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O que você precisa saber sobre período sabático

Saiba qual é o momento certo para dar um tempo para a sua carreira e como se planejar para isso

Julia Roberts em cena do filme Comer, Rezar e Amar: para pensar sobre a vida, personagem partiu para uma jornada sabática em três países (Divulgação/Facebook/Comer, Rezar, Amar/Divulgação)

Talita Abrantes

Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 14h42.

Última atualização em 20 de junho de 2017 às 17h43.

São Paulo - Que tal passar um ano inteiro longe de todas os compromissos corporativos? A princípio, a ideia pode até parecer utópica. No entanto, acredite: algumas empresas já estão aderindo ao período sabático como parte de seu pacote de benefícios para executivos.

Inspirado no shabbath judaico, a prática estreou oficialmente no mundo corporativo em 1880 como uma contrapartida da Universidade de Harvard para manter o filósofo Charles Lanman em seu quadro de docentes. Pela proposta, o professor teria direito a um ano de descanso remunerado a cada seis anos de trabalho.

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No Brasil, a prática ainda é pouco conhecida. No entanto, especialistas afirmam, os bons ventos da economia podem facilitar a popularização do conceito dentro da lógica das empresas.

“As organizações falam muito sobre retenção de bons funcionários. Os superiores, agora, precisam levar em consideração esse tipo de demanda”, ” diz José Augusto Figueiredo, CEO da DBM para a América Latina. “Do contrário, correm o risco de perder o profissional em caráter permanente”.

Até porque o turbilhão de tarefas inadiáveis, reuniões, metas ambiciosas, horas excessivas para além do expediente tem o poder de sufocar o mais dedicado dos profissionais. Superam-se resultados, cumprem-se missões, fecha-se um ciclo, abre-se um novo. E a vida? Simplesmente se esvai. Sem que o profissional tenha tido tempo para pensar de maneira consistente sobre ela.

“Muitos só conquistam essa pausa necessária quando acontece uma tragédia, como um problema grave de saúde”, afirma o consultor Herbert Steinberg, autor do livro Sabático – um tempo para crescer .

A lógica do período sabático foi retratada pelo cinema, recentemente, no filme Comer, Rezar e Amar (2010). Inspirado na obra homônima, a trama conta a história da escritora Elizabeth Gilbert (Julia Roberts) que, após uma série de reviravoltas em sua vida pessoal, resolveu dar um tempo para a carreira e partir para uma jornada por países como Itália, índia e Bali.


Em 2006, o livro que relata detalhes sobre essa peregrinação foi considerado um dos cem melhores do ano, segundo o jornal The New York Times. Até o início de 2010, Liz já contabilizava a marca de mais de 4 milhões de exemplares vendidos.

A proposta do período sabático é exatamente levar o profissional a uma jornada para dentro dele mesmo. “É um tempo para sair da rotina, exercer uma vocação diferente ou trabalhar na construção de se rever”, afirma Steinberg. “É um tempo para crescer e para olhar a sua vida de fora”.

Herbert Steinberg durante seu sabático (Divulgação)

Isso não significa que o sabático implica em “jogar tudo para o alto” de uma hora para a outra. Ao contrário. A decisão exige planejamento prévio e um bom senso com relação a toda a trajetória profissional – incluindo as perspectivas de retorno ao mercado após esse período.

Recomenda-se um preparo de seis meses a um ano antes da viagem. O planejamento passa por organizar as finanças para passar um tempo sem receber salário integral, discutir com a família como será o período longe da rotina corporativa e negociar com sua equipe de trabalho.

Antes de partir para seu sabático de três meses em uma peregrinação pelo caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, Steinberg propôs para a rádio Eldorado um programa baseado em suas experiências durante a peregrinação. O patrocínio da emissora e de outras empresas parceiras do consultor cobriu todas as despesas do sabático.

Quando fazer?
Como dita a tradição judaica, cujo shabbath é realizado no último dia da semana, a ideia do sabático vale para períodos em que se encerra um ciclo da vida. “A escolha do momento ideal não é cronológico, mas é lógico”, diz Figueiredo, da DBM. “O profissional precisa já ter construído uma boa reputação naquilo que faz, ter uma grande rede de relacionamentos que o apóiem, além de um patrimônio de bens”.

No caso de Figueiredo, o sabático surgiu em um momento de virada na carreira. Após trabalhar como engenheiro de uma grande corporação, Figueiredo, então com 35 anos, decidiu partir para a área de consultoria de carreira. Para se preparar profissional e pessoalmente para isso deu uma pausa na carreira corporativa por sete meses. “Fiz terapia, li muitos livros, estudei muito e entrei para o curso de Psicologia”, conta.

Ter um objetivo claro é essencial para quem quer fazer o sabático. “O profissional não deve ficar babando, olhando pro teto. É preciso ter uma atividade estruturada, com início, meio e fim”, diz Steinberg. Figueiredo complementa: "Precisa ser um tempo para que ele revisite toda a sua história e faça uma síntese do que procura pela vida".

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