Carreira

Entre os veterinários, sai o jaleco e entra o paletó

Com o aquecimento do agronegócio e do mercado de animais de companhia, veterinários ganham novas oportunidades de carreira executiva

Christian Pereira, da Royal Canin: “A graduação é muito técnica, achei que precisava desenvolver meu lado empresarial” (Camila Fontana / VOCÊ S/A)

Christian Pereira, da Royal Canin: “A graduação é muito técnica, achei que precisava desenvolver meu lado empresarial” (Camila Fontana / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2014 às 13h36.

São Paulo - Esqueça a imagem de um veterinário vestido de jaleco branco num consultório ou cuidando de bois e cavalos em uma fazenda.

Muita gente está trocando esse figurino por camisa e paletó nos escritórios de grandes empresas. No Brasil, os negócios relacionados à saúde e à produção animal estão aquecidos — o que cria uma série de oportunidades para médicos-veterinários e zootecnistas fora da área clínica.

Um dos exemplos mais claros é a área de produção de proteína animal. A venda de carne produzida no Brasil vem movimentando cifras mais altas a cada ano. Em 2013, as exportações do produto chegaram a 6,6 bilhões de dólares, valor 14% acima do registrado no ano anterior.

E 2014 deverá ser marcado por novo recorde: segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, neste ano as exportações de carne bovina devem superar os 8 bilhões de dólares.

Mercados com cenário tão positivo naturalmente acabam abrindo novas possibilidades profissionais. Um dos que resolveram aproveitar essas oportunidades foi o veterinário Milton Ribeiro, de 37 anos, há um ano e meio no posto de gerente de exportação do Marfrig, segundo maior produtor de carne do Brasil.

Na gerência, ele coordena toda a negociação comercial com clientes de outros países. “É um cargo incomum para veterinários, até mesmo para os que optam pela vida corporativa”, diz Milton.

Outro setor que vem gerando oportunidades de carreira executiva para veterinários é o de produtos para animais de estimação. Em 2013, os donos dos mais de 40 milhões de cães e gatos brasileiros — segundo maior mercado de animais de companhia do mundo — gastaram mais de 14 bilhões de reais com seus bichinhos, valor 7% maior do que o movimentado no ano anterior.

O aumento do faturamento vem fazendo esse setor se profissionalizar e tem promovido o surgimento de grandes redes, como a Pet Center. No ano passado, essas megalojas responderam por 4,2% do faturamento do varejo pet — número considerado elevado, uma vez que esse conceito é relativamente recente no país.

A cirurgiã-veterinária Valéria Pires Corrêa, de 46 anos, é uma das que se beneficiam do bom momento do setor. Há três anos no posto de diretora técnica da rede Pet Center Marginal, em São Paulo, ela é a responsável por administrar os negócios relacionados ao atendimento animal, como cuidados veterinários, higiene, beleza e venda de filhotes.

“Desde que assumi essa função, não pisei mais em um consultório, mas consigo multiplicar a forma que considero ideal para atender nossos pacientes”, diz ela.Para as empresas do setor, a vantagem de contratar executivos oriundos da área de saúde animal é seu grande conhecimento técnico.

“Nossos clientes também são veterinários. Então, ter esse conhecimento na hora da negociação é muito importante”, afirma Mauri Moreira, diretor da Elanco, empresa global de saúde animal.

De acordo com o site de empregos Catho, enquanto o salário médio de um veterinário em início de carreira é de 2 300 reais, a remuneração daqueles que optam pela vida corporativa supera desde o início os 4 000 reais. Para aproveitar essas oportunidades, alguns veterinários têm buscado complementar a formação.

“A graduação é muito técnica, achei que precisava desenvolver meu lado empresarial”, afirma o veterinário paulistano Christian Pereira, de 40 anos, diretor de marketing da Royal Canin, que também cursou administração.

Com o segundo diploma em mãos, ele buscou trabalhar em empresas de outros setores, como Arcor e Kraft, e ampliou sua experiência em marketing antes de retornar para o segmento animal. “Trabalhar em outros mercados foi muito importante para ver que realmente gostava da vida corporativa”, diz Christian. 

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