10 vezes e ainda ganha um desconto de 2,5%. Na agência o cliente só pode dividir o pagamento em até seis vezes e sem descontos.
Quem usa o autoatendimento também ganha pontos no programa de relacionamento com o banco, que podem ser trocados por passagem aérea ou prêmio. Gostou? Saiba que cada vez mais pessoas usam a internet para movimentar o dinheiro, e você não pode ficar fora dessa.
No HSBC, 36% dos clientes usam a internet, e desse montante 80% usam somente a internet, com exceção para o saque em dinheiro. Em setembro de 2006 apenas 17% usavam a web para transações financeiras, segundo Marcello Villela, diretor de canais alternativos do HSBC, porque os clientes achavam que não era seguro consultar pela web os dados financeiros.
Tinham receio de que outras pessoas pudessem acessar suas informações. “Criamos um acesso mais simplificado, sem a possibilidade de fazer transações. Com isso, o cliente está mais seguro de que o risco é zero”, diz Marcello.
Cuidados essenciais
Mesmo com todas as vantagens do internet banking, os especialistas fazem um alerta: “É importante imprimir um extrato mensalmente para ter uma garantia física das transações feitas”, diz Augusto Sabóia, especialista em finanças pessoais e fundador da Sabóia Advisors, em São Paulo.
Além disso, você deve evitar o acesso à sua conta bancária ou verificar dados confidenciais por meio de sistemas coletivos, como lan houses e cybercafés. Com o uso de programas de captação de senhas e dados, as informações podem ser acessadas por outras pessoas.
Redes Sociais
Você também pode usar as redes sociais, como o Twitter, para encontrar informações sobre o que fazer com seu dinheiro. Mas a ferramenta é só um caminho para quem busca informações mais aprofundadas. “É um facilitador para ficar por dentro das novidades, por exemplo, a divulgação de um novo relatório do banco onde você guarda seu dinheiro”, diz o professor Ricardo Rocha, do Insper.
Mas há outras utilidades. Luiz Rogé, economista e diretor executivo do site InvestCerto, que tem o conteúdo focado em opções de compra e venda de ações, usa o Twitter para se comunicar com seus 130 seguidores. Ele acompanha relatórios sobre o mercado financeiro em tempo real e expõe as novidades e estratégias que podem ser usadas por seus seguidores.
Luiz também encaminha o link do seu portal para que o internauta consiga buscar informações complementares. “É uma ferramenta para ficar por dentro das oportunidades do mercado de opções em tempo real, já que a pessoa não está todo tempo no site”, diz. Não há dúvida de que, quanto mais informação você tiver, mais fácil será definir suas estratégias financeiras e fazer seu dinheiro render.