Os piores vilões da produtividade de um concurseiro
Sua preparação não está rendendo? Especialistas em concursos públicos dizem quais são os principais sabotadores do sucesso de um candidato
Claudia Gasparini
Publicado em 23 de março de 2017 às 15h00.
Última atualização em 23 de março de 2017 às 17h09.
São Paulo — O segredo para passar em um concurso público não é estar “iluminado” ou ter um clarão de genialidade na hora da prova. O caminho para a aprovação começa muito antes desse momento: consiste em meses ou até anos de preparação direcionada e eficiente.
O desafio é imenso, porque a produtividade dos estudos depende de inúmeros fatores, tanto internos quanto externos. Para Vanessa Pancioni, gerente acadêmica da escola preparatória para concursos LFG, as variáveis internas — elementos subjetivos, como motivação e persistência — são as mais decisivas para o sucesso .
“É muito difícil ter um bom rendimento se você não consegue alinhar as suas atitudes cotidianas ao objetivo maior de ser aprovado”, diz ela. Mais do que ruídos ou interrupções, o que realmente tira a concentração dos seus estudos é não estar realmente convicto da sua capacidade de conquistar a vaga. O consequência é a autossabotagem.
A melhor saída é abandonar o pessimismo ou o otimismo exagerados, e desenvolver a sua inteligência emocional para lidar com o desafio de forma simplesmente realista.
Dito isso, é evidente que certas questões externas também podem comprometer gravemente a qualidade da preparação. Segundo Marco Antônio Araújo Júnior, diretor-executivo da Damásio Educacional, o ambiente de estudos é um dos “detalhes” mais importantes.
“O local precisa ser limpo, arejado, silencioso, sem odores, bem iluminado e confortável”, diz ele. Dificilmente você conseguirá reunir todas essas características numa sala de estar ou no quarto, então o ideal é estudar fora da sua casa.
Bibliotecas e escolas são espaços mais adequados para essa finalidade, na visão de Araújo, porque agregam outras pessoas que estão ali para estudar — haverá um clima de seriedade e introspecção pairando no ar, o que facilita a concentração.
Nenhum vilão, porém, é tão poderoso quanto as redes sociais. Durante o estudo,muita gente não resiste à tentação de checar mensagens instantâneas no celular, assistir a um vídeo divertido ou ler um pequeno texto no Facebook.
Pode parecer só um “respiro” inocente, mas a interrupção custa caro para o seu rendimento. Após uma quebra de atenção, o cérebro demora cerca de 23 minutos para retornar plenamente a uma tarefa, diz Gloria Mark, especialista em comportamento ouvida pelo jornal “The Wall Street Journal”.
A única saída, segundo Araújo, é desligar o celular ou deixá-lo no modo avião, e ficar longe de computadores ou laptops com acesso à internet. Não quer dizer que você precise se desconectar totalmente do mundo por horas e horas — nos dias atuais, isso virou uma façanha quase irrealizável.
O segredo está em delimitar horários específicos para acessar as redes sociais. Se você vai estudar durante quatro horas, por exemplo, faça pausas de 15 minutos a cada hora. Durante esse intervalo, estique as pernas, vá ao banheiro, beba água e aproveite para checar tudo o que aconteceu na internet enquanto você estava offline.
Você tem um plano?
Outra atitude improdutiva é estudar a esmo, sem objetivo ou plano definido. “O primeiro passo é definir que linha de concurso você vai prestar, não ‘sair estudando’ para provas aleatoriamente, que sequer abordam o mesmo conjunto de disciplinas”, diz Pancioni.
O correto é determinar um escopo para investir seu tempo e energia. Consultar editais e provas anteriores é fundamental para traçar um plano eficaz e um cronograma organizado por disciplinas.
De acordo com Araújo, o ideal é estudar entre duas ou três matérias por dia, intercaladas entre si. Se você se debruça por horas sobre um único tema, logo ficará cansado e perderá o foco; se tenta cobrir quatro ou cinco assuntos diferentes num só dia, não conseguirá se aprofundar em nenhum deles.
Para evitar distrações e desperdício de tempo, também é importante saber qual é o seu estilo de aprendizagem. “Algumas pessoas são muito visuais, outras têm mais facilidade para reter conteúdos transmitidos por sons”, diz Pancioni. A dica é testar várias metodologias para descobrir qual é a mais adequada para você. Confira aqui 6 técnicas de estudo poderosas para concursos públicos.
Com um bom plano de ação e métodos adequados, você perceberá que qualidade importa mais do que quantidade. O número de páginas lidas ou de horas passadas na companhia das apostilas não importa tanto assim. O sucesso da sua preparação se mede pela efetiva retenção de informações — algo que você pode descobrir ao fazer exercícios e simulados.
Alternar leitura e resolução de exames anteriores, aliás, é um ótimo modo de arejar a cabeça. É também uma das melhores formas de gravar o conhecimento e descobrir os pontos da teoria que você ainda precisa repassar.
Especialistas em concursos também recomendam fazer simulados com tempo cronometrado e, claro, sem consulta. Quanto mais habituado você estiver à linguagem e ao estilo das perguntas da banca examinadora, maiores serão as chances de se dar bem quando a prova de verdade estiver na sua frente.