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Neste setor há novas vagas, mas está difícil preenchê-las

Fechar contratações no setor de agronegócio não é tarefa simples, dizem especialistas

Lupa: há interessados mas poucos têm o perfil procurado (Thinkstock)

Camila Pati

Publicado em 13 de abril de 2016 às 11h08.

São Paulo – Embora as previsões para 2016 sejam de crescimento bem mais tímido, é inegável que, até agora, o tombo do PIB nacional só não foi maior porque os resultados do agronegócio conseguiram segurar o país.

Único setor a registrar alta em 2015, o agronegócio responde por quase um terço (23%) do PIB do Brasil e é um oásis de criação de novos postos de trabalho, em meio a um cenário quase exclusivo de vagas de substituição. “O agronegócio é onde está a vantagem competitiva do Brasil, carregou o PIB do país no ano passado”, diz Jeffrey Abrahams, sócio-gerente do Fesap Group.

Profissionalização de empresas nacionais e investimentos de multinacionais são a boa nova para executivos e profissionais mais técnicos quem buscam emprego no setor. Profissionais de finanças têm sido, historicamente, os executivos mais buscados pelo Fesap Group na área de agronegócio: 35% das posições trabalhadas no ano passado, e 29% nos últimos 9 anos.

Mas, fechar as contratações não tem sido tarefa simples, segundo Muna Hammad, diretora de RH e Comunicação para a América do Sul da Kemin, empresa global de biotecnologia especializada na fabricação de microingredientes para uso na nutrição e saúde animal. A empresa cresceu 40% em 2015 e, neste ano, criou 18 novos postos de trabalho nas áreas de vendas, produtos, finanças e marketing.

“A gente não consegue encontrar profissionais com perfil que buscamos. Em duas semanas, recebi 659 currículos para a posição de diretor de financeiro. Destes, só 18 foram selecionados e apenas cinco foram chamados para entrevistas”, diz Muna.

Currículo e realidade não batem

Conhecimento do mercado no Brasil, visão global, inglês fluente para se reportar ao vice-presidente financeiro da sede da Kemin, nos Estados Unidos, são alguns dos requisitos do cargo. A seleção iniciada em fevereiro seguia sem definição até a semana passada. Tempo maior do que os 45 dias que duram em média uma seleção de executivo. “ É um processo um pouco mais longo porque a validação da contratação passa por entrevista nos Estados Unidos também”, diz.

O problema principal para a demora no processo, segundo ela, é que muitas vezes o que está no currículo não corresponde à realidade. “O profissional deixa de colocar a informação como deve só tudo será checado”, diz a diretora de RH. Valores profissionais ligados a ética e a exemplos de vida também são uma questão crítica do processo seletivo. “Em muitos casos verificamos que os valores do profissional não condizem com o que nós acreditamos na Kemin”, diz Muna.

Na opinião de Jeffrey Abrahams, do Fesap Group, recrutar executivos para o agronegócio, de forma geral, é desafiador por natureza já que grande parte das posições são para trabalhar fora do eixo Rio São Paulo.

“A questão geográfica é um limitador, acaba afastando profissionais com filhos em idade escolar que tenham preocupação em relação a educação de primeira linha, acesso a serviços médicos, entre outras questões”, diz ele. No caso específico da Kemin, no entanto, a localização não é um grande limitador. No Brasil, suas fábricas estão em Indaiatuba (SP) e Chapecó (SC).

E a dificuldade no recrutamento, segundo a diretora de RH da empresa se estende também às vagas técnicas. “Nesses casos exigimos formações técnicas nas áreas de zootecnia, agronomia, veterinária, engenharia de alimentos, entre outras e anos experiência no segmento”, diz Muna.

Para estes profissionais, não há exigência de domínio de inglês e a seleção conta com análise e filtragem de currículos, entrevistas técnica e comportamental e a elaboração de uma apresentação de 20 minutos sobre um tema ligado à sua área de atuação para um grupo de profissionais da empresa. “Neste momento é que ele é questionado no detalhe para sabermos o quanto ele conhece do mercado”, diz.

Segundo Muna, 70% dos técnicos que são selecionados para fazer a apresentação não conseguem mostrar que seu conhecimento de mercado está de acordo com o que escreveram no currículo. “A vivência de mercado é menor do que o que eles dizem”, diz Muna.

Nervosismo em alta

E o nervosismo é um ingrediente cruel neste cenário. De acordo com Muna, os candidatos, técnicos e executivos, estão, sim, mais ansiosos. Fusões e aquisições que movimentaram o agronegócio no ano passado contribuíram para isso, afirma o sócio-gerente do Fesap Group. “Há bons profissionais disponíveis no mercado”, diz Abrahams.

Muitos dos currículos que chegam à Kemin, diz Muna, vêm de profissionais já há um bom tempo procurando emprego. “Grande parte saiu do último emprego em abril, maio do ano passado.”

E as consequências de tanta ansiedade vão do exagero na hora de falar sobre realizações na carreira a erros simples, mas, totalmente prejudiciais ao candidato. “ Vi um candidato que errou o próprio e-mail de contato. Sua sorte foi que conseguimos localizá-lo pelo LinkedIn”, disse.

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São Paulo – Embora as previsões para 2016 sejam de crescimento bem mais tímido, é inegável que, até agora, o tombo do PIB nacional só não foi maior porque os resultados do agronegócio conseguiram segurar o país.

Único setor a registrar alta em 2015, o agronegócio responde por quase um terço (23%) do PIB do Brasil e é um oásis de criação de novos postos de trabalho, em meio a um cenário quase exclusivo de vagas de substituição. “O agronegócio é onde está a vantagem competitiva do Brasil, carregou o PIB do país no ano passado”, diz Jeffrey Abrahams, sócio-gerente do Fesap Group.

Profissionalização de empresas nacionais e investimentos de multinacionais são a boa nova para executivos e profissionais mais técnicos quem buscam emprego no setor. Profissionais de finanças têm sido, historicamente, os executivos mais buscados pelo Fesap Group na área de agronegócio: 35% das posições trabalhadas no ano passado, e 29% nos últimos 9 anos.

Mas, fechar as contratações não tem sido tarefa simples, segundo Muna Hammad, diretora de RH e Comunicação para a América do Sul da Kemin, empresa global de biotecnologia especializada na fabricação de microingredientes para uso na nutrição e saúde animal. A empresa cresceu 40% em 2015 e, neste ano, criou 18 novos postos de trabalho nas áreas de vendas, produtos, finanças e marketing.

“A gente não consegue encontrar profissionais com perfil que buscamos. Em duas semanas, recebi 659 currículos para a posição de diretor de financeiro. Destes, só 18 foram selecionados e apenas cinco foram chamados para entrevistas”, diz Muna.

Currículo e realidade não batem

Conhecimento do mercado no Brasil, visão global, inglês fluente para se reportar ao vice-presidente financeiro da sede da Kemin, nos Estados Unidos, são alguns dos requisitos do cargo. A seleção iniciada em fevereiro seguia sem definição até a semana passada. Tempo maior do que os 45 dias que duram em média uma seleção de executivo. “ É um processo um pouco mais longo porque a validação da contratação passa por entrevista nos Estados Unidos também”, diz.

O problema principal para a demora no processo, segundo ela, é que muitas vezes o que está no currículo não corresponde à realidade. “O profissional deixa de colocar a informação como deve só tudo será checado”, diz a diretora de RH. Valores profissionais ligados a ética e a exemplos de vida também são uma questão crítica do processo seletivo. “Em muitos casos verificamos que os valores do profissional não condizem com o que nós acreditamos na Kemin”, diz Muna.

Na opinião de Jeffrey Abrahams, do Fesap Group, recrutar executivos para o agronegócio, de forma geral, é desafiador por natureza já que grande parte das posições são para trabalhar fora do eixo Rio São Paulo.

“A questão geográfica é um limitador, acaba afastando profissionais com filhos em idade escolar que tenham preocupação em relação a educação de primeira linha, acesso a serviços médicos, entre outras questões”, diz ele. No caso específico da Kemin, no entanto, a localização não é um grande limitador. No Brasil, suas fábricas estão em Indaiatuba (SP) e Chapecó (SC).

E a dificuldade no recrutamento, segundo a diretora de RH da empresa se estende também às vagas técnicas. “Nesses casos exigimos formações técnicas nas áreas de zootecnia, agronomia, veterinária, engenharia de alimentos, entre outras e anos experiência no segmento”, diz Muna.

Para estes profissionais, não há exigência de domínio de inglês e a seleção conta com análise e filtragem de currículos, entrevistas técnica e comportamental e a elaboração de uma apresentação de 20 minutos sobre um tema ligado à sua área de atuação para um grupo de profissionais da empresa. “Neste momento é que ele é questionado no detalhe para sabermos o quanto ele conhece do mercado”, diz.

Segundo Muna, 70% dos técnicos que são selecionados para fazer a apresentação não conseguem mostrar que seu conhecimento de mercado está de acordo com o que escreveram no currículo. “A vivência de mercado é menor do que o que eles dizem”, diz Muna.

Nervosismo em alta

E o nervosismo é um ingrediente cruel neste cenário. De acordo com Muna, os candidatos, técnicos e executivos, estão, sim, mais ansiosos. Fusões e aquisições que movimentaram o agronegócio no ano passado contribuíram para isso, afirma o sócio-gerente do Fesap Group. “Há bons profissionais disponíveis no mercado”, diz Abrahams.

Muitos dos currículos que chegam à Kemin, diz Muna, vêm de profissionais já há um bom tempo procurando emprego. “Grande parte saiu do último emprego em abril, maio do ano passado.”

E as consequências de tanta ansiedade vão do exagero na hora de falar sobre realizações na carreira a erros simples, mas, totalmente prejudiciais ao candidato. “ Vi um candidato que errou o próprio e-mail de contato. Sua sorte foi que conseguimos localizá-lo pelo LinkedIn”, disse.

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