Carreira

8 jeitos de descobrir a cultura da empresa

Especialista indica o que merece atenção na hora de descobrir se você está alinhado aos valores de uma empresa


	Funcionários no escritório da Cisco em São Paulo: ambiente aberto, sem paredes, é sinal de valorização da comunicação e transparência
 (Omar Paixão / VOCÊ S/A)

Funcionários no escritório da Cisco em São Paulo: ambiente aberto, sem paredes, é sinal de valorização da comunicação e transparência (Omar Paixão / VOCÊ S/A)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 6 de março de 2013 às 16h05.

São Paulo – Estar alinhado à cultura de uma empresa pode fazer a diferença na hora de ser o escolhido pelo recrutador em meio a um processo seletivo.Mas para descobrir quais são as prioridades de uma companhia, para perceber em que medida você se encaixa nesta visão de mundo, não basta visitar o site e ler a missão e os valores declarados. “Nem sempre o que é declarado é a realidade”, diz Caio Brisolla, diretor da Marcondes Consultoria.

De acordo ele, muitas vezes aspectos que podem passar em branco - durante uma entrevista de emprego, uma visita à sede, ou durante a leitura de reportagens e relatórios – dizem, e muito, sobre a cultura de uma empresa para quem ainda não trabalha nela. Confira quais são eles:

1 Comportamento dos líderes

A cultura se manifesta no comportamento de quem está no topo da empresa. “Do discurso ao gesto”, diz Brisolla. Leia entrevistas com o CEO ou diretores da empresa e tente analisar a fala deles, como eles tomam as decisões e como gerenciam as pessoas. 

Um colega ou conhecido que trabalhe na empresa também pode ajudar a descobrir o que é mais valorizado, se é o esforço coletivo ou individual e se a preocupação é com o crescimento a curto, médio ou longo prazo. “Se é um líder que só fala em resultado financeiro o foco é o curto prazo”, explica Brisolla.

2 Políticas da empresa

Ao procurar os relatórios oficiais publicados pela empresa é possível “pescar” também informações valiosas a respeito dos valores em destaque na empresa. Se você não encontrar nenhum relatório de sustentabilidade publicado, por exemplo, pode chegar à conclusão de que a empresa não valoriza isso, de acordo com Brisolla.

Da mesma forma, projetos sociais desenvolvidos pela empresa são indicadores de que ela é comprometida com a sua responsabilidade social. “Nas ações e políticas da empresa a sua cultura também se manifesta”, diz ele.

3 Código de ética publicado

A preocupação com a conduta dos funcionários fica clara na medida em que a empresa torna público o seu código de ética. Na entrevista também é possível descobrir a importância desse valor. 

“O candidato que queira descobrir se a ética é valorizada pela empresa pode pedir para o recrutador citar quais foram os últimos desvios de conduta e se as pessoas foram punidas”, diz Brisolla.


4 Organograma

O organograma também pode revelar se a empresa tem uma cultura mais centralizadora ou não. “Quando você olha o organograma e percebe um monte de caixinhas, níveis hierárquicos, é sinal de que é uma empresa centralizadora”, diz Brisolla.

Uma empresa de porte médio, com cerca de mil funcionários, que apresente um organograma vertical com 200 cargos de liderança é uma empresa que valoriza a posição de chefia.

5 Portfólio de produtos e serviços

A preocupação com a inovação de uma empresa pode estar portfólio de seus produtos e/ou serviços. “Se é uma empresa que faz as mesmas coisas há 30 anos, ela não é muito inovadora”, explica Brisolla. Se você deseja trabalhar em um lugar em que a inovação é regra de ouro fique atento ao número de lançamentos feitos por ela nos últimos anos. 

6 Layout da empresa

Na parede da sala de espera, o quadro indica a transparência e a comunicação como valores fundamentais promovidos pela empresa. Mas ao ser chamado para a entrevista você caminha por um labirinto de salas individuais fechadas, sem vidro.

Segundo Brisolla, desconfie do que “diz” o quadro na parede. “O layout da empresa diz muito se a comunicação flui e se é transparente”, diz Brisolla. Ambientes mais abertos, com as pessoas trabalhando juntas e salas de reunião envidraçadas expressam mais a preocupação com a comunicação e transparência.

Outro ponto que revela a cultura de uma empresa é o ambiente de restaurantes, diz Brisolla. Há empresas em que o restaurante que o presidente almoça é o mesmo que recebe todos os funcionários. Mas há outras em que não é bem assim. 


“A empresa pode colocar como valor o respeito à diversidade, mas tem 5 tipos de restaurantes dependendo do nível hierárquico do funcionário. A cultura é diagnosticada no dia a dia, nas práticas e não no que está escrito”, diz Brisolla.

7 Rotatividade

É certo que cada setor tem a sua taxa de rotatividade própria, mas, de acordo com Brisolla, esse é um aspecto que também merece atenção. 

“Se a cada dois anos a empresa troca seu quadro de funcionários, talvez as pessoas não estejam engajadas”, diz Brisolla. Este aspecto pode ser descoberto na entrevista de emprego ou com conhecidos que trabalhem na empresa.

8 Salários

Há empresas em que a remuneração variável responde por grande parte do salário. “Se é uma empresa agressiva, forte no pagamento de bônus é sinal que reconhece o desempenho, mas a variável é desempenho financeiro”, lembra Brisolla. 

Se o bônus é em ações da empresa, a estratégia é reter funcionários. “Valor da ação tende a mudar conforme o desempenho da empresa e se vai mal, em última instância, é por conta do desempenho dos executivos”, diz Brisolla.

Mais do um salário alto, para Brisolla, a possibilidade de ascensão na carreira e variação de cargos dentro de uma empresa é sintoma de uma cultura que valoriza o funcionário. “Muitas vezes o salário alto é uma estratégia de competição por talentos entre as empresas”, diz ele. 

Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosComportamentoMercado de trabalho

Mais de Carreira

Lifelong learning: o segredo para crescer profissionalmente pode estar fora da sua área de atuação

Pedido para cidadania italiana ficará mais caro a partir de janeiro; entenda a nova lei

Brasileiros que se mudaram para Finlândia compartilham uma lição: a vida não é só trabalho

Como usar a técnica de Delphi para tomada de decisões