Os empregos estão de volta
O segundo maior polo automotivo do Brasil, no Paraná, está à caça de talentos. Saiba onde estão as oportunidades
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2013 às 19h36.
São Paulo - Em torno de Curitiba, no Paraná, estão localizadas grandes montadoras como Case New Holland, Renault-Nissan, Volvo e Volkswagen-Audi, além da fábrica de motores Fiat Power Train (FPT). Depois de amargar um 2009 difícil, com cortes de custos, suspensão de contratos de trabalho e algumas demissões, essas grandes fabricantes de carros, ônibus e tratores voltaram a recrutar.
As vagas são, principalmente, para técnicos, engenheiros e profissionais das áreas de finanças, logística, manufatura, manutenção, qualidade e comercial. Como falta mão de obra qualificada na região, a opção das montadoras tem sido recrutar em outros estados, como São Paulo e Minas Gerais. Além do custo de vida mais baixo em relação às capitais do Sudeste, as empresas sediadas na região metropolitana de Curitiba (RMC) oferecem salários que já não estão distantes dos pagos nos grandes centros formadores de mão de obra qualificada para o setor.
No mês passado, a Renault do Brasil atingiu a marca de 1 milhão de veículos produzidos no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, cidade vizinha à capital paranaense. Este ano, a Renault contratou 500 pessoas, metade para funções que exigem formação de nível superior, e há atualmente 56 vagas abertas à espera de candidatos que já concluíram a faculdade.
As posições são para as áreas de finanças, qualidade e comercial. Segundo Ana Paula Camargo, diretora de RH da Renault no Brasil, os engenheiros são os profissionais preferidos para esses postos, pois eles têm maior mobilidade (entre áreas) por causa da capacidade de análise e raciocínio matemático, habilidades muito valorizadas em diversas funções.
“A Renault quer estar mais presente no mercado brasileiro. Por isso está aumentando a área de engenharia, para atender às necessidades do consumidor daqui”, diz Ana Paula.
A Fiat Power Train, localizada em Campo Largo, reativou a linha de produção da unidade em fevereiro e está prestes a implantar o segundo turno. Por causa disso, a empresa está contratando engenheiros para as áreas de logística, manufatura, manutenção e qualidade.
De acordo com o gerente de RH da FPT, Dirley Carlos Corrêa, em breve a fábrica deve começar a atender outros clientes, além do grupo Fiat, o que colabora para o aumento do ritmo da produção e de contratações.
Na Volvo, em Curitiba, mais de 500 novos postos de trabalho foram ocupados só este ano. As contratações para cargos que exigem formação superior totalizaram 167 novos postos. Além da linha de montagem de caminhões e ônibus, a Volvo emprega atualmente profissionais na sua unidade de tecnologia da informação, que desenvolve produtos e serviços para todas as demais unidades da empresa em outros países.
Essa área segue contratando. Segundo o gerente de RH da Volvo, Carlos Ogliari, nos últimos cinco anos, a alta demanda por profissionais qualificados no setor automotivo tem elevado também os salários pagos na Região Metropolitana de Curitiba. “Nesse período, houve um aumento real de 20% acima da inflação só em acordos coletivos”, ressalta Carlos.
A diferença entre os salários pagos na RMC e em São Paulo, por exemplo, vem diminuindo. Para cargos de gerência, a remuneração na capital paranaense fica em média apenas 20% abaixo dos valores pagos na capital paulista, segundo dados da consultoria de recursos humanos De Bernt Human Capital, de Curitiba. Para o presidente da empresa, Bernt Entschev, o aumento dos salários na região é resultado da escassez de profissionais qualificados, principalmente na área da engenharia.
Em todo o Brasil, as universidades não estão formando engenheiros em quantidade suficiente para acompanhar o ritmo de desenvolvimento do mercado nacional.
“Há dez anos, um engenheiro recém-formado passava um ano e meio procurando emprego e começava ganhando 1 500 reais. Hoje, as empresas estão recrutando como estagiários alunos dos primeiros anos do curso de engenharia para garantir que terão esse profissional no futuro”, diz o consultor.
O gerente de RH da New Holland, Ivan Mocelin, concorda que a capital paranaense está carente de profissionais capacitados. “Em alguns casos, é preciso buscar o profissional em mercados mais maduros, como São Paulo. Só o curso superior não é suficiente, é preciso ir além, desenvolver um aprendizado constante, ter inglês fluente.
Os produtos são desenvolvidos em parceria com outros centros de desenvolvimento na Europa, nos Estados Unidos, e há a necessidade de comunicação. Não tem mais gestão local”, diz Ivan. O crescimento do setor agrícola favoreceu o aumento da produção de colheitadeiras e tratores da New Holland.
A empresa está com vagas abertas nas áreas de engenharia, finanças, tecnologia da informação e marketing. Como se vê, as montadoras do segundo polo automotivo do país estão recrutando. A região é uma boa opção para quem busca conciliar trabalho e qualidade de vida.