Exame Logo

Por que este empreendedor bilionário virou motorista da Uber

Aos 53 anos, o cofundador do site de viagens Kayak e professor do MIT, Paul English, decidiu se dedicar a uma nova atividade

Usuário pede carro da Uber: English explica que uma série de fatores o levaram à curiosa empreitada (Adam Berry/Getty Images)

Maurício Grego

Publicado em 10 de junho de 2016 às 15h00.

São Paulo – Aos 53 anos, o cofundador do site de viagens Kayak e professor da escola de negócios do MIT , Paul English, decidiu respirar novos ares.

Após vender sua plataforma online por 1,8 bilhão de dólares (equivalente a 6,1 bilhões de reais em valores atuais), o empreendedor serial passou a dedicar algumas horas de sua semana a uma curiosa atividade: ser condutor da Uber.

Em entrevista ao site da revista Inc, English explica que uma série de fatores o levaram à curiosa empreitada. Em primeiro lugar, ele notou que 90% dos compromissos de sua agenda eram com profissionais de tecnologia ou de organizações sem fins lucrativos. Era preciso “expandir o seu círculo”.

Em segundo – e o mais importante –, dirigir para a Uber seria uma oportunidade de entender como os profissionais deste serviço são avaliados. Não se trata, obviamente, de pura curiosidade. Acontece que a nova startup de English, a Lola, irá operar por uma lógica semelhante, conectando viajantes a agentes de viagem.

Um sucesso?

English iniciou seu novo hobby em grande estilo, logo após sair de uma festa de Halloween. Fantasiado de vampiro, o bilionário logo ganhou a simpatia dos clientes.

Sem oferecer doces e outros “mimos” – costume de boa parte dos motoristas do app –, ele criou o hábito de escrever uma frase sobre cada passageiro em seu notebook.

Quando perguntam sobre sua profissão, o empresário se limita a dizer que é engenheiro. Uma única vez, porém, diante de uma menina de 13 anos cujo sonho era estudar no MIT, ele não resistiu e contou-lhe sobre seu cargo na instituição.

“Ela não acreditou em mim e perguntou: por que você está dirigindo esse carro se dá aula no MIT? Eu respondi que tenho várias vidas”, brincou.

Mas, afinal, como o cofundador do Kayak se saiu como motorista? Ao que tudo indica, muito bem. O empresário ostenta a nota 4,97, quase a máxima permitida pelo aplicativo. “Eu apenas me pergunto: quem não me deu 5 estrelas? O que será que eu fiz de errado?”


Andar nos carros da Uber em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília é uma realidade, por mais que os taxistas e as prefeituras sejam contra a atuação da empresa. O serviço disponível no Brasil é o UberBlack, que se diferencia dos taxistas por uma série de razões e oferece algumas comodidades para o passageiro.No mundo, os motoristas da Uber realizam mais de 1 milhão de viagens por dia em 300 cidades de 58 países diferentes. Os dados são referentes ao primeiro semestre de 2015.Confira a seguir os prós e contras do serviço prestado na capital paulista.
  • 2. Carros de alto padrão

    2 /11(Divulgação)

  • Veja também

    Para ser motorista da Uber, os veículos precisam ser sedãs, normalmente pretos, com no máximo três anos, além de ter ar condicionado (sempre ligado) e bancos de couro. Os carros mais usuais são Toyota Corolla, Ford Fusion, Volkswagen Jetta, entre outros. Os automóveis contam com água e balas ou bom-bons que são oferecidos gratuitamente aos passageiros pelo condutor."Chegamos ao ponto onde o cliente nos chamou, descemos e abrimos a porta. Essas pessoas querem ser atendidas de forma melhor e os clientes da Uber estão felizes com o serviço", afirmou a INFO um motorista que preferiu não ter o nome revelado.A redação já viajou com carros da Uber diversas vezes e a experiência foi oferecida conforme o informado.
  • 3. Pagamento Automático

    3 /11(USP Imagens)

  • O pagamento da corrida não envolve dinheiro vivo ou uso de máquina de cartão. O usuário cadastra o número do cartão de crédito e o valor do transporte é cobrado no final da viagem sem que seja necessário fazer qualquer procedimento. "Todo o pagamento é feito por meio do cartão de crédito, por isso não é necessário dinheiro e nem deixar gorjetas", segundo a Uber Brasil."É mais prático para mim e para o cliente, é tudo automático, tudo moderno", declarou um dos condutores parcerios da empresa. "A gente ajuda a desafogar o trânsito."Ao chegar ao seu destino, o usuário pode escolher avaliar ou não o motorista para gerar dados para outros clientes.
  • 4. Preço

    4 /11(Reprodução)

    Em São Paulo viajar de Uber custa, no mínimo, R$ 10. A tarifa base é de 5 reais e são cobrados R$ 0,40 por minuto rodado e R$ 2,42 por quilômetro percorrido. Os valores mudam nas outras cidades, o valor mínimo continua o mesmo. No Rio, a tarifa base é de R$ 5, o minuto custa R$ 0,30 e o quilômetro sai por R$ 2,20. Em Belo Horizonte os valores passam para, respectivamente, R$ 4,50, R$ 0,30 e 2,17, enquanto que em Brasília eles são de R$ 4,00, R$ 0,25 e R$ 1,75.
  • 5. Reajuste do valor da corridas

    5 /11(Reprodução)

    Os motoristas da Uber são orientados a utilizar o aplicativo gratuito Waze, que conduz o usuário por meio de rotas com trânsito livre e oferecem horário previsto de chegada.
  • 6. Achados e perdidos

    6 /11(Agência Brasil)

    No site da Uber, há um recurso para informar a empresa que você perdeu algo em um dos carros dos motoristas parceiros. A companhia contata o condutor que atendeu o usuário em questão e pede que o item esquecido seja levado ao cliente.
  • 7. Pode demorar

    7 /11(Reprodução)

    Há menos motoristas da Uber do que táxis em cidades como São Paulo e Rio. Por isso, o tempo de chegada do veículo pode ser maior, dependendo do horário e da região. Aliás, caso você cancele a chamada do carro depois de um período de 10 minutos, a Uber te cobrará 10 reais, mesmo que você não tenha feito corrida alguma. Outra desvantagem no quesito tempo é que os táxis podem transitar em faixas de ônibus em determinados horários.
  • 8. Segurança

    8 /11(USP Imagens)

    Antes de aprovar um motorista, é feita uma checagem de antecedentes nas esferas federal e estadual para verificar a idoneidade do aplicante. Além disso, o profissional precisa possuir carteira de motorista com licença para exercer atividade remunerada (EAR) e é exigido ainda que o veículo tenha seguro que cubra o passageiro e o motorista.
  • 9. "God View"

    9 /11(Divulgação)

    Segundo uma reportagem do Buzzfeed, monitorar os usuários do aplicativo é uma prática comum dentro da Uber. A jornalista do site estava a caminho do escritório da empresa e, ao chegar, foi recebida pelo executivo Josh Mohrer que a recebeu dizendo: "Aí está você. Eu estava seguindo você", enquanto mostrava a ela um iPhone em sua mão.Dois ex-funcionários da Uber disseram que esse rastreamento é comum e tem até nome: "God View", ou Visão de Deus, em tradução livre.Entretanto, a empresa garante que os motoristas não sabem a localização do usuário até aceitar a viagem. Só então é possível saber quem é o passageiro e sua localização.
  • 10. Motoristas

    10 /11(Divulgação)

    A companhia não emprega nenhum motorista e não é dona de nenhum carro. A Uber reforça que os motoristas parceiros não são taxistas, mas, sim, condutores particulares com veículos de luxo. É esse ponto que causa problemas legais com as prefeituras, o que nos leva ao próximo item.
  • 11. Legalidade do serviço

    11 /11(Divulgação/Divulgação)

    A Uber alega que "não é ilegal". Ela diz oferecer "uma plataforma tecnológica para que motoristas parceiros aumentem seus rendimentos e para que usuários encontrem motoristas confiáveis e desfrutem de viagens seguras". A Prefeitura de São Paulo já tentou tirar a Uber do ar por conta da Lei 12.468/2011, cujo 2º artigo é o seguinte: "É atividade privativa dos profissionais taxistas a utilização de veículo automotor, próprio ou de terceiros, para o transporte público individual remunerado de passageiros, cuja capacidade será de, no máximo, 7 (sete) passageiros" . Gisele Arantes, especialista em direito digital e sócia do Assis e Mendes, corrobora com a posição da Prefeitura dizendo que o aplicativo é ilegal e fere a lei da mobilidade urbana. Alguns carros prestando serviço à empresa chegaram a ser apreendidos por realizar transportes de passageiros sem a autorização necessária. A Uber, por outro lado, alega que a legislação local é desatualizada. A empresa também enfrenta processos de taxistas, que se dizem prejudicados por conta da ausência de um preço diferenciado para o atendimento noturo de passageiros. De acordo com dados da Associação dos Taxistas, desde a chegada da Uber ao Brasil, em meados de 2014, houve uma queda de 30% no atedimento a corridas noturnas. "Os motoristas que trabalham à noite já sentem o impacto do Uber em suas corridas, já que muitos passageiros têm utilizado o app para ir e voltar das baladas", afirma Eder Wilson de Sousa da Luz, diretor da associação. Ainda segundo esse levantamento, os taxistas paulistanos perdem por dia 1 000 corridas, em média. A Uber também enfrenta uma investigação do Ministério Público de Federal quanto a uma suposta concorrência desleal com os taxistas. Ou seja, nos próximos meses, muitas coisas podem mudar para os clientes e motoristas da Uber. Contudo, por ora, o serviço funciona como mais uma opção de transporte urbano em quatro cidades brasileiras.
  • Acompanhe tudo sobre:AppsEmpreendedoresEmpreendedorismoPequenas empresasUber

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Carreira

    Mais na Exame