Professor de português se impressiona com este erro persistente
Em sua coluna, o professor Diogo Arrais explica como muitos usam errado uma estrutura comum da língua portuguesa
Luísa Granato
Publicado em 28 de abril de 2020 às 15h30.
Última atualização em 28 de abril de 2020 às 15h30.
É impressionante como, até hoje, muita gente costuma usar a palavra “ mesmo ” com função pronominal. Exemplo:
“Verifique se está levando consigo todos os seus objetos, pois os mesmos podem ter se deslocado durante a viagem.”
Usar “os mesmos” assim não. É deselegante! Napoleão Mendes de Almeida, em seu Dicionário de Questões Vernáculas, expõe:
Erro muito frequente é o emprego do demonstrativo mesmo com função pronominal em construções como estas: “...nova ortografia, visto que os trabalhos serão corrigidos pela mesma.”
O recurso elegante é usar palavras que possam funcionar como pronomes. Em uma sugestiva construção: “...nova ortografia, visto por ESTA deverem os trabalhos ser corrigidos.”
Um outro caminho está no uso dos pronomes do caso reto, tipicamente os responsáveis pela conjugação verbal e pelo sujeito:
“Verifique se está levando consigo todos os seus objetos, pois ELES podem ter se deslocado durante a viagem.”
A palavra MESMO é essencialmente classificada como adjetivo; significa de igual identidade, exatamente igual a outro:
“Aquelas aeromoças usam o mesmo uniforme até hoje.”
Pode, também, o termo indicar a reflexividade:
“...vestindo-se a si mesmo.”
No dia a dia da escrita corporativa e dos processos seletivos, é frequente a aparição de MESMO como conjunção concessiva, sinônimo de “ainda que”, “embora”:
“Mesmo triste, continuou o trabalho.”
Por fim, há também a classificação adverbial: “o salário do trabalhador comprovou mesmo a inflação.”
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DIOGO ARRAIS
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Professor de Língua Portuguesa