Carreira

Marcus Werneck, da AW Capital: dos mergulhos para o mercado financeiro

Sócio do escritório de investimentos AW Capital, do Rio, foi mergulhador profissional e diz que a exploração do mar traz lições ao mercado financeiro

Werneck, da AW Capital: “Passar tranquilidade para os clientes é a grande função do agente de investimentos" (Divulgação/Divulgação)

Werneck, da AW Capital: “Passar tranquilidade para os clientes é a grande função do agente de investimentos" (Divulgação/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2020 às 15h03.

Última atualização em 22 de novembro de 2020 às 15h07.

Para o carioca Marcus Werneck, o mercado de capitais e o fundo do mar têm algo em comum: ambos exigem uma boa dose de ousadia – e inteligência emocional – de quem está disposto a explorá-los.

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Werneck é sócio da AW Capital, escritório de investimentos sediado no Rio de Janeiro e plugado ao ecossistema do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) desde a metade de 2020. O escritório foi aberto neste ano por Werneck e o sócio Augusto Parente, ambos com mais de uma década de experiência no mercado de capitais. No radar do escritório estão pessoas físicas e empresas interessadas na expansão do patrimônio e diversificação dos investimentos em meio ao cenário de juros baixos do Brasil atual.

A julgar pelo volume de novos clientes, o escritório tem conseguido navegar bem em tempos desafiadores como o atual, em que a volatilidade trazida pela pandemia tem assustado os investidores mais incautos. Mantido o ritmo de crescimento dos últimos meses, o AW Capital deve chegar a uma carteira de 1 bilhão de reais em investimentos ao fim de 2021.

Antes de entrar no mercado de capitais, Werneck foi mergulhador profissional por mais de três décadas. O que era um hobby incentivado pela família na adolescência virou trabalho a partir dos 18 anos.

Na época, Werneck fez cursos nos Estados Unidos para virar instrutor de mergulho e, assim, estar apto para levar outras pessoas para o fundo do mar – a uma profundidade de até 150 metros.

“Na época o mergulho era vendido como algo contemplativo, mas pra mim essa atividade sempre foi mais do que isso”, diz.

De lá para cá, Werneck foi representante no Brasil de certificadoras internacionais de escolas de mergulho. Na rotina estava ministrar cursos em empresas, desenvolver material didático sobre o tema além de acompanhar gravações de novelas e programas de tevê no fundo do mar. Ao longo de três décadas, Werneck chegou a uma certeza sobre o ofício: “O mergulho é a maior ferramenta de desenvolvimento pessoal que existe”, diz.

O mergulho em profundidade exige habilidades como ousadia para transitar num ambiente desconhecido, como o mar, além de uma boa dose de confiança no trabalho de equipe. Em mergulhos profissionais, com equipamentos, é comum o instrutor ficar com o controle do fornecimento de oxigênio – insumo vital para quem está num ambiente sob pressão como o fundo do mar. “É uma atividade que requer controle emocional e alta performance para que nada dê errado”, diz.

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Augusto Parente, sócio do AW Capital: meta de 1 bilhão de reais em carteira até o fim de 2021 (Divulgação/Divulgação)

Com tudo isso, em 2010, já aos 40 anos, e com idade avançada para seguir no mergulho de profundidade, Werneck viu uma oportunidade de migrar para o mercado financeiro. “Eu podia não saber nada do mercado financeiro, mas sabia lidar com pessoas em situação de estresse sem entrar em desespero”, diz Werneck. “Passar tranquilidade para os clientes é a grande função do agente de investimentos.”

Para o sócio da AW Capital, a experiência de mergulho em profundidade traz quatro lições a quem está disposto a investir no mercado financeiro:

1- Preparo técnico

Assim como no mar é preciso estar fisicamente preparado para enfrentar a pressão e a falta de oxigênio, as finanças pessoais exigem investimento de tempo além de um esforço pessoal para entender as aplicações e os riscos envolvidos.

2 - Planejamento

Objetivos claros e que levam em conta as individualidades de cada um evitam erros no mergulho como usar equipamentos errados ou em excesso ou ainda que a equipe não se comprometa e se motive com as metas. Nos investimentos funciona da mesma forma: com o comprometimento de todos da equipe, do assessor ao cliente, é possível traçar planos de investimento que façam sentido para todos os lados.

3 - Trabalho em equipe

Muitas vezes projetos foram salvos e acidentes evitados, porque mergulhadores capacitados ficaram na superfície para organizar a logística, preparar os gases respiratórios e sistemas de emergência. A melhor equipe não é a formada pelos mergulhadores mais habilidosos na água, ela é formada pelos mergulhadores que motivam espírito de propósito e confiança, e conseguem assumir responsabilidades perante o todo.

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Marcus Werneck na atividade de mergulhador profissional: lições de controle emocional e gestão do estresse úteis a quem quer investir (Divulgação/Divulgação)

4- Estar preparado para o risco

O aprendizado emocional só acontece com a prática e a experiência. Exercitar o desafio a sua zona de conforto em ambientes controlados e de forma constante, é muito importante para aprender a gerenciar estresse. Por isso atividades como mergulho, paraquedismo, maratonas, etc. A lógica vale para os investimentos: muito estresse é ruim e sem estresse não há adaptação e desenvolvimento – e nem retornos financeiros.

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