Dá para ser sócio antes dos 30 no Pátria Investimentos
Para reter talentos, o Pátria Investimentos oferece sociedade precoce a seus profissionais
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 12h43.
São Paulo - A cena já se repetiu algumas vezes. Ao encerrar sua palestra para possíveis candidatos ao programa de estágio do Pátria Investimentos, o sócio Arthur Figueiredo Mello atende a alguns ouvintes incrédulos. "É mesmo possível virar sócio da empresa tão cedo?", perguntam os estudantes. Arthur responde que "sim" e completa: "Sou a prova viva disso".
Com cara e jeito de menino, Arthur foi convidado para se tornar sócio do Pátria em 2011, aos 29 anos. Ele entrou na gestora de investimentos pela mesma porta que alguns de seus ouvintes universitários devem ingressar.
Começou em 2004, como estagiário, um semestre antes de se formar engenheiro de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é o responsável pela gestão de 450 milhões de reais no fundo Pátria Hedge.
Quando entrou na empresa, não tinha nenhuma experiência no mercado financeiro. Ele nem sequer entendia o que os colegas falavam. Ia anotando em um caderninho alguns jargões como "vendido", "long" ou "short", para depois perguntar ao seu chefe, Thierry van Eyll, hoje líder da área de capital management do Pátria.
Já nos primeiros meses de trabalho, Arthur percebeu que teria chances de propor mudanças sem melindrar a estrutura hierárquica. Começou pelas próprias tarefas. Como estagiário, ele precisava checar diariamente os preços dos ativos do fundo gerido por seu chefe. O trabalho não levava meia hora, mas era insuportavelmente chato.
Mesmo sem ser solicitado, decidiu criar um sistema que fazia a checagem dos dados automaticamente. "Logo percebi que tinha de dar conta de minhas antigas responsabilidades mais rapidamente se quisesse ganhar novas tarefas", lembra.
A autonomia dada a Arthur foi o que também encantou outro jovem sócio do Pátria. Daniel Sorrentino, hoje com 31 anos e sócio há dois, entrou na gestora como estagiário da área de private equity em 2002. "Desde o início, tinha acesso a informações estratégicas das empresas em que investíamos e contato com as pessoas que tomavam as decisões", afirma.
Com pouco mais de um ano no Pátria, Daniel foi convidado a representar a firma no grupo Anhanguera, investimento no setor de educação que ainda hoje integra o portfólio do fundo. "Participava das decisões diretamente com o dono", afirma o executivo. O jeito curioso e a diligência para assumir novos desafios de Arthur e Daniel foram essenciais para que os dois fossem percebidos como sócios em potencial.
No Pátria, os funcionários estão cientes da possibilidade de (um dia) participar da sociedade. Também sabem que a proposta não virá pelos anos dedicados à empresa, mas por mérito e perfil empreendedor.
"Existem ótimos profissionais que não têm vocação para entrar em uma sociedade. Ser sócio exige que a pessoa aja como dono. Precisa se interessar por outras questões da organização que não apenas o resultado do seu próprio trabalho", diz Luiz Otávio Magalhães, sócio-fundador do Pátria.
Para Martha Magalhães, consultora sênior do grupo DMRH, há outra habilidade intrínseca à posição de sócio e que muita gente não percebe. O sócio serve de exemplo de comportamento para os funcionários. "Ele acaba sendo vidraça. O profissional precisa ver se deseja essa responsabilidade", afirma Martha.
No Pátria, a decisão sobre a distribuição de participações societárias é discutida entre todos os sócios. O assunto entra na pauta em reuniões realizadas entre eles todas as segundas. Para escolher um novo associado, a cúpula não leva apenas em conta a proatividade do candidato. O resultado financeiro do trabalho, sistematicamente registrado na avaliação para a participação nos lucros, tem um peso importante.
Para a empresa, o sistema de partnership (sociedade) traz algumas vantagens. A mais óbvia é a sucessão no comando e a sua continuidade após a saída dos fundadores. "Não somos eternos, mas gostaríamos que o Pátria fosse", diz Luiz Otávio, referindo-se ao desejo dele e dos outros três sócios-fundadores que constituem o comitê executivo. Além disso, oferecer sociedade funciona como um instrumento de atração e retenção.
"É uma possibilidade muito atraente para os profissionais talentosos que têm forte espírito empreendedor", diz Sérgio Lazzarini, professor do Insper, de São Paulo.
No Brasil, o sistema de partnership ficou conhecido por ter sido adotado nos anos 1990 pelo célebre banco Garantia, do empresário Jorge Paulo Lemann, hoje sócio e gestor da ABInbev. "O banco crescia muito e apostou na atração e retenção de pessoas de extremo talento por meio desse modelo", conta Sérgio Lazzarini.
O Pátria usa o sistema pelas mesmas razões. Há dez anos, a gestora administrava um fundo de 250 milhões de dólares e tinha menos de 50 pessoas. Atualmente, são geridos 10,9 bilhões de dólares e há 200 profissionais.
A participação societária compensa o alto nível de exigência, característico do mercado financeiro. "Esse é um setor que exige alto grau de energia, sacrifício de tempo e pessoas altamente capacitadas do ponto de vista acadêmico", diz Manuel Rebello, sócio e headhunter da Heidrick & Struggles, de São Paulo. Se a cobrança é muito alta, assim como os resultados, é natural que a recompensa também seja.
Formados em casa
Dos 18 atuais sócios, quatro são fundadores e somente um foi convidado a associar-se sem antes ter trabalhado no Pátria. Os outros 13 entraram no Pátria como funcionários ou mesmo como estagiários. Os sócios querem perpetuar não só a organização como também a cultura e a forma de fazer negócios. "São pessoas formadas aqui dentro", diz Luiz Otávio.
Se continuar crescendo como nos últimos dez anos, é muito provável que o número de sócios do Pátria "criados internamente" aumente. E se isso acontecer uma coisa é certa: poucos vão continuar duvidando do engenheiro com jeito de menino falando sobre a possibilidade de ser sócio antes dos 30 anos.
São Paulo - A cena já se repetiu algumas vezes. Ao encerrar sua palestra para possíveis candidatos ao programa de estágio do Pátria Investimentos, o sócio Arthur Figueiredo Mello atende a alguns ouvintes incrédulos. "É mesmo possível virar sócio da empresa tão cedo?", perguntam os estudantes. Arthur responde que "sim" e completa: "Sou a prova viva disso".
Com cara e jeito de menino, Arthur foi convidado para se tornar sócio do Pátria em 2011, aos 29 anos. Ele entrou na gestora de investimentos pela mesma porta que alguns de seus ouvintes universitários devem ingressar.
Começou em 2004, como estagiário, um semestre antes de se formar engenheiro de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é o responsável pela gestão de 450 milhões de reais no fundo Pátria Hedge.
Quando entrou na empresa, não tinha nenhuma experiência no mercado financeiro. Ele nem sequer entendia o que os colegas falavam. Ia anotando em um caderninho alguns jargões como "vendido", "long" ou "short", para depois perguntar ao seu chefe, Thierry van Eyll, hoje líder da área de capital management do Pátria.
Já nos primeiros meses de trabalho, Arthur percebeu que teria chances de propor mudanças sem melindrar a estrutura hierárquica. Começou pelas próprias tarefas. Como estagiário, ele precisava checar diariamente os preços dos ativos do fundo gerido por seu chefe. O trabalho não levava meia hora, mas era insuportavelmente chato.
Mesmo sem ser solicitado, decidiu criar um sistema que fazia a checagem dos dados automaticamente. "Logo percebi que tinha de dar conta de minhas antigas responsabilidades mais rapidamente se quisesse ganhar novas tarefas", lembra.
A autonomia dada a Arthur foi o que também encantou outro jovem sócio do Pátria. Daniel Sorrentino, hoje com 31 anos e sócio há dois, entrou na gestora como estagiário da área de private equity em 2002. "Desde o início, tinha acesso a informações estratégicas das empresas em que investíamos e contato com as pessoas que tomavam as decisões", afirma.
Com pouco mais de um ano no Pátria, Daniel foi convidado a representar a firma no grupo Anhanguera, investimento no setor de educação que ainda hoje integra o portfólio do fundo. "Participava das decisões diretamente com o dono", afirma o executivo. O jeito curioso e a diligência para assumir novos desafios de Arthur e Daniel foram essenciais para que os dois fossem percebidos como sócios em potencial.
No Pátria, os funcionários estão cientes da possibilidade de (um dia) participar da sociedade. Também sabem que a proposta não virá pelos anos dedicados à empresa, mas por mérito e perfil empreendedor.
"Existem ótimos profissionais que não têm vocação para entrar em uma sociedade. Ser sócio exige que a pessoa aja como dono. Precisa se interessar por outras questões da organização que não apenas o resultado do seu próprio trabalho", diz Luiz Otávio Magalhães, sócio-fundador do Pátria.
Para Martha Magalhães, consultora sênior do grupo DMRH, há outra habilidade intrínseca à posição de sócio e que muita gente não percebe. O sócio serve de exemplo de comportamento para os funcionários. "Ele acaba sendo vidraça. O profissional precisa ver se deseja essa responsabilidade", afirma Martha.
No Pátria, a decisão sobre a distribuição de participações societárias é discutida entre todos os sócios. O assunto entra na pauta em reuniões realizadas entre eles todas as segundas. Para escolher um novo associado, a cúpula não leva apenas em conta a proatividade do candidato. O resultado financeiro do trabalho, sistematicamente registrado na avaliação para a participação nos lucros, tem um peso importante.
Para a empresa, o sistema de partnership (sociedade) traz algumas vantagens. A mais óbvia é a sucessão no comando e a sua continuidade após a saída dos fundadores. "Não somos eternos, mas gostaríamos que o Pátria fosse", diz Luiz Otávio, referindo-se ao desejo dele e dos outros três sócios-fundadores que constituem o comitê executivo. Além disso, oferecer sociedade funciona como um instrumento de atração e retenção.
"É uma possibilidade muito atraente para os profissionais talentosos que têm forte espírito empreendedor", diz Sérgio Lazzarini, professor do Insper, de São Paulo.
No Brasil, o sistema de partnership ficou conhecido por ter sido adotado nos anos 1990 pelo célebre banco Garantia, do empresário Jorge Paulo Lemann, hoje sócio e gestor da ABInbev. "O banco crescia muito e apostou na atração e retenção de pessoas de extremo talento por meio desse modelo", conta Sérgio Lazzarini.
O Pátria usa o sistema pelas mesmas razões. Há dez anos, a gestora administrava um fundo de 250 milhões de dólares e tinha menos de 50 pessoas. Atualmente, são geridos 10,9 bilhões de dólares e há 200 profissionais.
A participação societária compensa o alto nível de exigência, característico do mercado financeiro. "Esse é um setor que exige alto grau de energia, sacrifício de tempo e pessoas altamente capacitadas do ponto de vista acadêmico", diz Manuel Rebello, sócio e headhunter da Heidrick & Struggles, de São Paulo. Se a cobrança é muito alta, assim como os resultados, é natural que a recompensa também seja.
Formados em casa
Dos 18 atuais sócios, quatro são fundadores e somente um foi convidado a associar-se sem antes ter trabalhado no Pátria. Os outros 13 entraram no Pátria como funcionários ou mesmo como estagiários. Os sócios querem perpetuar não só a organização como também a cultura e a forma de fazer negócios. "São pessoas formadas aqui dentro", diz Luiz Otávio.
Se continuar crescendo como nos últimos dez anos, é muito provável que o número de sócios do Pátria "criados internamente" aumente. E se isso acontecer uma coisa é certa: poucos vão continuar duvidando do engenheiro com jeito de menino falando sobre a possibilidade de ser sócio antes dos 30 anos.