Porto, Portugal (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2017 às 19h00.
Última atualização em 2 de março de 2017 às 19h00.
O pequeno país na “ponta” da Europa virou destino de muitos brasileiros. São vários os motivos que tornaram Portugal o queridinho da vez: o custo de vida reduzido, as vantagens de estudar em universidades europeias, o idioma similar e o clima ameno.
Tanto para graduação quanto para a pós, incluindo mestrados acadêmicos e doutorados, as instituições portuguesas são avaliadas como excelentes e apresentam facilidades para brasileiros.
Esse perfil mais amigável não surgiu à toa. Além do histórico dos dois países, que remete aos idos do Brasil colônia, as mudanças na legislação de Portugal e os acordos firmados com o governo brasileiro facilitaram o intercâmbio de estudantes. Por exemplo, com a permissão de processos seletivos alternativos que contemplassem alunos estrangeiros, esse movimento ganhou força. De 2014 para cá, mais universidades portuguesas aderiram à mudança.
Como se candidatar para estudar em Portugal
Quando se trata de graduação, o caminho mais certeiro para os alunos interessados é o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Graças às parcerias firmadas com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), algumas instituições portuguesas aceitam o resultado do teste como requisito único para admitir brasileiros. Esse movimento começou com o pontapé inicial vindo da Universidade de Coimbra, a mais antiga de Portugal, que hoje disponibiliza mais de 600 vagas para brasileiros.
“O que me chamou a atenção foi o nome e a tradição de Coimbra como um todo”, resume a paulista Fabíola Pretel, que começou a graduação em Jornalismo em Coimbra em 2015. Na época, ela conta que a possibilidade de estudar no exterior contando com a nota do ENEM pareceu uma ótima oportunidade, além dos custos baixos no país. Atualmente, diversas instituições adotaram o ENEM como porta de entrada para a graduação, como a Universidade do Algarve, a Universidade de Aveiro e o Instituto Politécnico do Porto (IPP).
Já os candidatos a mestrado e doutorado (ou “doutoramento”, como dizem os portugueses) passam por um processo diferente. Cabe ao aluno interessado reunir documentos como histórico escolar e cartas de recomendação para fazer a application – aos moldes do que acontece em outras instituições europeias. “Eles pediram meu histórico escolar, o diploma, uma carta de motivação, e, ainda, que três pessoas me recomendassem”, explica Ramon Bittencourt Mendes, que cursa o Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico na Universidade do Porto.
Ainda que muitos currículos de pós-graduação sejam oferecidos em inglês, não há exigência de testes padronizados como o TOEFL ou o IELTS na seleção inicial. No máximo, é solicitada uma declaração do candidato sobre sua proficiência no idioma. “Só que, além das aulas, as apresentações dos seminários, os debates e os artigos exigidos por disciplina devem ser todos falados e escritos em inglês”, destaca a doutoranda em Direitos Humanos nas Sociedades Contemporâneas Saskya Lopes.
Já o doutorando Jamil Farkatt enxerga, nas exigências do doutorado, uma oportunidade para trabalhar de vez o inglês. “Se você não tiver o idioma na ponta da língua, mas um currículo bom e muita vontade de aprender, consegue se desenvolver bem”, diz ele, que estuda Engenharia e Gestão Industrial na UPorto.
Cabe ao estudante, portanto, ficar atento às exigências específicas de cada instituição, disponíveis nos sites oficiais. Em casos como o da Universidade do Porto, por exemplo, cada candidato deve também enviar aos professores do departamento de interesse pedidos para orientação da tese.
Como conseguir um intercâmbio?
Para quem não pretende fazer uma etapa inteira da formação em terras portuguesas, outra opção é a do intercâmbio acadêmico. Há diversas bolsas para graduação, como as oferecidas pelo banco Santander, a exemplo das Bolsas Ibero-Americanas. Para esse tipo de programa, cabe à universidade brasileira conveniada selecionar os alunos que são elegíveis ao intercâmbio – de acordo com processos internos.
Já entidades como a Capes (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) também lançam editais para doutorados-sanduíche, que incluem um período determinado em universidades portuguesas combinados à experiência no Brasil.
Quais são os custos com anuidade?
Quando se trata de anuidade (ou “propina”, como é chamada por lá), os valores podem variar de acordo com a instituição de ensino e os acordos firmados com o Brasil. Algumas delas estabelecem valores menores para os países lusófonos, como é o caso da Universidade do Porto. Também há diferença para os níveis de formação, como é o caso dos custos para graduação e pós-graduação. Na Universidade de Coimbra, famosa por concentrar mais estudantes brasileiros, a mensalidade sai por 700 euros.
“O que eu aconselharia é tentar verificar qual a universidade na qual a sua área tem mais relevância, escolher a melhor e buscar financiamento”, opina Jamil Farkatt, que conseguiu uma bolsa Erasmus, depois de se formar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Pagar por si próprio vale a pena, também. Em comparação às universidades mais conceituadas e privadas no Brasil, uma pós-graduação aqui sai muito barata”, complementa.
Em média, a candidatura sai por 50 euros – com taxas extras para quem deseja fazer cursos que necessitem de exames de aptidão física.
Quais as vantagens, então, de estudar em Portugal?
Por um custo baixo e com um processo de candidatura simplificado, Portugal oferece uma experiência acadêmica consistente. Em outras palavras, bons professores e boas oportunidades para os alunos. Como a baiana Saskya Lopes explica, as universidades investem na internacionalização. “Há sempre a possibilidade de estar em contato com pesquisadores de todo o mundo, de conhecer a perspectiva sobre seu tema nos mais diferentes lugares, seja em palestras ou discussões no café com os colegas”, ela explica, destacando sua experiência em Coimbra.
“Portugal hoje é um país com universidades muito boas, reconhecidas lá fora. Nomeadamente, a de Lisboa e a do Porto se destacam em tecnologia”, aponta Jamil Farkatt. No caso dele, a ideia era a aproveitar a oportunidade na Europa para pesquisar energia eólica. “Temos aqui a oportunidade de trabalhar com docentes portugueses que têm experiência nos EUA, em Londres… O corpo docente português é um corpo docente top class”, resume.
*Este artigo foi originalmente publicado pelo Estudar Fora, portal da Fundação Estudar