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O penta e você

O Brasil é penta! Um sentimento misto de orgulho, satisfação, alegria, alívio e amor invade o coração de todos os brasileiros. Agora, com todos ainda vivendo as emoções dos melhores lances, das comemorações, exaustos de tanto gritar, pular e torcer, embebedando-se dos elogios rasgados que todas as mídias tecem para a seleção campeã, convido-os a […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h34.

O Brasil é penta! Um sentimento misto de orgulho, satisfação, alegria, alívio e amor invade o coração de todos os brasileiros. Agora, com todos ainda vivendo as emoções dos melhores lances, das comemorações, exaustos de tanto gritar, pular e torcer, embebedando-se dos elogios rasgados que todas as mídias tecem para a seleção campeã, convido-os a um momento de reflexão. O que nós podemos tirar de lição com tudo o que presenciamos ao longo destes 30 dias? Aqui vão algumas idéias:

Nem sempre o favorito vence. A seleção chegou à Coréia desacreditada, ao mesmo tempo em que muitas seleções consideradas imbatíveis caíram nas primeiras fases. O favoritismo pode ser uma arma contra. A humildade nos dá abertura para o aprendizado. Reconhecer as falhas nos ajuda a corrigi-las. Quando você é o melhor, a pressão aumenta e você ganha uma visibilidade que pode ser fatal ao primeiro erro (o goleiro alemão Oliver Kahn que o diga!). Não crie expectativas desnecessárias, não se exponha demais, o tombo pode ser mais doloroso.

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Esteja preparado para circunstâncias adversas que estejam além do seu limite de ação. Esta Copa ficou marcada pelos seguidos erros de arbitragem. Da mesma forma que o Brasil foi beneficiado, poderia também ter sido prejudicado. É importante sabermos como neutralizar as incertezas que nos cercam todos os dias. Ainda que você não saiba se vai ser favorecido ou prejudicado por incertezas na economia, variações cambiais, clima inconstante ou uma fatalidade qualquer, você pode pelo menos minimizar os efeitos negativos se estiver preparado para o que der e vier. Antecipar os problemas e criar alternativas viáveis de ação são verdadeiras virtudes que nem todos detêm.

Não existe time titular e time reserva. Num verdadeiro jogo de equipe, não existe talento fixo. Luiz Felipe Scolari usou praticamente todo o banco de reservas, excetuando-se os goleiros. Em alguns casos, uma substituição servia apenas para motivar um jogador. Mas em muitos casos, usava-se um jogador por suas características pessoais. É certo que os especialistas dizem que o Brasil venceu muito mais por seus talentos individuais do que pelo esquema tático. Mas o mérito do treinador é saber colocar a pessoa certa no momento certo, dependendo das circunstâncias do jogo e do adversário. É preciso entender que ninguém é completo, todos tem suas qualidades e defeitos. Ter consciência delas e tirar proveito das suas vantagens representa um dos segredos do sucesso.

Uma verdadeira equipe adota um discurso único. Não importa se dentro de casa reina um clima de guerra, a imagem que o grupo mostra para o público é de união, força, coragem, coleguismo, comprometimento e apoio mútuo. Cada pergunta aos jogadores que os provocasse a falar sobre as diferenças e destaques individuais do grupo recebia sempre as mesmas respostas padrão. O que importa é o grupo, não me importo em ser o melhor da Copa, Ser o artilheiro é menos importante do que o título, o importante é que eu consiga sempre contribuir com o grupo. Este discurso único dá um senso de unidade à equipe, gera uma imagem positiva de conjunto e coesão. Este comprometimento é importante em qualquer ambiente organizacional, seja na sua comunidade, sua família, sua empresa. Roupa suja, quando há, se lava em casa.

Acredite em si mesmo. Tomar uma decisão como deixar o Romário de fora é extremamente difícil, sobretudo nas circunstâncias em que o técnico se encontrava na época. Decisões difíceis são normais em qualquer situação. O que vale nessa hora é a sua crença em suas idéias, valores e opiniões. Enfrenta-se qualquer coisa quando você acredita firmemente em suas convicções. Os ataques e manifestações contrárias à sua decisão acabam lhe fortalecendo, pois você é obrigado a rever suas verdades para se assegurar que pode enfrentar as críticas com determinação e segurança.

O verdadeiro líder se envolve de corpo e alma. A motivação e a força de vontade são tão ou mais importantes do que estratégias e táticas. Scolari soube criar uma ilha de positivismo em meio ao mar de desconfiança quando deixaram o país. Valeu-se de todos os artifícios para levantar a moral do grupo e motivá-los em torno de um objetivo comum. Acredito que, originalmente, seus esforços objetivavam colocar a equipe entre as quatro primeiras da Copa. No entanto, mas foi um trabalho de ascensão que, uma vez com o impulso bem dado, pouco esforço foi necessário para levar o grupo ao título. Arrisco-me a afirmar que se a competição ainda se estendesse e eles tivessem condições físicas, prosseguiriam se superando. A força de vontade é capaz de nos levar a realizar coisas às vezes impensáveis ou teoricamente inatingíveis.

Por fim, é impossível deixar de comentar a principal lição que tiramos deste evento: a verdadeira volta por cima que nosso principal atleta deu. Totalmente desacreditado desde a fatídica final de 98, Ronaldo calou todos os seus críticos e superou todos os prognósticos (até os mais favoráveis). Chegar aonde ele chegou, partindo de onde partiu, é um feito único, que deve servir de inspiração a todos nós. Não existe batalha perdida, não existe o fim da linha, não podemos desistir enquanto houver uma luz no fim do túnel. Além de muito esforço, o que também precisamos é de alguém que acredita em nós, que diz que podemos, que nos apóia e nos empurra para frente. Não importa quem seja: maridos, esposas, amigos, filhos ou seu técnico ou chefe.

Se você está desempregado, perdeu alguém importante, se separou, se a vida lhe passou uma rasteira, lembre-se da história de Ronaldo, reveja e emocione-se com a imagem dele chorando no final da partida já no banco de reservas, um choro que traduz todo o esforço, coragem e força de alguém que acreditou, que teve muita fé, que conseguiu superar todas as dificuldades e limites, e que foi honrosamente coroado com a láurea máxima de sua carreira. Lembre-se também das palavras do Felipão: Assim como nós conseguimos, o Brasil também consegue, sem nenhuma pretensão política, mas com a honestidade de quem acredita que podemos se acreditarmos que podemos.

Tudo isso me lembra a estória da competição de sapinhos. Todos os anos, um grupo de sapinhos apostava uma corrida para ver quem chegava ao topo de uma montanha. Durante a corrida, todos os outros animais comentavam que era muito difícil chegar ao topo, nunca nenhum sapinho havia conseguido tal feito. Aos poucos os sapinhos iam fraquejando e desistindo. O público seguia cético com relação aos líderes: Eles não vão conseguir, é muito difícil, Nunca ninguém chegou ao topo, e coisas do tipo. Até que sobrou apenas um sapinho e ele seguiu montanha acima. Que pena! Ele não vai conseguir!, Ainda está muito longe para ele!, Ele devia desistir logo!. Com muito esforço ele enfim atingiu o topo a despeito de todos. Foi ovacionado, carregaram-no como a um herói e enfim descobriram o segredo do seu sucesso: Ele era surdo!

Portanto, inspire-se nesta conquista para recarregar seus ânimos. Veja as adversidades sob outro ângulo, acredite em si. A nossa Seleção fez a parte dela. Agora, vamos fazer a nossa, com orgulho de quem somos e olhando sempre para um mundo melhor no futuro, superando os desafios, um a um e nos tornando surdos quanto às críticas e ceticismos alheios.

Para terminar, reproduzo um ensinamento de Sun Tzu, autor de A arte da Guerra, livro de inspiração do Felipão: "A garantia de nos tornarmos invencíveis está em nossas próprias mãos. Tornar o inimigo vulnerável só depende dele próprio."

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