Sede do Nubank: são 500 funcionários e 100 são engenheiros (Nubank/Divulgação)
Camila Pati
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 28 de setembro de 2017 às 14h38.
São Paulo – “O engenheiro é o cara que vai ajudar a gente a solucionar problema. Quanto mais engenheiros a gente tiver, mais efetivos seremos em nosso posicionamento de mercado”. A frase é de Daniela Belisário, diretora de RH do Nubank, onde mais de um quinto dos funcionários (são 500 ao todo) são engenheiros desenvolvedores de software.
“A gente pensa na área de engenharia não como um custo mas realmente como nossa capacidade produtiva. Somos um banco mas um banco feito com tecnologia”, diz Edward Wible, cofundador e CTO do Nubank.
Levando-se em conta que toda área de atendimento do banco é interna, dá para perceber o peso dos profissionais e tecnologia na empresa. “Além dos engenheiros que compõem essa parte bem crítica, a gente tem aqui também a função de gerente de produto, que ajuda diariamente esses profissionais. Então de fato é um grupo enorme, uma infraestrutura toda funcionando para que entregas sejam consistentes”, diz Daniela.
Por isso, a diretora de RH não hesita em dizer que profissionais da área de programação e engenharia de software estão sempre sendo avaliados. Em agosto foram oito novas contratações e o ritmo deve aumentar. Ainda que a empresa não tenha atingido o lucro, a receita total de 236,8 milhões de reais de janeiro a julho indica melhora significativa de resultado: crescimento de 167,5%, ou seja, uma receita maior que 2016 inteiro.
“Nosso papel é estar sempre com esse pipeline ativo conhecendo boas pessoas, testando as pessoas, testando a capacidade de solução de problemas que elas têm, a qualidade do código de programação que geram”, diz a diretora.
Aqui há permanentemente vagas para engenheiros, garante o CTO. Ele explica que isso é possível porque a área de engenharia não tem limite orçamentário para contratação. “A única coisa que temos que pensar é se estamos crescendo saudavelmente”, diz ele. Interessados podem conferir o mural de oportunidades no site de carreiras do Nubank .
Mas, abundância de vagas para engenheiro de software não significa absolutamente facilidade de conquista da oportunidade. Não é um cargo simples de ser preenchido e o processo seletivo leva uns 50 dias, da triagem de currículo até a tomada de decisão sobre a contratação.
Depois de selecionado o currículo, o candidato é entrevistado por telefone, momento em que tem a chance de mostrar se está alinhado à cultura da empresa e convidado a fazer um exercício em que terá que desenvolver um código em uma semana.
“Queremos entender qual o raciocínio que ele usa no desenvolvimento, como que ele opera com a linguagem de programação que a gente usa e qual a sua autonomia sobre aquilo”, diz Daniela. É possível tirar dúvidas com o time de engenheiros durante o processo.
Na fase de correção do exercício, o candidato vai ao Nubank e explica para a equipe de engenheiros como ele fez e recebe o feedback. “Damos a oportunidade para ele falar, explicamos que temos um jeito de desenvolver, mas estamos abertos a entender se ele tiver outro”, diz Daniela.
Se aprovado, o profissional é chamado para fazer pareamento, quando senta ao lado de um engenheiro do Nubank é trabalha em conjunto com ele durante um tempo. “Depois a gente estuda uma proposta adequada para o profissional, dado o grau de complexidade e autonomia que no exercício de desenvolvimento daquela solução”, diz a diretora de RH.
A formação em engenharia da computação, ou ciências da computação e cursos correlatos vai obviamente ajudar, mas para fins de conhecimento. Titulação acadêmica vale bem menos do que a capacidade de programar.
“Tem médico na equipe de engenharia, tem músico”, diz Daniela. Por isso mais do que o curso X ou Y ou faculdade A ou B, para conseguir a vaga é preciso mostrar potencial no trabalho de programação.
O Nubank tem por política não divulgar o salário de seus funcionários, mas, segundo Daniela, os valores informados por usuários da plataforma Love Mondays são uma boa referência do pacote de remuneração dos engenheiros. Com base em 17 informações de salário informadas por usuários do site, a média é de 10.921 reais/mês.
É uma equipe diversa em áreas de formação e também em nacionalidades. Americanos, canadenses, indianos, europeus são algumas das 26 nacionalidades representadas no quadro de funcionários.
Não é à toa que os funcionários brasileiros que conversaram com EXAME não economizam no uso de expressões em inglês. De acordo com Daniela assim como os brasileiros são incentivados a falar inglês, os gringos também são fortemente estimulados a se expressarem em português.
Wible, dono do mais alto cargo na área de engenharia de software que é o de CTO, é um exemplo. Falando muito bem português ele explica que a empresa oferece possibilidade de carreira em Y e, com isso, há engenheiros de software que ganham muito mais do que a média de mercado para escrever códigos.
“Há uma carreira para alguém que é técnico. A gente não força o técnico a virar gerente para continuar a crescer na carreira. Não é todo mundo que quer gerenciar pessoas, isso é algo que demanda outras competências”, diz Wible.
Em inglês, squad é esquadrão e é esse o jeito de se trabalhar no Nubank. Os profissionais são divididos em pequenos times multifuncionais (os squads) que têm autonomia, mas o apoio de um líder técnico, que ajuda no desenvolvimento dos membros da equipe.
No Nubank nada é fixo, e os squad surgem ou se diluem na medida da necessidade da empresa. Um time pode ser criado para desenvolver um novo produto e quando cumprir sua missão ser diluído para a operação e sua equipe realocada.
Em um mesmo time trabalham engenheiros, analista de negócio, profissional de atendimento, gerente de produto. As equipes trabalham de forma independente. “ Isso dá agilidade para que as coisas sejam desenvolvidas no ritmo que a gente precisa”, diz Daniela.
Na carreira de engenheiro de software no Nubank existem basicamente três níveis, membro de squad, líder técnico e CTO. “As pessoas rapidamente atingem um patamar de produtividade alta por conta dessa mecânica porque percebem a relevância dentro daquele projeto”, diz a diretora de RH.
Os funcionários são incentivados a buscar feedback constantemente dentro de seus times e. ao longo do ano, o profissional tem duas reuniões para discutir formalmente performance, aumento de salário e promoção a líder técnico.
Mas a diretora de RH avisa que para a remuneração ser revista há que se demonstrar resultados consistentes. “A régua para o time é alta”, diz. No Nubank são atualmente 13 líderes técnicos e todos são “cria” da casa, ou seja, promovidos internamente.