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Por que seu chefe quer medir seu ritmo cardíaco no trabalho

Empresas estão instalando sistemas de monitoramento que usam aparelhos de vestir com sensores biológicos visando melhorar o desempenho corporativo

Escritório: novas ferramentas ajudam a vincular o comportamento humano e informações psicológicas ao desempenho corporativo (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2015 às 21h50.

O futuro do ambiente de trabalho altamente produtivo está sendo moldado por trás de portas fechadas, com a discrição garantida por contratos de confidencialidade.

No Reino Unido , hedge funds, bancos, call centers e firmas de consultoria estão instalando sistemas de monitoramento que vinculam aparelhos de vestir com sensores biológicos a ferramentas de análise antes reservadas aos atletas de elite.

“Não há um time de esporte competitivo do mundo que não adote o monitoramento analítico de ponta com os atletas em campo, fora de campo, em casa, enquanto eles dormem, enquanto eles comem”, disse Chris Brauer, diretor de inovação da Goldsmiths, Universidade de Londres.

“O ambiente de trabalho está caminhando para esse modelo”.

As novas ferramentas ajudam a vincular o comportamento humano e informações psicológicas ao desempenho corporativo. Trata-se de uma ruptura com as estratégias comuns da tecnologia de vestir, que tendem a enfocar a eficiência operacional ou a segurança.

O poder das novas ferramentas está sendo avaliado de forma privada, em parte para evitar as acusações de comportamento invasivo, em parte porque quem está realizando os testes acredita que isso lhes confere uma vantagem competitiva.

‘Otimização humana’

“Sim, isso já está acontecendo, começando por alguns dos maiores hedge funds”, disse John Coates, um neurocientista de Cambridge e ex-trader do Goldman Sachs que está trabalhando ativamente com as empresas para relacionar os sinais biológicos ao sucesso do trading.

Sua pesquisa acadêmica enfoca a compreensão dos motores psicológicos das preferências de risco.

“Antes se considerava que a maioria das coisas que se aprende na faculdade de Administração era pura atividade cognitiva e que, se você não estivesse se saindo bem, era porque precisava de informações melhores ou de treinamento psicológico”, disse ele.

No entanto, a ciência está começando a mostrar que alguns hormônios – inclusive esteroides e testosterona produzidos naturalmente – aumentam a autoconfiança e nos levam a assumir mais riscos. Por sua vez, os hormônios do estresse, como cortisol, geram o efeito contrário.

Coates disse que está trabalhando com três ou quatro hedge funds para implementar um sistema de alerta precoce. “Muitos gerentes inteligentes acham que seus algoritmos já chegaram ao limite. O próximo passo é a otimização humana”.

Monitores do estilo de vida

O comportamento fora do ambiente de trabalho também interfere no desempenho – como exercícios, sono, alimentação e consumo de bebidas alcoólicas e de cafeína.

A Peak Health trabalha com liderança de alto potencial dentro de organizações financeiras para ligar os pontos entre a saúde e o desempenho.

O fundador Dan Zelezinski trabalhou com pessoas do Goldman Sachs, do Bank of America e de diversos hedge funds. Ele dá aos clientes aparelhos de vestir que monitoram a fisiologia do estresse e registram um diário de atividades.

“Indivíduos com alto poder aquisitivo, gerentes de carteira e donos de organizações relativas à compra de serviços de investimento estão buscando algum tipo de diferencial”, explica ele. Os “benefícios mais fáceis” tendem a estar relacionados com a recuperação – comer bem e ter um sono de qualidade.

“Muito disso é intuitivo, mas você só sabe quando vê os dados”, disse Jason Rabinowitz, um consultor que usou os serviços de Zelezinski no Goldman Sachs. Contudo, como destaca Zelezinski, ainda há uma grande brecha entre o desempenho físico e os lucros e prejuízos. “Talvez seja possível descobrir algumas correlações, mas é difícil monitorar”.

‘Progressão natural’

John Coates concorda: “O verdadeiro problema é processar os sinais: ter um conhecimento profundo de como a fisiologia está interferindo no desempenho. Não há muita gente que se dedique a essa investigação. Como vincular os dados obtidos com perguntas como ‘eu deveria estar no trading hoje?’?”.

Mesmo sem essas perguntas, há implicações evidentes, em relação à moral e à privacidade, que precisam ser levadas em consideração.

Chris Brauer acredita que o debate sobre a privacidade vai desaparecer quando as pessoas perceberem o potencial desse tipo de análise do desempenho humano.

“As pessoas altamente empreendedoras são muito competitivas com elas mesmas e com os outros. Portanto, possibilitar que elas monitorem quando estão mais produtivas, concentradas e satisfeitas vai ajudá-las a entender as condições em que elas têm o melhor desempenho”, disse ele.

“A ideia de que você pode se amplificar com as tecnologias vai se tornar absolutamente comum, vai ser uma progressão natural”.

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O futuro do ambiente de trabalho altamente produtivo está sendo moldado por trás de portas fechadas, com a discrição garantida por contratos de confidencialidade.

No Reino Unido , hedge funds, bancos, call centers e firmas de consultoria estão instalando sistemas de monitoramento que vinculam aparelhos de vestir com sensores biológicos a ferramentas de análise antes reservadas aos atletas de elite.

“Não há um time de esporte competitivo do mundo que não adote o monitoramento analítico de ponta com os atletas em campo, fora de campo, em casa, enquanto eles dormem, enquanto eles comem”, disse Chris Brauer, diretor de inovação da Goldsmiths, Universidade de Londres.

“O ambiente de trabalho está caminhando para esse modelo”.

As novas ferramentas ajudam a vincular o comportamento humano e informações psicológicas ao desempenho corporativo. Trata-se de uma ruptura com as estratégias comuns da tecnologia de vestir, que tendem a enfocar a eficiência operacional ou a segurança.

O poder das novas ferramentas está sendo avaliado de forma privada, em parte para evitar as acusações de comportamento invasivo, em parte porque quem está realizando os testes acredita que isso lhes confere uma vantagem competitiva.

‘Otimização humana’

“Sim, isso já está acontecendo, começando por alguns dos maiores hedge funds”, disse John Coates, um neurocientista de Cambridge e ex-trader do Goldman Sachs que está trabalhando ativamente com as empresas para relacionar os sinais biológicos ao sucesso do trading.

Sua pesquisa acadêmica enfoca a compreensão dos motores psicológicos das preferências de risco.

“Antes se considerava que a maioria das coisas que se aprende na faculdade de Administração era pura atividade cognitiva e que, se você não estivesse se saindo bem, era porque precisava de informações melhores ou de treinamento psicológico”, disse ele.

No entanto, a ciência está começando a mostrar que alguns hormônios – inclusive esteroides e testosterona produzidos naturalmente – aumentam a autoconfiança e nos levam a assumir mais riscos. Por sua vez, os hormônios do estresse, como cortisol, geram o efeito contrário.

Coates disse que está trabalhando com três ou quatro hedge funds para implementar um sistema de alerta precoce. “Muitos gerentes inteligentes acham que seus algoritmos já chegaram ao limite. O próximo passo é a otimização humana”.

Monitores do estilo de vida

O comportamento fora do ambiente de trabalho também interfere no desempenho – como exercícios, sono, alimentação e consumo de bebidas alcoólicas e de cafeína.

A Peak Health trabalha com liderança de alto potencial dentro de organizações financeiras para ligar os pontos entre a saúde e o desempenho.

O fundador Dan Zelezinski trabalhou com pessoas do Goldman Sachs, do Bank of America e de diversos hedge funds. Ele dá aos clientes aparelhos de vestir que monitoram a fisiologia do estresse e registram um diário de atividades.

“Indivíduos com alto poder aquisitivo, gerentes de carteira e donos de organizações relativas à compra de serviços de investimento estão buscando algum tipo de diferencial”, explica ele. Os “benefícios mais fáceis” tendem a estar relacionados com a recuperação – comer bem e ter um sono de qualidade.

“Muito disso é intuitivo, mas você só sabe quando vê os dados”, disse Jason Rabinowitz, um consultor que usou os serviços de Zelezinski no Goldman Sachs. Contudo, como destaca Zelezinski, ainda há uma grande brecha entre o desempenho físico e os lucros e prejuízos. “Talvez seja possível descobrir algumas correlações, mas é difícil monitorar”.

‘Progressão natural’

John Coates concorda: “O verdadeiro problema é processar os sinais: ter um conhecimento profundo de como a fisiologia está interferindo no desempenho. Não há muita gente que se dedique a essa investigação. Como vincular os dados obtidos com perguntas como ‘eu deveria estar no trading hoje?’?”.

Mesmo sem essas perguntas, há implicações evidentes, em relação à moral e à privacidade, que precisam ser levadas em consideração.

Chris Brauer acredita que o debate sobre a privacidade vai desaparecer quando as pessoas perceberem o potencial desse tipo de análise do desempenho humano.

“As pessoas altamente empreendedoras são muito competitivas com elas mesmas e com os outros. Portanto, possibilitar que elas monitorem quando estão mais produtivas, concentradas e satisfeitas vai ajudá-las a entender as condições em que elas têm o melhor desempenho”, disse ele.

“A ideia de que você pode se amplificar com as tecnologias vai se tornar absolutamente comum, vai ser uma progressão natural”.

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