O que estamos fazendo para eliminar a desigualdade de gênero?
Metade das mulheres foram demitidas no período de até dois anos depois da licença-maternidade
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2018 às 19h00.
Última atualização em 7 de março de 2018 às 15h16.
O mês de março é emblemático para nós, mulheres . É a época do ano em que mais seremos tema de reportagens, palestras, debates e afins. Mas, o que eu gostaria mesmo de saber é: o que, de fato, estamos fazendo para mudar a desigualdade de gênero nas empresas?
Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) levantou que metade das mulheres foram demitidas no período de até dois anos depois da licença-maternidade. Outro ponto do estudo demonstra que, após seis meses de estabilidade, a chance de demissão de mulheres que acabaram de se tornar mães é de 10%.
Esses números são reflexo da crença de que o cuidado dos filhos pertence às mães. Portanto, a partir do momento que a profissional se torna mãe, cria-se a imagem de uma pessoa menos produtiva, pouco comprometida com a organização, que poderá se ausentar com frequência. Isso pode acontecer? Claro, afinal cada pessoa reage de forma diferente aos eventos que acontecem em sua vida. Mas será que o mercado não está se antecipando e abrindo mão de profissionais incríveis apenas por conta de um estereótipo e pior: tomando o todo pela parte?
Não podemos negar que a mulher que se tornou mãe não será mais a mesma. Sim, nós mudamos. Ao termos filhos, nossas prioridades passam a ser divididas, mas isso não é algo necessariamente ruim. É importante que os gestores das empresas entendam que essa profissional volta diferente – e isso não significa voltar melhor ou pior, mas, apenas, diferente – e é fundamental que o mercado de trabalho se acomode para ter em seus quadros profissionais que são mães. A melhor forma de fazer isso é investir numa política de horários flexíveis, a possibilidade de fazer home office e a instituição de uma licença parental, em que também é dada a possibilidade de que seus companheiros tenham um período de afastamento maior quando os filhos nascerem. Isso tudo é importante porque a possibilidade de desenvolvimento das mulheres nas organizações também depende da divisão equilibrada de suas responsabilidades pessoais.
Não podemos nos esquecer que, cada vez mais, as pessoas querem viver integralmente, sem se dividir entre vida pessoal e profissional. E isso vale para homens e mulheres, com filhos ou sem. Somos uma mesma pessoa no escritório e em casa, apenas exercendo funções diferentes.
A nós, mulheres-mães-profissionais, também cabe fazer nossa parte. É preciso saber equilibrar a vida familiar com a carreira, balancear de forma adequada os papeis e ter atitudes que demonstrem que sua carreira e a organização continuam a ter importância na sua vida e nos seus planos. Além disso, faço um alerta: não deixe que os vieses inconscientes a faça cair na armadilha de achar que, só porque foi mãe, os colegas, as lideranças da organização e o mercado de trabalho estão mudando de comportamento com você. Tenha sempre em mente que, para que conquiste igualdade no mercado de trabalho, seus resultados deverão continuar aparecendo. Pense nisso!