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“Minha missão é acabar com a escala 6x1”, diz criador do Movimento VAT (Vida Além do Trabalho)

A proposta da petição é de um regime de trabalho 4x3 (trabalha 4 dias e folga 3), que já está sendo testado em vários países, inclusive no Brasil

 (Davi Pinheiro/Divulgação)

(Davi Pinheiro/Divulgação)

Publicado em 30 de dezembro de 2024 às 08h08.

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“A minha revolta com a escala 6x1 era para ser apenas um desabafo na rede social, mas tomou uma proporção surreal. Hoje tenho uma missão - defender por mais vida além do trabalho,” diz Rick Azevedo, defensor do movimento VAT (Vida Além do Trabalho) e ex-balconista de farmácia.

O Movimento VAT, que quer acabar com a escala 6X1 surgiu no Tik Tok no final do ano passado, trazendo muitos apoiadores, assim como muitos haters. Neste ano, Rick diz que o movimento deve ganhar proporções ainda maiores.

Especialistas explicam que esse é um dos movimentos que lutam por uma nova escala de trabalho. Tanto no Brasil quanto em outros países, a escala 4x3 que Rick defende já está sendo testada. Além disso, o movimento que ganhou destaque por causa de uma rede social tem relações com outras tendências que surgiram no mercado de trabalho internacional.

Como o Movimento VAT começou?

Nascido em Tocantins e morador do Rio de Janeiro há 10 anos, Rick aos 30 anos estava cansado da escala 6x1 que o trabalho de balconista de farmácia lhe proporcionava. Em paralelo, também conciliava os trabalhos de influencer no Tik Tok onde comentava as novidades do mundo pop - mas nenhuma live  repercutiu tanto quanto o vídeo que ele publicou no dia 13 de setembro de 2023.

“Era uma segunda-feira quando eu estava de folga e decidi gravar um vídeo. Era o único dia que eu tinha de descanso em uma semana. Era o único dia em que eu poderia marcar um médico, arrumar a casa ou ir à praia. Eu já estava inconformado com essa escala desumana de 6x1 em pleno período que vigora o CLT, quando a minha coordenadora me ligou e me estimulou ainda mais a desabafar.”

Na ligação a coordenadora pediu para Rick entrar mais cedo no dia seguinte - a mudança de horário encurtou o seu único dia de folga. “Costumava entrar às 14h30, ou seja, contava com o descanso da manhã seguinte, que me foi tirado também,” diz Rick.

O vídeo foi publicado no dia 13 de setembro na parte da manhã, enquanto Rick ia ao trabalho. Com o celular desligado durante o expediente, o balconista só se deu conta da repercussão que o seu vídeo tomou na internet quando ligou o celular e viu milhares de mensagens chegando. “Vi notificações por todo o lado. Muita gente repercutindo e dizendo que a escala 6x1 é um absurdo, inclusive muitos advogados.”

Os próximos passos

A repercussão era o que Rick precisava para ir mais além com o tema. Criou um WhatsApp para articular ações com os apoiadores, enquanto ainda trabalhava na farmácia. Em menos de uma semana, o grupo que recebia até 2 mil pessoas lotou. “Foi aí que decidi fazer grupos por estado, para articular ações com pessoas de cada região”

O nome do movimento foi criado junto com esses apoiadores. Entre várias sugestões, a sigla "VAT (Vida Além do Trabalho)" trouxe a definição do que ele defendia no vídeo e o que o perturbava atrás do balcão todos os dias. “A mensagem que eu quero passar é que as pessoas precisam viver além do trabalho e o nome chegou para identificar a causa.”

Com o nome definido, Rick buscou orientação com especialistas para os próximos passos. “Cheguei no meu amigo que é advogado e disse: Precisamos retirar a escala 6x1 do CLT. Como posso notificar as autoridades?”.

Foi neste momento que João Victor Félix, o amigo advogado que hoje faz parte da equipe jurídica do movimento, teve a ideia do abaixo-assinado, que ao ser lançado nas redes sociais recebeu só na primeira semana 50 mil assinaturas - hoje já soma mais de 550 mil assinaturas. “Pensei que conseguiria umas 100 mil assinaturas, mas novamente a proporção foi muito maior e isso mostra que realmente há muitas pessoas sofrendo com esse regime.”

A ida para as ruas

Com o movimento ganhando fama e até apoio do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), o clima no trabalho de Rick não ficou tão agradável e ele acabou saindo. “Eu pedi para sair, porque na verdade houve uma pressão.”

Após o sucesso da petição e das redes sociais, Rick foi para as ruas e elaborou atos de panfletagens. “Ainda não temos força para ir para a Paulista, mas saí do Rio e fui nos principais centros do estado de São Paulo, como a praça da Sé, para avisar os varejistas sobre o movimento.”

“O setor do varejo é um dos setores que sustenta o Brasil e na pandemia foi provado isso. Não paramos o posto de gasolina, a farmácia, o mercadinho...por que essas pessoas não merecem uma escala justa de trabalho?”.

Além de São Paulo, junto com apoiadores, Rick fez atos em outros estado, como na Central do Brasil, no RJ, e passou também por universidades, como a Universidade Federal Fluminense (RJ) e a Universidade Federal do Ceará.

“Entre os próximos destinos está viabilizar ainda este ano um grande ato na Paulista e na Praça dos 3 Poderes”, afirma Rick.

Esta reportagem foi publicada em 11 de novembro de 2024. Clique aqui para ver a matéria original.

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