A experiência de trainee ainda rende vantagens, como grande exposição do profissional às lideranças da empresa. (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 17h22.
Participar de um programa de trainee é uma das melhores formas de um jovem profissional garantir uma carreira acelerada rumo a um posto de liderança numa grande empresa. De fato, ao sair de um programa do gênero, mesmo que não assuma imediatamente um cargo de gerente, o trainee costuma iniciar suas atividades como coordenador ou analista pleno.
No caso de um colega recém-formado que não teve a oportunidade de passar por um treinamento semelhante, o cargo inicial costuma ser de analista júnior. E mais: se um ex-trainee leva em média dois anos para chegar até a gerência, para uma pessoa que entrou na companhia pelas vias convencionais esse mesmo trajeto costuma demorar mais do que o dobro do tempo — cerca de cinco anos.
A diferença na evolução da carreira dos dois profissionais é determinada por alguns fatores. "A primeira grande vantagem do trainee é ter passado por uma seleção bastante criteriosa, na qual os valores e a atitude correta já foram filtrados", afirma Danilo Castro, diretor da Page Personnel.
Como se não bastasse, durante o período de um a três anos — dependendo da empresa — o jovem é capacitado especificamente para exercer o papel de líder e, ao longo do rodízio pelos diversos departamentos, tem a oportunidade de adquirir uma visão global do negócio.
Mas essas vantagens não garantem por si só uma trajetória de sucesso. "O calcanhar de aquiles dos trainees é a falta de um conhecimento mais profundo das áreas por onde passaram", diz Danilo.
"O trainee precisa ter muito jogo de cintura e maturidade comportamental para aprender com os demais e minimizar as lacunas técnicas que ele tiver." Para os profissionais que fazem carreira pela via convencional, o conhecimento pleno dos processos em determinada área pode representar um ganho de tempo na busca de uma promoção.
A experiência de trainee ainda rende outras vantagens, como grande exposição do profissional às lideranças da empresa. “O maior acesso aos gestores e o rodízio pelos diversos departamentos rendem uma rede de contatos poderosa", diz Fábia Barros, gerente da área de jovens profissionais da consultoria Across.
Para compensar essa desvantagem, a pessoa que não passou por esse tipo de programa tem de ter uma atitude ainda mais ativa, criando situações para aumentar sua exposição e ter o conhecimento de outras áreas do negócio — participar de projetos que envolvam vários setores da companhia ou se oferecer para coordenar essas atividades. "Quem não é visto não é lembrado", diz Fábia Barros.
Outra diferença entre a carreira de um ex-trainee e a dos demais profissionais é que os últimos tendem a ganhar tempo na progressão de cargos, mudando mais vezes de empresa. Essa estratégia pode aumentar a visibilidade do profissional no mercado, aumentar sua bagagem de conhecimentos sobre o negócio e acelerar as promoções.
Por isso, os consultores são unânimes em dizer que a vantagem comparativa dos trainees pesa mais no início da carreira. À medida que o tempo passa, o impulso inicial dado pelo programa perde relevância diante dos resultados concretos que cada um apresenta. “Por isso é importante o ex-trainee não se acomodar nem depositar na empresa a responsabilidade pelo desenvolvimento dele.
A carreira não vai progredir automaticamente só por ter participado do treinamento”, diz a gerente da área de jovens profissionais da Across. Para que a carreira não perca o embalo proporcionado pelo trainee, o conselho final é que o jovem conte com a ajuda de um coach.
"Não precisa ser alguém contratado para isso, mas um profissional mais velho em quem o ex-trainee confie e que possa ser um apoiador da carreira dele, orientando e ajudando a criar e aproveitar as oportunidades", diz Danilo Castro.