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O sul se reinventa e contrata bem mais

As indústrias têxteis dão a volta por cima, o agronegócio se reergue e o polo naval abre novas perspectivas para a região, que já desponta entre as que mais contratam no país

Estaleiro da Quip, em Rio Grande: 30% do quadro de pessoal vem de fora do estado (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2013 às 13h47.

São Paulo - Em Santa Catarina, em cidades como Joinville, Itajaí e Blumenau, desponta a mais promissora fronteira do emprego no Sul do Brasil.

As vagas se concentram não só em setores mais tradicionais da economia local, como o metalmecânico e o de bens de capital, mas também na indústria têxtil — pelo menos entre os empregadores que encontram um jeito de contornar a concorrência chinesa, que subtrai os investimentos das empresas no Brasil e elimina os empregos aqui.

A Dudalina é um bom exemplo de companhia do setor têxtil que tem conseguido superar a concorrência chinesa. Com sede em Blumenau, a camisaria pretende dobrar de tamanho até 2016 graças a uma estratégia que vai muito além da fabricação de roupas.

A transformação teve início em 2010, quando criou uma grife de camisas sociais para mulheres — produto ainda raro no Brasil — e se lançou no varejo com uma rede de lojas próprias e franqueadas. Desde então, os negócios deslancharam. Em somente 18 meses, a Dudalina contratou 1.300 pessoas. E a tendência é que o quadro cresça mais.

"A demanda é por profissionais de todas as áreas", afirma o diretor comercial Ilton Rogério Tarnovski. A disputa pelos talentos na área de confecção é acirrada. Além da Duda­lina, a região de Blumenau abriga algumas das mais bem-sucedidas marcas de confecções do país e todas elas estão contratando.

A Hering, por exemplo, anunciou que pretende investir 100 milhões de reais na inauguração de novas lojas em 2013. Perto dali, em Jaraguá do Sul, a Marisol quer agregar mais 170 unidades à rede de franquias One Store Marisol. Já a Malwee busca profissionais que deem andamento a seu plano de expansão.


Só em 2012, foram 1.500 contratações. "O setor têxtil está bombando em Blumenau e arredores", diz Bernt Entschev, presidente da De Bernt Entschev Human Capital, de Curitiba. Os perfis desejados variam conforme a empresa, mas a maior procura é por profissionais de marketing.

"Com a chegada ao varejo, essas empresas precisam construir marcas e expandir seu esforço comercial em uma conjuntura de forte concorrência com os chineses", diz Entschev.

Os salários oscilam de acordo com a posição. Um gerente de marketing encontra vagas que pagam de 12.000 a 15.000 reais por mês. Coordenadores e supervisores podem esperar algo entre 8.000 e 10.000 reais. Ilton Tarnovski, da Dudalina, ressalta outros atrativos, como a qualidade de vida e o baixo custo do Vale do Itajaí.

"Ganhar 15.000 reais em Blumenau é bem diferente de ganhar 15.000 em São Paulo", diz. Na Dudalina, o diferencial é o programa de participação nos resultados, que chega a distribuir 21% do lucro líquido da empresa, suficiente para pagar seis salários extras no ano para cada funcionário.

"Outro fator é nossa perspectiva de crescimento", diz Ilton. Até 2016, a Dudalina planeja atingir a marca de 1 bilhão de reais em vendas, o dobro do registrado no ano passado.

Vagas nas montadoras

As oportunidades não se limitam ao setor têxtil. Em Joinville, a General Motors (GM) busca 600 profissionais para operar sua nova fábrica de motores e cabeçotes, aberta em fevereiro.


Na vizinha Araquari, a BMW procura cerca de 1.000 funcionários para erguer sua primeira unidade no Brasil, com inauguração prevista para 2014. "A região tem uma incrível voca ção para atrair e exportar talentos", diz Christiano de Oliveira, diretor da Fesa Global Executive Search em Curitiba.

Retomada do agronegócio

Até o fim de abril, a Região Sul havia aberto 197.200 novas vagas de trabalho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O avanço é de 2,79% em relação aos primeiros quatro meses de 2011 e superior à média nacional, de 1,39%. A diferença se explica, em parte, pela retomada do agronegócio.

Em 2012, uma seca histórica arruinou a safra de grãos e colocou em marcha lenta fabricantes de tratores, máquinas, implementos e caminhões, além de operadores logísticos e outras indústrias tradicionais da região. Mas as chuvas estão de volta e os três estados do Sul querem recuperar o atraso com uma safra recorde.

"As grandes empresas estão investindo em pesquisa e desenvolvimento e as cooperativas estão diversificando produtos, o que acaba atraindo outras companhias, como fornecedores de fertilizantes, defensivos químicos, entre outras", afirma Mariciane Gemin, diretora regional dos escritórios da Asap Recruiters no Sul.

O momento também é positivo para a indústria de bens de capital. Uma delas é a DAF, montadora de caminhões que está erguendo uma fábrica de 320 milhões de reais em Ponta Grossa, no Paraná. As contratações começaram no início de 2012.

"Quando eu entrei, o primeiro nível executivo da empresa já estava formado, com o presidente e seis diretores. Minha missão, agora, é montar as equipes de nível gerencial, técnico e operacional", diz Jeanette Jacinto, diretora de RH da empresa. Até o final de 2014, o plano é contratar 300 pessoas — pelo menos 20 foram admitidas em cargos de gerência.

Empregos em óleo e gás

Outro setor em aquecimento é o de petróleo e gás, cujas oportunidades se concentram em Rio Grande, no sul do Rio Grande do Sul. É lá que o governo federal vem financiando a formação de um grande polo naval — com empresas que fabricam não só navios mas também cascos e plataformas de exploração de petróleo, como a Engevix, fabricante de cascos e sondas, e a Quip, controlada pela Queiroz Galvão, a Iesa e a UPC Engenharia.


Inaugurada em 2005, a companhia é dona de um estaleiro que monta plataformas para a Petrobras e conta, hoje, com 10.000 funcionários. A demanda por pessoas é tão grande que, no início, foi preciso recrutar funcionários aposentados no Rio e em São Paulo.

"Nosso primei­ro desafio foi trazer o conhecimen­to da indústria naval para a região de Rio Grande. Fomos buscá-lo em pessoas que tinham atuado no ramo nos anos 1980, que já estavam em casa, de pijama", diz Marcos Reis, diretor de suporte corporativo da Quip.

O setor, agora, está mais maduro. Cerca de 70% dos funcionários da Quip são recrutados localmente. Os outros 30% ainda vêm de fora. "Tive­mos de adquirir mais de 300 imóveis para hospedar os novos contratados", diz Marcos. Para atrair e reter talentos, a Quip oferece salários, em média, 30% maiores do que os pagos em Rio Grande, para diversas funções.

"Não importa a área. Pode ser assistente de contabilidade, engenheiro mecânico ou eletricista: ninguém encontra na cidade um salário igual ao que oferecemos", diz o diretor de suporte corporativo da empresa.

Onde estão as oportunidades

Rio Grande do Sul

Abriu 77.000 vagas de janeiro a abril. Contratam-se engenheiros civis, mecânicos, eletricistas e de produção. O salário inicial vai de 8.000 a 12.000 reais para níveis operacionais e de 15.000 a 20.000 reais para gerenciais.

Paraná

Nos níveis executivos, a demanda é maior por profissionais de finanças e controladoria, com salários de 10.000 e 15.000 reais para gerentes e de 25.000 a 40.000 para posições de diretoria.

Santa Catarina

As melhores oportunidades estão na indústria têxtil, principalmente para profissionais de marketing, com salários de 8 000 a 10 000
reais para coordenadores, e de 12.000 e 15.000 para gerentes.

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São Paulo - Em Santa Catarina, em cidades como Joinville, Itajaí e Blumenau, desponta a mais promissora fronteira do emprego no Sul do Brasil.

As vagas se concentram não só em setores mais tradicionais da economia local, como o metalmecânico e o de bens de capital, mas também na indústria têxtil — pelo menos entre os empregadores que encontram um jeito de contornar a concorrência chinesa, que subtrai os investimentos das empresas no Brasil e elimina os empregos aqui.

A Dudalina é um bom exemplo de companhia do setor têxtil que tem conseguido superar a concorrência chinesa. Com sede em Blumenau, a camisaria pretende dobrar de tamanho até 2016 graças a uma estratégia que vai muito além da fabricação de roupas.

A transformação teve início em 2010, quando criou uma grife de camisas sociais para mulheres — produto ainda raro no Brasil — e se lançou no varejo com uma rede de lojas próprias e franqueadas. Desde então, os negócios deslancharam. Em somente 18 meses, a Dudalina contratou 1.300 pessoas. E a tendência é que o quadro cresça mais.

"A demanda é por profissionais de todas as áreas", afirma o diretor comercial Ilton Rogério Tarnovski. A disputa pelos talentos na área de confecção é acirrada. Além da Duda­lina, a região de Blumenau abriga algumas das mais bem-sucedidas marcas de confecções do país e todas elas estão contratando.

A Hering, por exemplo, anunciou que pretende investir 100 milhões de reais na inauguração de novas lojas em 2013. Perto dali, em Jaraguá do Sul, a Marisol quer agregar mais 170 unidades à rede de franquias One Store Marisol. Já a Malwee busca profissionais que deem andamento a seu plano de expansão.


Só em 2012, foram 1.500 contratações. "O setor têxtil está bombando em Blumenau e arredores", diz Bernt Entschev, presidente da De Bernt Entschev Human Capital, de Curitiba. Os perfis desejados variam conforme a empresa, mas a maior procura é por profissionais de marketing.

"Com a chegada ao varejo, essas empresas precisam construir marcas e expandir seu esforço comercial em uma conjuntura de forte concorrência com os chineses", diz Entschev.

Os salários oscilam de acordo com a posição. Um gerente de marketing encontra vagas que pagam de 12.000 a 15.000 reais por mês. Coordenadores e supervisores podem esperar algo entre 8.000 e 10.000 reais. Ilton Tarnovski, da Dudalina, ressalta outros atrativos, como a qualidade de vida e o baixo custo do Vale do Itajaí.

"Ganhar 15.000 reais em Blumenau é bem diferente de ganhar 15.000 em São Paulo", diz. Na Dudalina, o diferencial é o programa de participação nos resultados, que chega a distribuir 21% do lucro líquido da empresa, suficiente para pagar seis salários extras no ano para cada funcionário.

"Outro fator é nossa perspectiva de crescimento", diz Ilton. Até 2016, a Dudalina planeja atingir a marca de 1 bilhão de reais em vendas, o dobro do registrado no ano passado.

Vagas nas montadoras

As oportunidades não se limitam ao setor têxtil. Em Joinville, a General Motors (GM) busca 600 profissionais para operar sua nova fábrica de motores e cabeçotes, aberta em fevereiro.


Na vizinha Araquari, a BMW procura cerca de 1.000 funcionários para erguer sua primeira unidade no Brasil, com inauguração prevista para 2014. "A região tem uma incrível voca ção para atrair e exportar talentos", diz Christiano de Oliveira, diretor da Fesa Global Executive Search em Curitiba.

Retomada do agronegócio

Até o fim de abril, a Região Sul havia aberto 197.200 novas vagas de trabalho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O avanço é de 2,79% em relação aos primeiros quatro meses de 2011 e superior à média nacional, de 1,39%. A diferença se explica, em parte, pela retomada do agronegócio.

Em 2012, uma seca histórica arruinou a safra de grãos e colocou em marcha lenta fabricantes de tratores, máquinas, implementos e caminhões, além de operadores logísticos e outras indústrias tradicionais da região. Mas as chuvas estão de volta e os três estados do Sul querem recuperar o atraso com uma safra recorde.

"As grandes empresas estão investindo em pesquisa e desenvolvimento e as cooperativas estão diversificando produtos, o que acaba atraindo outras companhias, como fornecedores de fertilizantes, defensivos químicos, entre outras", afirma Mariciane Gemin, diretora regional dos escritórios da Asap Recruiters no Sul.

O momento também é positivo para a indústria de bens de capital. Uma delas é a DAF, montadora de caminhões que está erguendo uma fábrica de 320 milhões de reais em Ponta Grossa, no Paraná. As contratações começaram no início de 2012.

"Quando eu entrei, o primeiro nível executivo da empresa já estava formado, com o presidente e seis diretores. Minha missão, agora, é montar as equipes de nível gerencial, técnico e operacional", diz Jeanette Jacinto, diretora de RH da empresa. Até o final de 2014, o plano é contratar 300 pessoas — pelo menos 20 foram admitidas em cargos de gerência.

Empregos em óleo e gás

Outro setor em aquecimento é o de petróleo e gás, cujas oportunidades se concentram em Rio Grande, no sul do Rio Grande do Sul. É lá que o governo federal vem financiando a formação de um grande polo naval — com empresas que fabricam não só navios mas também cascos e plataformas de exploração de petróleo, como a Engevix, fabricante de cascos e sondas, e a Quip, controlada pela Queiroz Galvão, a Iesa e a UPC Engenharia.


Inaugurada em 2005, a companhia é dona de um estaleiro que monta plataformas para a Petrobras e conta, hoje, com 10.000 funcionários. A demanda por pessoas é tão grande que, no início, foi preciso recrutar funcionários aposentados no Rio e em São Paulo.

"Nosso primei­ro desafio foi trazer o conhecimen­to da indústria naval para a região de Rio Grande. Fomos buscá-lo em pessoas que tinham atuado no ramo nos anos 1980, que já estavam em casa, de pijama", diz Marcos Reis, diretor de suporte corporativo da Quip.

O setor, agora, está mais maduro. Cerca de 70% dos funcionários da Quip são recrutados localmente. Os outros 30% ainda vêm de fora. "Tive­mos de adquirir mais de 300 imóveis para hospedar os novos contratados", diz Marcos. Para atrair e reter talentos, a Quip oferece salários, em média, 30% maiores do que os pagos em Rio Grande, para diversas funções.

"Não importa a área. Pode ser assistente de contabilidade, engenheiro mecânico ou eletricista: ninguém encontra na cidade um salário igual ao que oferecemos", diz o diretor de suporte corporativo da empresa.

Onde estão as oportunidades

Rio Grande do Sul

Abriu 77.000 vagas de janeiro a abril. Contratam-se engenheiros civis, mecânicos, eletricistas e de produção. O salário inicial vai de 8.000 a 12.000 reais para níveis operacionais e de 15.000 a 20.000 reais para gerenciais.

Paraná

Nos níveis executivos, a demanda é maior por profissionais de finanças e controladoria, com salários de 10.000 e 15.000 reais para gerentes e de 25.000 a 40.000 para posições de diretoria.

Santa Catarina

As melhores oportunidades estão na indústria têxtil, principalmente para profissionais de marketing, com salários de 8 000 a 10 000
reais para coordenadores, e de 12.000 e 15.000 para gerentes.

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