Nesta Black Friday, que tal contratar profissionais com 47% de desconto?
Já ouviu falar da Black Salary Friday? Confira este grande desconto na hora de contratar profissionais
Luísa Granato
Publicado em 23 de novembro de 2018 às 10h50.
Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 10h50.
São Paulo - Nesta sexta-feira, 23, acontece o festival de descontos da Black Friday 2018 , evento do varejo importado dos Estados Unidos e que provoca uma corrida dos consumidores atrás dos preços mais baixos.
As tentações estão em toda parte: são promoções de celulares, imóveis, lanches, seguros, cursos e funcionários.
Isso mesmo! Que tal contratar um profissional com 47% de desconto no salário? É melhor que muitas promoções na internet.
Essa é a campanha Black Salary Friday, mas, diferente dos preços do e-commerce, ela não se aplica por tempo limitado. Infelizmente, ela se refere a uma realidade do dia a dia para parte dos brasileiros: a desigualdade racial.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, um profissional negro recebe em média 47% menos que um branco para exercer a mesma função.
Com o intuito de chamar atenção para o problema, a organização ID_BR (Instituto Identidades do Brasil) lançou a ação fictícia para a Black Friday, aproveitando a proximidade da data com o Dia da Consciência Negra.
“Perdemos muito espaço nessa semana com a disputa de narrativas, entre o novembro azul e as promoções, vimos a necessidade de falar sobre uma causa importante. Essa é uma promoção que ninguém escolhe ter e deixa a pessoa com menor valor no mercado de trabalho”, explica Luana Génot, fundadora e diretora executiva do ID_BR.
O Instituto é uma organização sem fins lucrativos focada na causa da igualdade racial no Brasil através de campanhas e ações em diferentes formatos para conscientizar e engajar organizações e a sociedade.
Segundo a fundadora do ID_BR, a questão deveria ser vista como estratégica, pois a igualdade salarial ampliaria a capacidade sócio econômica dos indivíduos.
“A pessoa fica com o potencial de compra reduzido, a economia poderia performar melhor se incluísse esse cidadão integralmente. É preciso alertar a sociedade sobre essas discrepâncias”, afirma.
As diferenças no mercado de trabalho ficam evidentes quando se compara o aumento na qualificação da população negra nos últimos anos com a ainda baixa inclusão nas empresas. Segundo o Ministério da Educação, em 3 anos, 150 mil negros ingressaram em universidades por meio de cotas.
Segundo Luana, a entrada ampliada de negros no ambiente universitário foi ampliada, mas o mercado corporativo não se preparou para receber esses alunos e auxiliá-los a traçar carreiras.
“Por exemplo, se eu tenho uma mãe manicure, o pai pedreiro e sou a primeira geração a ter acesso a esse mundo, como terei referência para traçar minha trajetória de carreira e chegar ao cargo de CEO? Precisamos ampliar as possibilidades que esse indivíduo possa galgar, por meio de mentoria, aceleração profissional ou exposição a uma rede de networking ”, diz ela.
Entenda mais sobre a campanha e a causa da igualdade racial pelo site do Black Salary Friday.