Carreira

Por que as pessoas fogem de você em eventos profissionais

Confira oito posturas e micos mais comuns na hora de fazer networking; aprenda como domá-los

Ansiedade, falta de bom senso ou confusão do sentido de networking estão por trás dos principais micos em eventos de negócios (SXC/Divulgação)

Ansiedade, falta de bom senso ou confusão do sentido de networking estão por trás dos principais micos em eventos de negócios (SXC/Divulgação)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 23 de junho de 2011 às 21h05.

São Paulo – Com o bolso repleto de cartões de visitas, é hora de partir para um evento profissional. Meta: Conhecer mais gente, aumentar sua rede de contatos e, se os ventos forem bons, até descolar uma oportunidade interessante de carreira.

Mas na empolgação de cumprir essa meta, muita gente pode atropelar o bom senso e cometer os piores micos em eventos profissionais.

Para que você não vire o espantalho do congresso, palestra ou jantar de negócios, EXAME.com listou as sete posturas mais vergonhosas em eventos desse tipo.

1. Distribuir camisetas com sua foto

Ou simplesmente exagerar no narcisismo. “Conheci uma pessoa que foi capa em uma revista de negócios”, lembra Othamar Gama Filho, sócio-diretor da consultoria Recruiters. “Ele ficou tão feliz com isso que reimprimiu a imagem da capa no verso do cartão de visitas dele”.

Não é necessário ir tão longe para atropelar a boa medida de marketing pessoal. Há quem aterrisse em eventos de negócios com o currículo inteiro na ponta da língua com a ideia fixa de que, para fazer um bom networking, é preciso repetir, como um mantra, cada um dos seus feitos passados.

“Nessas horas, você sempre tem a impressão de que está na frente de pessoas grandiosas. É incrível”, afirma Anderson Cavalcante, autor do livro “O que realmente importa?” (Editora Gente).

O foco, nesses momentos, de acordo com ele, é gerar interesse no outro. E qual a melhor forma para fazer isso? Segundo Gama, interessando-se principalmente por aquilo que o outro tem a dizer.


2. Ver o mundo inteiro como uma potencial máquina de dinheiro

Nessa de ter vista apenas aos próprios interesses, muitos acabam transformando os momentos reservados para networking em uma espécie de feira de frutas ou mercado municipal de luxo.


“Ela quer vender de tudo para você”, diz Cavalcante. “A pessoa não tem a sensibilidade de que por trás do CNPJ que o profissional representa está um ser humano”.

3.  Transformar o encontro em um show de stand up

Senso de humor afiado pode ser um excelente recurso para quebrar o gelo das primeiras frases de um diálogo. Mas deve ser usado com moderação e – principalmente – bom senso. Ou seja, sinal vermelho para qualquer piada constrangedora.

“Todos temos grupos de relacionamento com diferentes propósitos. Temos um grupo de amigos para sair e falar besteira, outro para ligar quando temos algum problema pessoal e aqueles com quem queremos fechar negócios”, diz Cavalcante. “Você precisa ver em que grupo você quer estar”.

Gama lembra que, certa vez, um conhecido abordou o presidente de uma grande empresa estrangeira com o típico hábito de homens brasileiros de comentar sobre mulheres – frisando que no evento a amostra não era tão boa.

“O problema é que a mulher do CEO estava ao lado ouvindo tudo”, lembra. Conclusão: credibilidade e bom senso zero para o Don Juan em questão.

4. Transformar o encontro em um ringue

Entrar em assuntos polêmicos ou dar respostas enviesadas também contribuem para que as pessoas mantenham distâ de outras em eventos de networking.

“Há também o chamado ‘sincericídio’, o suicídio via sinceridade”, brinca Gama, da Recruiters. “Cada pessoa têm seu nível de sensibilidade. O segredo é deixá-las falar”.

5. Dar palestra


A insegurança de tocar em pontos mais, digamos, leves conduz muitos profissionais por aí a bancarem os chatos do encontro. Sabe aquele tipo de pessoa que só fala sobre assuntos técnicos ou que transforma um diálogo em uma monótona palestra? Então.



Se esse aspecto é seu calcanhar de Aquiles, a dica é investir em repertório para além do seu trabalho. E, principalmente, aprender a se interessar genuinamente pelas pessoas ao seu redor.

6. Focar (apenas) nos peixes grandes

Com a meta de sair do evento com uma porção de contratos fechados, há quem mire apenas nos profissionais que têm algum poder de decisão na companhia em questão. Eis mais um deslize épico para a coleção.

Mais um deslize épico para a coleção. Além de contribuir para o achatamento da sua rede de contatos, essa postura pode indicar falta de visão estratégica e tato para negócios – combinação explosiva para qualquer carreira.

7. Não ter um foco claro

No extremo oposto estão aqueles que querem conhecer cada alma vivente que estiver no evento em questão. Pulam de uma roda de conversa para outra, não aprofundam nenhum relacionamento ou distribuem cartões para Deus e o mundo.

“É o típico tagarela que quer ser o centro das atenções”, diz Othamar. A consequência? Potenciais contatos profissionais a quilômetros de distância.

“Em eventos assim o ideal é ser qualitativo”, diz Cavalcante. “Mesmo que você conheça apenas uma pessoa, mas de tal forma que possa ligar para ela no outro dia, acredite o evento terá valido a pena”.

8. Ser 'linguarudo'

Outro recurso para incentivar a aproximação, mas que pode virar um belo tiro no pé é o hábito de fofocar ou falar mal do emprego ou de pessoas ligadas a ele.

Atenção redobrada se seu impulso é não ter papas na língua. Contar segredos empresariais ou elencar os atributos negativos do seu chefe apenas contribui para que outros profissionais queiram manter-se longe de você no futuro - para não entrar em roubadas, óbvio.

9. Não interpretar os sinais

Estruturalmente, a construção de uma rede de contatos profissionais se assemelha aos jogos de sedução em relacionamentos pessoais. E como tal, fazer um bom networking pressupõe a habilidade para interpretar sinais.

Em outras palavras, você precisa estar atento a todo contexto em questão: a maneira como a pessoa em questão gesticula, fala ou se porta, quem está ao redor, qual o clima de momento.

Enfim, uma porção de fatores que exigem, antes de tudo, um passeio para além de si. Aqui cabem perfeitamente os versos de Vinícius de Morais em Berimbau: “Quem de dentro de si não sai. Vai morrer sem amar ninguém”.

A ideia de networking não está ligada apenas ao crescimento da sua lista de contatos profissionais, mas também para uma expansão dos seus próprios horizontes. “É uma questão de ritmo”, diz Gama.

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