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Maratona diária

Lanche que vale por almoço, quatro reuniões e aula até as 23 horas. Acompanhe a rotina de um workaholic típico

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h34.

O engenheiro paulista Carlos Alberto Guerra Filgueiras não se lembra da última vez que saiu para uma balada no meio da semana. Nem quando leu um livro que não fosse relacionado a trabalho. Aos 28 anos, Degas, como é conhecido desde a infância, traçou uma meta para sua vida e procura segui-la à risca. O grande objetivo hoje é crescer profissionalmente. Seu maior prazer chama-se trabalho. Como legítimo workaholic, ele se desdobra em diversas atividades. É diretor de marketing da ebX, companhia de logística com mais de 800 funcionários que tem como principais acionistas o empresário Eike Batista e o fundo de investimentos americano Warburg Pincus. (Degas também se tornou acionista da ebX quando vendeu sua empresa -- a Intercourier -- para Eike Batista.) É na sede da ebX, localizada na Lapa, zona oeste de São Paulo, que ele passa a maior parte do tempo -- entre dez e 12 horas por dia. O restante é dividido entre outras três atividades. Uma delas é o investimento na Faculdades Nordeste (Fanor), fundada em Fortaleza no ano 2000. Diariamente Degas telefona para a faculdade para acompanhar o empreendimento, que já conta com 1,4 mil alunos. Uma vez por mês, toma um avião para verificar pessoalmente, durante o fim de semana, a situação do negócio. Ele é também o principal investidor do portal Biz@vista, destinado ao comércio eletrônico entre pequenas e médias empresas. Para completar, é o responsável pelo planejamento financeiro do hotel Emiliano, recém-inaugurado em São Paulo e de propriedade de sua família.

Degas nunca desliga o celular para não correr o risco de perder uma chamada importante do escritório. Dorme pouco. Entre cinco e seis horas por dia. Duas noites por semana -- das 21h30 às 23 horas --, toma aulas de espanhol e francês. Solteiro, só consegue encontrar a namorada nos fins de semana. Diz que está feliz com a vida que leva porque pode ver os resultados de seu esforço. Mas sabe que não agüentará esse ritmo por muito tempo. "Quando eu tiver uns 40 anos quero estar um pouco menos acelerado no trabalho." Enquanto não pisa no freio, será que não se cansa? Ele toma alguns cuidados para preservar a saúde: não bebe, não fuma e faz exercícios três vezes por semana. Ansioso, às vezes perde o apetite, o que também ajuda a manter o corpo em forma. Sinais de cansaço só começam a aparecer mais para o fim da semana. O sintoma mais freqüente é um leve tremor na pálpebra, que normalmente ocorre às quintas ou sextas-feiras. É também nas poucas ocasiões em que tira folga que o cansaço o vence. No fim do ano passado, por exemplo, foi com um grupo de amigos esquiar em Aspen, nos Estados Unidos. "Eu era o mais desanimado da turma", diz, em tom de brincadeira. "Parecia que toda a minha energia tinha evaporado."

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No dia 22 de janeiro, uma terça-feira castigada por um calor senegalesco, EXAME acompanhou o cotidiano de Degas. (Aqui vale uma confissão: a repórter e o fotógrafo terminaram exaustos o expediente de mais de 15 horas!) Acompanhe a rotina do executivo:

Com uma personal trainer, Degas começa a aula de ginástica numa academia ao lado de casa. Enquanto se exercita, assiste ao noticiário da TV. Uma hora depois de levantar peso e suar na esteira, ele volta para casa. Vai para o banho, veste um terno, toma café enquanto lê o jornal. Em pouco tempo deixa seu apartamento, no bairro dos Jardins, em São Paulo, e segue para a sede da ebX. Mal entra no carro, telefona para o chefe. Em seguida, a namorada liga. Eles se falam rapidamente e Degas promete telefonar de volta na hora do almoço.

Chega ao escritório. Sua mesa é ocupada por papéis, pastas, laptop e computador de mão. Não há porta-retratos com fotos de família ou objetos de decoração. Ele checa os e-mails (recebe cerca de 50 diariamente), confere a lista de tarefas do dia e é informado pelo chefe de que terá de ir a uma reunião no Rio de Janeiro na manhã seguinte.

Começa a primeira das quatro reuniões programadas para o dia. É um encontro com seus cinco subordinados diretos. Degas fica contrariado ao saber que um dos funcionários não estará presente. Comanda a reunião com objetividade e clareza. Pergunta bastante. Cobra prazos. Brincadeiras e conversa fiada definitivamente não estão na pauta. Como as demais reuniões do dia, esta não dura mais que uma hora. O trabalho é ininterrupto. Não há tempo sequer para um cafezinho ou bate-papo informal com os colegas.

O almoço de Degas é simples e rápido. Em 20 minutos ele come um beirute, um folhado doce e toma água com gás numa lanchonete ao lado da empresa. Quer aproveitar o restante da hora do almoço para ligar para a faculdade de Fortaleza e checar como estão as matrículas. A tarde é dedicada a mais uma reunião e à preparação do material que será apresentado aos acionistas no dia seguinte. O expediente é encerrado às 19 horas. A caminho do próximo compromisso, Degas telefona para a namorada (ele tinha prometido ligar na hora do almoço, lembra?).

Começa a última reunião do dia. Numa sala de um edifício na Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo, ele discute os próximos passos do portal Biz@vista com os outros sócios da empresa. Detalhista assumido, enche os sócios de perguntas. Apesar de já estar trabalhando há mais de dez horas, não dá sinais de cansaço. Às 20h50 termina a reunião. Ele corre para casa e "engole" o jantar em dez minutos. Desde o sanduíche do almoço, Degas não havia comido nada.

Com o irmão, Gustavo, começa sua aula semanal de francês. Degas optou por um professor particular porque achou que seria complicado adequar-se aos horários de uma escola tradicional. A aula termina às 23 horas, mas o executivo só vai dormir depois da meia-noite, organizando as coisas para a viagem da manhã seguinte.

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