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O impacto da troca de presidentes no início do ano

Mais de 20 companhias no Brasil trocaram seu comando nos primeiros meses do ano. Quais as consequências desse movimento para o líder de RH

TIM BRASIL: Quem saiu, Andrea Mangoni | Quem entrou: Rodrigo Modesto de Abreu (Divulgação)

TIM BRASIL: Quem saiu, Andrea Mangoni | Quem entrou: Rodrigo Modesto de Abreu (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2013 às 16h46.

São Paulo - Pode até ser que, para o brasileiro típico, um novo ano esteja começando agora, em março, mas certamente esse não é o caso de quem ocupa uma posição no alto escalão de uma companhia. Para esses executivos, o início de cada ano representa um período-chave.

É quando os resultados do exercício anterior são apurados, se define o orçamento do próximo período, se avalia o cumprimento das metas e são estabelecidos os projetos para o futuro. Não por acaso, esse clima de “vida nova” muitas vezes termina com mudanças mais profundas no rumo das empresas.

“Não é uma regra, mas também não é raro que os acionistas das companhias aproveitem exatamente o começo do ano para substituir o número 1 das operações”, diz Marcelo de Lucca, diretor da consultoria Page Executive, especializada em recrutamento de executivos.

É mais ou menos isso que tem acontecido em 2013. A consultoria Challenger, Gray & Christmas, dos Estados Unidos, contabilizou em janeiro o maior volume de substituição de presidentes dos últimos 12 meses. No Brasil, a cadeira mais alta de mais de 20 grandes companhias mudou de dono do início do ano para cá, segundo um levantamento feito pela VOCÊ RH.

Há muitas razões para esse movimento. Certas empresas, como a Nissan, trocam de presidente a cada três ou quatro anos como uma política da casa — Christian Meunier, presidente da Nissan no Brasil até janeiro, deixou o país para assumir a operação canadense da empresa.

Os casos mais emblemáticos, no entanto, são aqueles em que a substituição é motivada por resultados insatisfatórios. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Stanford com mais de 3 000 CEOs descobriu que, nos primeiros cinco anos de mandato, os presidentes das companhias com os piores resultados tinham 42% mais risco de ser substituídos do que os outros.

Em maior ou menor grau, isso se repete em todo lugar. “Começamos 2012 projetando que o PIB brasileiro cresceria 4% e terminamos com um avanço de menos de 1%, mas os resultados esperados pelos acionistas não acompanharam essa mudança”, afirma Rodrigo Soares, da consultoria Hays. “Por isso, muitas companhias optaram por reestruturar os times de executivos, ainda que nem tudo tenha dependido diretamente da atuação do presidente.”

Uma mudança no topo pode ter o impacto de uma bomba nos outros níveis hierárquicos. “As diretorias imediatamente abaixo do CEO tendem a ser fortemente abaladas pela saída dele”, diz  a professora Clara Linhares, da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais. Por “abalo”, entenda-se a possibilidade de novas demissões.


Pesquisas mostram que em países como Inglaterra e Alemanha a força de trabalho das empresas pode encolher até 5% nos três anos seguintes à troca de presidente. Em momentos de transição, as diretorias de RH acabam ganhando relevância. “As áreas de RH são, em geral, as únicas com capilaridade para alcançar todos os funcionários”, lembra De Lucca. Cabe a elas, portanto, disseminar as informações sobre os novos rumos da companhia.

É nisso que Frank Araújo, diretor de RH do Grupo Galvão, tem se empenhado nas últimas semanas. A empresa de saneamento do grupo, a CAB Ambiental, operadora de sistemas de água e esgoto de cidades do Nordeste ao Sul do país, trocou de presidente em janeiro.

Saiu o engenheiro Yves Besse e assumiu Mário Galvão, vice-presidente da empresa. Até o fim de 2012, a empresa, que já havia feito uma tentativa frustrada de abrir o capital na bolsa de valores em 2011, procurava novos sócios no mercado, com o objetivo de ter recursos para investir em novas concessões.

Acabou não encontrando ninguém disposto a pagar quanto os acionistas pretendiam e, por isso, decidiu se concentrar apenas em desenvolver os projetos que já estavam na carteira.

O desafio do diretor de RH, agora, é fazer essa informação circular da maneira mais precisa possível dentro da empresa. Araújo tem visitado cada operação da CAB Ambiental para explicar aos líderes locais os impactos da nova estratégia, que, segundo ele, não prevê cortes de pessoal.

Para Araújo, o processo de troca de presidente incluiu um facilitador que Odair Castro não teve. Castro é gerente de RH da filial brasileira da MSD Saúde Animal, uma unidade do grupo americano Merck. Seu presidente, Vilson Simon, foi promovido a líder global de operações comerciais da empresa neste ano e, em seu lugar, entrou Edival Santos, até então alocado na unidade espanhola da companhia.

Ao contrário de Araújo, que já conhecia o novo presidente da CAB, Castro nunca havia trabalhado com Santos. Sua principal função nessas primeiras semanas com o novo presidente tem sido ajudá-lo a entender o desenho da estrutura de pessoal da empresa. Para ele, a troca de presidente representou uma chance de se voltar efetivamente para as atividades atribuídas à área de RH, que são adequar os talentos à estrutura e à estratégia da companhia. 

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