O melhor momento para pedir aumento de salário
Pesquisa do LinkedIn mostra quando um profissional tem mais chance de conseguir uma promoção na empresa
Talita Abrantes
Publicado em 11 de maio de 2011 às 14h40.
São Paulo – A economia está em alta e seus superiores nunca estiveram tão otimistas com relação aos negócios da empresa. Agora, em termos salariais, você (ainda) está sonhando com o momento em que irá participar deste momento histórico? Mas, calma. Antes de rumar para a sala do chefe e perguntar pelo incremento na remuneração vale lembrar que para tudo há um tempo certo - inclusive quando o assunto é promoções na carreira e aumento salarial.
Pelo menos é o que indica pesquisa recente elaborada pela rede profissional LinkedIn. Com base nos dados de 90 milhões de usuários ao redor do mundonas duas últimas décadas, a empresa constatou que janeiro continua sendo o mês com maior concentração de promoções. E, portanto, o momento mais propício para mirar os olhos da chefia e conversar sobre o seu futuro profissional (e salarial).
“É um dado histórico. Boa parte das empresas aproveitam este período para concluir as avaliações de desempenho dos funcionários e fechar seus planos estratégicos. Neste contexto que são oferecidos os aumentos salariais”, diz Fátima Motta, sócio diretora da FM consultores e professora do núcleo de gestão de pessoas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Agora, não se apavore caso janeiro tenha passado sem qualquer indício de uma maior robustez salarial em 2011. A pesquisa revela que, na última década, o número de promoções diminuiu proporcionalmente no primeiro mês e se diluiu ao longo de outros períodos do ano. Para se ter uma ideia, durante a década de 90, segundo o estudo, 22% das promoções aconteciam em janeiro. A partir da última década, este índice caiu para 16%.
Nesse caso, a concentração varia de acordo com o país e área de atuação. Por exemplo, depois de janeiro, junho e julho são os meses em que mais pessoas foram promovidas nos Estados Unidos. Na Índia, abril foi o mês vice-campeão de movimentações no mercado de trabalho.
Por setor
Os dados referentes à realidade do Brasil ainda não foram contabilizados, mas devem ser divulgados em breve, de acordo com o representante do LinkedIn no país. Mesmo assim, os números de promoções por setor dão alguns indícios de como o mercado de trabalho tem se comportado em território nacional.
Por exemplo, a área de tecnologia da informação segue o padrão trimestral de movimentação. Nesse setor, de acordo com o estudo, durante a última década houve maior número de promoções no início de cada trimestre.
“Isso está muito relacionado com planejamento estratégico. Se as metas foram superadas no trimestre e há profissionais que ela corre o risco de perder, uma das estratégias é aumentar o salário”, diz André Asseff, diretor da Desix.
Mas isso varia conforme a característica de cada mercado. No setor de Ensino Superior, por exemplo, as movimentações de carreira ficaram mais intensas durante as férias de verão de países como Estados Unidos e Inglaterra.
Para o diretor da Desix, a diluição das promoções ao longo do ano no caso do Brasil é uma provável consequência do atual cenário econômico e social do país. “De um lado, há uma carência profunda de profissionais qualificados. De outro, uma geração que quer resultados de carreira imediatos”, afirma Asseff. “Se combinado a isso, há uma pressão por entrega de projetos e bom desempenho, então realmente haverá promoções ou aumentos salariais ao longo do ano”.
Bom senso
Mas isso, segundo ele, varia de acordo com a política de movimentação de carreira de cada empresa. Em algumas, os critérios são mais rígidos. Nessas, em nome da manutenção da cultura organizacional, é possível sim que um bom funcionário tenho um pedido de aumento salarial negado.
Por isso, a regra de ouro para quem pretende negociar um crescimento na hierarquia dentro na empresa (ou um reajuste no salário) é compreender muito bem qual o contexto de negócios em que ela está inserida. Ou seja, é preciso saber quais são as políticas que norteiam as decisões dos gestores e, principalmente, qual a realidade do mercado.
“Às vezes, o seu pacote de remuneração está de acordo com o oferecido em outras empresas. Então, isso não justificaria um aumento por si só”, diz Fabiano Caxito, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA) e autor do livro “Não deixo a vida me levar, a vida levo eu!” (Editora Saraiva).
Bom senso também é essencial. Isso porque, muitas vezes, os profissionais podem tender a uma espécie de narcisismo além da conta e “pensar que é um peça chave para a empresa, quando na verdade não é”, diz Asseff.
Por isso, vale fazer um “check-up” da sua atuação como profissional. “Se você fez o que foi pedido, então está sendo pago de acordo com o que foi combinado”, diz Fátima, da ESPM. “O reconhecimento só pode vir quando seu desempenho vai além daquilo que era esperado”.
Para ela, nesses casos, o profissional nem precisa entrar com o pedido de promoção ou aumento. Bons gestores estão sempre atentos a pessoas com este perfil.
Mas se este não for o caso do seu setor, a solução é negociar de maneira assertiva e objetiva. Em outras palavras, nada de blefar, reclamar ou choramingar como se estivesse pedindo esmola. A dica é pensar em uma argumentação sólida, baseada em dados e fatos relevantes para a companhia.