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"Segundo Sol": Novela da Globo irrita profissionais de relações públicas

Personagem do ator Chay Suede disse trabalhar como relações-públicas, mas atuava como garoto de programa. Conselho pede esclarecimentos à emissora

Ícaro, personagem interpretado por Chay Suede na novela da Globo, Segundo Sol (Globo/Reprodução)

Ícaro, personagem interpretado por Chay Suede na novela da Globo, Segundo Sol (Globo/Reprodução)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 31 de maio de 2018 às 13h28.

Última atualização em 31 de maio de 2018 às 13h47.

São Paulo - Mentira tem perna curta e, se os personagens da novela da Globo "Segundo Sol" soubessem mais sobre a profissão de Relações Públicas, Ícaro teria sido descoberto no ato.

Para despistar a irmã, o personagem (interpretado por Chay Suede) falou que havia conseguido um emprego como relações-públicas, quando na verdade estava se prostituindo.

O problema é que ele nunca se formou em um curso universitário, o que incomodou os profissionais da área, já que o curso é obrigatório para exercer a profissão.

A mentira de Ícaro caiu por terra logo depois - spoiler: sua irmã o seguiu até a casa de sua cafetina -, mas esse episódio ainda não acabou para o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp).

Após receber diversas reclamações de associados, o conselho publicou uma nota em que pede que o autor da novela, João Emanuel Carneiro, esclareça nos próximos capítulos o que "de fato faz um profissional formado em relações públicas".

"Apesar de compreendermos que a novela da Rede Globo, Segundo Sol, se tratar de uma obra de ficção, mas cientes do impacto da emissora na formação da opinião pública, o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – Conferp – ressalta que a profissão de Relações Públicas é regulamentada pela Lei 5.377, de 11 de dezembro de 1967, e que somente podem exercê-la profissionais com nível superior e registrados no respectivo conselho regional", diz a nota.

Coaching

Não é a primeira polêmica com uma profissão causada por novelas da Globo. Cenas de “O outro lado do paraíso” levantaram questionamentos entre psicólogos e profissionais de coaching, quando foi sugerido que uma vítima de abuso fosse tratada por uma coach com sessões de hipnose.

O Conselho Federal de Psicologia chegou a criticar a novela e afirmou que a cena presta um “desserviço à população brasileira”.

Leia a nota do Conferp na íntegra:

NOTA SOBRE A MENÇÃO DA PROFISSÃO DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA NOVELA SEGUNDO SOL

Apesar de compreendermos que a novela da Rede Globo, Segundo Sol, se tratar de uma obra de ficção, mas cientes do impacto da emissora na formação da opinião pública, o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – Conferp – ressalta que a profissão de Relações Públicas é regulamentada pela Lei 5.377, de 11 de dezembro de 1967, e que somente podem exercê-la profissionais com nível superior e registrados no respectivo conselho regional.

Hoje (29/05), o Conferp recebeu várias manifestações de profissionais registrados expressando o seu descontentamento com a cena que foi ao ar nessa segunda-feira, 28 de maio de 2018, onde o personagem Ícaro (Chay Suede) diz para sua irmã Manuela (Luisa Arraes) que é relações-públicas. Por entendermos a grande responsabilidade desta emissora na transmissão de informações corretas, solicitamos que o autor João Emanuel Carneiro possa deixar claro, nos próximos capítulos, o que de fato faz o profissional formado em relações públicas.

O Conferp esclarece que o relações-públicas é o profissional responsável pela gestão da comunicação nas organizações públicas, privadas e do terceiro setor, por meio do estabelecimento de políticas, estratégias e instrumentos de comunicação e relacionamento. Realiza atividades de pesquisa e análise, de assessoria e consultoria, de planejamento e de divulgação, podendo ser também um empreendedor da área para diversos segmentos.

Entre as atividades desenvolvidas pelo profissional estão planejamento, coordenação, ações, controle e aconselhamento – da gestão relacional e comunicacional da instituição frente às demandas da sociedade e dos públicos, entre eles os empregados, a comunidade, a imprensa, os acionistas, as organizações não governamentais, os investidores e os governos. São responsáveis pela gestão da comunicação organizacional,  comunicação interna e institucional; assessoria de imprensa, gerenciamento de crise, pesquisa de opinião e de imagem, ombudsman, cerimonial e eventos, entre outras atividades que envolvem gestão e construção de relacionamentos.

No cenário social, político e institucional que vivemos atualmente no Brasil, propenso a crises, controvérsias e conflitos, se torna necessário o conhecimento sobre os princípios da atividade profissional de Relações Públicas: a comunicação e as relações pautadas na transparência, voltadas ao interesse público e dos públicos; em um ambiente onde os posicionamentos de organizações privadas, públicas e da sociedade civil estejam respaldas no compromisso, diálogo e confiança.

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