Demissão: 78% desses executivos eventualmente chegou ao cargo de CEO (Pattanaphong Khuankaew / EyeEm/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 26 de novembro de 2018 às 15h00.
Última atualização em 26 de novembro de 2018 às 15h00.
Não há dúvidas de que ser demitido é um baque. Mas o que pesquisadores descobriram é que, a longo prazo, pode ser algo positivo para a carreira. Porém, ficar parado depois da demissão não é o segredo: algumas atitudes são cruciais para que a experiência traga bons frutos.
Um estudo de 10 anos da consultoria de liderança ghSMART com mais de 2.600 líderes mostrou que 45% deles havia sofrido pelo menos um grande obstáculo na carreira, como ser demitido, estragar um negócio importante ou uma aquisição. Apesar disso, 78% desses executivos eventualmente chegou ao cargo de CEO.
“O que descobrimos é que ser demitido não tem, necessariamente, efeitos catastróficos nos prospectos de líderes. Também descobrimos que os líderes podem fazer algumas coisas específicas para garantir que esse grande revés não se torne um assassino de carreira.”
As descobertas foram minuciadas pelos estudiosos em artigo na revista Harvard Business Review. Confira as principais.
Entre os principais possíveis benefícios de ser demitido, o estudo evidenciou sinais de que a experiência – quando lidada da forma certa – pode fortalecer o profissional para futuras posições.
“Quando o processo de entrevista incluía avaliadores terceirizados contratados pelos empregadores para evitar erros de contratação, 33% dos executivos que haviam sido demitidos anteriormente eram recomendados para contratação – em comparação com 27% dos candidatos que nunca foram demitidos”, destacam os autores da pesquisa.
Executivos que foram dispensados também tinham maior probabilidade de receber uma forte recomendação de “não contratar” do que aqueles que nunca foram demitidos (46% vs. 36%). Essa segunda parte do resultado indica que o motivo da demissão e a forma com a experiência foi processada pode sim afetar o potencial de carreira.
Além da pesquisa ter demonstrado que ser demitido pode ser negativo a longo prazo, não faltam exemplos reais disso. A diferença, segundo os estudiosos, está em algumas atitudes (ou tipos de atitudes) tomadas depois do fato. Eles compilaram as principais.
#1: “Eles encararam os fatos… sem vergonha.”
Aqueles que apontam para fatores externos ou culpam os outros pelas falhas não se saem tão bem. “Nossos dados mostram que os candidatos que culparam os outros reduziram em um terço suas chances de serem recomendados para contratação”, afirmam os estudiosos.
Profissionais fortes admitem seus erros e descrevem o que aprenderam e como ajustaram seu comportamento e tomada de decisão para minimizar as chances de cometer os mesmos no futuro. “Ter vários tipos diferentes de blowups de carreira não atrapalha. Repetir o mesmo blowup repetidamente, sim.”
Não só admitem seus erros, fazem isso sem culpa ou vergonha. Executivos que viam seus erros como fracassos foram 50% menos bem-sucedidos do que aqueles que adotaram uma abordagem mais orientada para o aprendizado ou crescimento. Assumir a responsabilidade sem vergonha permitiu que esses executivos se mostrassem agradáveis e confiantes no processo de entrevista.
A capacidade de assumir responsabilidade permite, também, que a pessoa tome atitudes – e não espere as circunstâncias mudarem. O Na Prática tem uma matéria especificamente sobre o chamado locus de controle; confira aqui.
#2: “Eles se apoiaram na rede profissional para conseguir o próximo trabalho.”
Outra descoberta é que os candidatos eram duas vezes mais propensos a encontrar um emprego através da rede profissional do que através de recrutadores ou rede pessoal (59% contra 28%). “[…] o suporte mais poderoso vem dos que viram os resultados que você pode oferecer com base na experiência de trabalho direta com você”, explicam os estudiosos.
“Encontrar proativamente ex-chefes, colegas, clientes ou colegas para os quais você já fez entregas antes antes prova-se mais proveitoso do que jogar golfe com amigos da universidade ou ‘dinamitar’ seu currículo para o mundo do recrutamento – embora os mais ansiosos façam os três.
#3: “Eles confiaram em suas experiências.”
Cerca de 94% dos que conseguiram um novo emprego dentro de seis meses tinham experiência anterior na indústria em que se recolocaram.
“O conselho mais importante, tanto para aqueles que querem se recuperar quanto para os que querem evitar serem demitidos: escolha empregos no centro das suas habilidades e motivações.”
Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar.