Homem com cara de dúvida (Stock.XCHNG)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2012 às 14h10.
São Paulo - A famosa frase do general romano Júlio César, "Veni, vidi, vici" ("Vim, vi e venci"), expressa bem o sentimento do jovem que passou meses em exaustivos e concorridos processos seletivos, enfrentou uma bateria de dinâmicas de grupo e entrevistas e finalmente conquistou a suada vaga no programa de trainee de uma grande empresa.
Para o consultor Marcio Vinycius Pereira, da Cia de Talentos, conquistar a vaga é apenas o primeiro de uma série de desafios. "Os 100 primeiros dias de trabalho são os mais difíceis. O jovem tem que mostrar maturidade e jogo de cintura para encarar o novo ambiente e dar conta dos novos projetos", diz Marcio. Esse é o momento de integrar-se ao escritório, adaptar-se à cultura da companhia e descobrir qual é a melhor forma de se relacionar com a equipe.
Corporações com larga experiência nesse tipo de iniciativa, como Ambev e Unilever, amenizam o impacto da chegada com uma integração descontraída, quando têm contato com pessoas de vários departamentos e conversam com ex-trainees. "Percebemos que outros já se sentiram perdidos como nós e isso nos dá uma sensação de acolhimento", conta Daniel Wakswaser Cordeiro, de 25 anos, ex-trainee da Ambev.
Daniel, que entrou no programa de 2008 e hoje é gerente de novas mídias na área de marketing, comenta que o grande pecado de quem acaba de chegar é o estrelismo. "Arrogância não combina com aprendizado. O trainee precisa se integrar às diversas equipes para conseguir desenvolver um bom trabalho", diz.
No setor de produção industrial pesada, ter o ego inflado é ainda mais complicado. O engenheiro mecânico Danilo Mansano, de 24 anos, ex-trainee da Sama, companhia mineradora de amianto, comenta que as atitudes arrogantes de um trainee rapidamente vão parar na "rádio peão". "A informação circula por todas as unidades", conta Danilo. E isso pega muito mal para imagem de quem acaba de chegar.
Outro ponto que merece atenção é o ajuste de expectativas. Muitos jovens talentos pecam por achar que todas as novas oportunidades têm de ser dadas a eles. Na prática, isso não acontece, portanto, evite aborrecer seu chefe a todo instante com esse tipo de demanda. Tenha tranquilidade para encarar o processo de experiência, que em alguns casos pode significar mudar para longe da família e dos amigos. "O ato de arrumar as malas exige capacidade de adaptação e coragem para deixar os vínculos pessoais para trás", diz Marcio Vinycius, da Cia de Talentos.