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A pandemia mudou as escolas de negócios para sempre — e para melhor

A pandemia virou esse conceito de cabeça para baixo, forçando as instituições a rasgar o livro de regras para garantir que as aulas pudessem continuar

(Nichole Shinn/BLOOMBERG BUSINESSWEEK)
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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2021 às 07h03.

Última atualização em 29 de junho de 2021 às 08h02.

-(Nichole Shinn/BLOOMBERG BUSINESSWEEK)

(Por Chris Stokel-Walker, da Bloomberg Businessweek)

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Escolas de negócios tendem a ter um pé fincado na tradição — focadas no longo prazo e lentas demais para responder às tendências da sociedade.

A pandemia virou esse conceito de cabeça para baixo, forçando as instituições a rasgar o livro de regras para garantir que as aulas pudessem continuar em meio a bloqueios e restrições a viagens para outros países.

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“O que a pandemia está fazendo é liberar espaço para a inovação”, diz Kathy Harvey, reitora associada dos programas de MBA e graduação executiva na Saïd Business School, da Universidade de Oxford. É provável que alguns dos ajustes sejam mantidos:

Turmas menores

O programa de MBA da Oxford Saïd cortou pela metade o tamanho das turmas, de 80 para 40 alunos. No início, foi uma resposta à necessidade de distanciamento social nos espaços físicos.

Agora, a escola está reconhecendo que o tamanho menor das turmas também incentiva uma discussão mais interativa. “Isso vai ao encontro de como a Oxford vê o ensino, que é muito baseado em conversas e discussões, e muito interativo”, afirma Harvey.

Os grupos serão redesenhados ao longo do ano para que os alunos do MBA conheçam todos em seu programa, e os elementos de ensino que migraram para o formato de apresentação online assíncrona serão mantidos para permitir que os alunos cheguem à aula melhor preparados para as conversas. “Encontramos um jeito melhor, e não temos previsão de dar um fim a ele”, diz ela.

Martina Sokolikova, que está cursando seu MBA na Oxford Saïd, no início achou as salas de aula meio vazias algo intimidante. “Porém, logo percebemos que turmas menores traziam novas oportunidades em termos de igualdade e qualidade das interações”, diz ela.

Os professores tinham um melhor panorama da participação individual, e assim tinham mais facilidade para identificar e envolver alunos que não estivessem ativos ou confiantes o bastante para falar, mas cuja contribuição era muitas vezes valiosa do ponto de vista de aprendizado conjunto com os colegas, diz ela.

A mudança também ajudou os alunos que estão passando por dificuldades na pandemia a fazer melhores conexões, afirma ela.

Dispensando o GMAT

Várias escolas, incluindo o MIT Sloan e a Darden School of Business da Universidade da Virgínia, estão eliminando para os candidatos a MBA a exigência do teste de admissão em Gestão de Pós-Graduação, ou GMAT (do original em inglês Graduate Management Admission Test), para os dois últimos ciclos de inscrição, inclusive no caso das aulas com início a partir de setembro de 2021.

A pandemia fechou os centros de realização do GMAT, tornando impossível para alguns candidatos fazer o teste. Nem MIT Sloan nem Darden anunciaram suas decisões sobre os testes no futuro.

A Kellogg School of Management, da Northwestern University, havia dispensado temporariamente o GMAT, e está começando a reintegrá-lo.

A Hult International Business School está adotando uma abordagem diferente: A escola de médio porte, que tem campi em três continentes, está abrindo mão de sua exigência do GMAT de vez.

Outras instituições de ensino estão indecisas. A McCombs School of Business, Communications & Marketing, da Universidade do Texas, ainda não decidiu se sua turma de MBA de 2024 – cujas aulas começam no ano que vem — vai precisar apresentar as notas do GMAT.

A Thunderbird School of Global Management, da Universidade Estadual do Arizona, também não tem certeza se os candidatos ao seu Mestrado em Gestão Global — o equivalente da Thunderbird ao MBA — precisarão fornecer suas pontuações. “Estamos explorando o que pensamos a respeito do que o futuro reserva”, diz Sanjeev Khagram, reitor da Thunderbird. “Não fizemos uma determinação final.”

Viagens ao exterior

Tradicionalmente, a Asia School of Business de Kuala Lumpur tem organizado viagens de estudantes a Hong Kong, Singapura e Dubai — cidades-chave para negócios no continente.

As limitações orçamentárias significam que os alunos visitariam somente de sete a dez empregadores em um passeio de dois dias e meio. A mudança para visitas online durante a pandemia tem dado aos alunos mais acesso ao resto do mundo, diz Sean Ferguson, reitor associado da escola.

Uma viagem virtual a Dubai foi pulverizada ao longo de várias semanas devido à flexibilidade do Zoom, o que permitiu aos alunos fazer um número muito maior de visitas virtuais.

Até mesmo antes da pandemia, os empregadores já estavam começando a mudar o processo de recrutamento online. Em setembro de 2019, a PricewaterhouseCoopers iniciou entrevistas digitais para formandos em MBA em busca de trabalho, incluindo 5 mil contratações em tempo integral, 4 mil estagiários e entre 4 mil e 6 mil contratações experientes.

“Obviamente, não poderíamos ir pessoalmente a todos os campi do país”, diz Rod Adams, líder de aquisição de talentos da empresa. “Realizar entrevistas virtuais nos permitiu ampliar nosso alcance e nivelar o campo de jogo.”

Essa escolha se pagou durante a pandemia: todas as contratações mais recentes da empresa que vieram de escolas de negócios passaram por entrevistas virtuais. Após a pandemia, Adams prevê que a empresa mantenha cerca de 30% de suas entrevistas online.

Embora mais reuniões e contratações possam acontecer online no futuro, as viagens provavelmente não vão sumir completamente. “Quando as viagens para o exterior voltarem, acho que elas voltarão”, diz Harvey, da Saïd Business School.

Dairon Reijna, estudante de MBA na vizinha Oxford Brookes University, espera que as viagens voltem. “O que eu considero que tem sido o ponto negativo da pandemia é que as oportunidades internacionais não estão mais disponíveis”, diz ele.

Recrutamento misto

A mudança para o online tem sido o lado bom da pandemia para escolas de negócios da Ásia. “Ajudou a equilibrar o jogo em termos de recrutamento”, diz Nicole Tee, diretora de pós-graduação da Universidade Nacional de Singapura.

Ela cita mercados como o Brasil, de onde a escola não costumava recrutar funcionários por causa do tempo de viagem. “Levaria dois dias para chegar lá e dois dias para voltar”, diz ela. Agora, a UNS pode organizar eventos de recrutamento específicos para regiões e países direcionados por idioma e fuso horário, com a participação de palestrantes e ex-alunos dessa área.

Marketing digital

A Universidade de Singapura parou de visitar feiras físicas para comercializar seus programas no início da pandemia. Ainda que Tee preveja que a escola volte para algumas no pós-pandemia, ela diz que a instituição de ensino vai se tornar mais seletiva em se tratando de quais feiras participará.

“Mesmo antes da covid, acho que a maioria das escolas estava ficando cética com a ideia de gastar uma grande parte de seu orçamento em feiras presenciais”, diz ela.

MBA não estruturado

Com a pandemia trazendo incerteza a tantas facetas da vida, as escolas estão oferecendo mais flexibilidade. Um MBA menos estruturado tem a proposta de acomodar aqueles que não podem se dar ao luxo de demorar um ou dois anos para concluir um programa de uma vez só.

Para o ano letivo de 2020-21, a Esade Business School, na Espanha, introduziu uma opção de MBA de 21 meses, além de suas alternativas de 12, 15 e 18 meses. “Devemos pensar continuamente nos modos pelos quais podemos construir uma estrutura muito mais flexível”, diz Luis Vives, vice-reitor de programas da Esade. “Os alunos têm a oportunidade de construir o programa que será o melhor para eles.”

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Tradução por Fabrício Calado Moreira

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