Março de 2018: Moro comete erro básico de português durante entrevista
Em entrevista no programa Roda Viva, o juiz federal tropeçou numa regra de português que é simples, mas pega muita gente. O professor Diogo Arrais explica
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2018 às 13h52.
Última atualização em 21 de janeiro de 2020 às 07h52.
Durante a entrevista do juiz Sérgio Moro no programa Roda Viva, da TV Cultura, tive a curiosidade de separar um trecho dito por ele:
"...mas havia todo um anseio da população para que houvessem reformas legislativas que incrementassem a eficiência do sistema em relação a esse tipo de criminalidade."
Como se sabe, o "haver", quando utilizado como impessoal, deve concordar na 3ª pessoa do singular. Isso ocorre porque o verbo não tem sujeito, ou seja, alguém que execute a ação. É "haver" no sentido de "existir". Vejamos:
"Havia inúmeros protestos no Brasil."
"Se houvesse reformas legislativas, o sistema seria eficiente."
"...para que houvesse reformas legislativas no Brasil."
Além disso, caso esteja em locução verbal (conjunto de dois ou mais verbos), também fica invariável o auxiliar do verbo haver impessoal:
"Deveria haver inúmeros protestos na Petrobras."
"Há de haver novas leis contra a lavagem de dinheiro."
"Pode haver, ali, desvio de verba."
Ainda sobre um trecho da fala do eminente doutor Sérgio Moro, chama-me atenção o uso de "todo um". Apesar de ser mais comum a combinação entre "todo" e o artigo definido (indicando a totalidade de algo), é possível encontrarmos sim o artigo indefinido.
Expõe assim Evanildo Bechara, em pesquisa:
"Desaparece, naturalmente, a vacilação quando, em vez do artigo definido, aparecer o indefinido um, pois aí todo um denota inteiro, total: todo um dia (a par de um dia todo), toda uma cidade, construção, aliás, sem razão, rejeitada por puristas intransigentes."
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Diogo Arrais - @diogoarrais
Canal MesmaLíngua
Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Professor de Língua Portuguesa