"Hoje, temos 60% das mulheres inseridas na economia do país, mas elas só ocupam 30% das posições executivas. Isso poderia ser resolvido com uma política de cotas, por exemplo" (Ted Aljibe/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de outubro de 2013 às 17h13.
São Paulo - Um estudo da consultoria Booz & Company comparou as políticas de incentivo à entrada das mulheres no mercado de trabalho em 128 países. O Brasil ficou com a 46ª posição. O presidente da Booz & Company do Brasil, Ivan de Souza, comentou esses resultados com VOCÊ S/A.
VOCÊ S/A - Quais os principais desafios do Brasil quanto à participação feminina no mercado?
Ivan de Souza - Ainda faltam mulheres em cargos de chefia. Hoje, temos 60% das mulheres inseridas na economia do país, mas elas só ocupam 30% das posições executivas. Isso poderia ser resolvido com uma política de cotas, por exemplo
. É ruim recorrer a um mecanismo forçoso, mas deu certo na Austrália, em primeiro lugar no ranking. E todo o país ganharia porque, se igualássemos gradativamente a participação feminina à masculina no mercado formal, o PIB cresceria 15%.
VOCÊ S/A - Por que a economia cresce com a maior participação feminina?
Ivan de Souza - As políticas em prol da inclusão das mulheres no mercado são vistas como responsabilidade social, mas isso está errado. Quem mais ganha é a economia. O primeiro efeito é o aumento da mão de obra.
Segundo: elas se tornam consumidoras com alto poder de decisão. Além disso, nas últimas décadas, cresceram os núcleos familiares liderados por mulheres. Se elas têm um trabalho, há maior estabilidade social.
VOCÊ S/A - Por que a economia do cuidado prejudica as mulheres?
Ivan de Souza - Em nossa cultura há uma exigência sobre-humana em cima das mulheres de cuidar da família inteira: dos filhos, do marido, dos pais. O único jeito de desonerá-las é fortalecer a malha de suporte social e a saúde com melhores serviços hospitalares, asilos e creches.