Exame Logo

"A ascensão das mulheres é como uma enorme onda do mar"

Uma das principais vozes da atualidade em defesa da ascensão das mulheres, a francesa Véronique Morali, presidente do Women’s Forum

Véronique Morali: “As empresas precisam de um equilíbrio de gênero não por razões éticas, mas porque econômica e financeiramente falando isso faz todo o sentido” (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2013 às 18h35.

São Paulo - Veronique Morali se considera uma privilegiada. Desde jovem, teve acesso às melhores escolas da França, país onde nasceu. Ingressou na niversidade Francesa de Ciências Políticas e graduou-se pela École Nationale d’Administration.

Depois de anos dedicados ao serviço público, migrou para o setor privado, onde foi nomeada diretora na Fimalac aos 35 anos, chegando a presidente de desenvolvimento da empresa e vice-presidente do Fitch Group.

Justamente por isso, em certo ponto de sua carreira, a francesa, que está entre as 30 mulheres mais poderosas de seu país, decidiu que tinha chegado a hora de retribuir à sociedade, e também a outras mulheres, tudo o que recebeu.

Em 2005, tornou-se membro da diretoria do Women’s Forum e fundou o Force Femme, uma instituição com o objetivo de facilitar a recolocação de mulheres no mercado de trabalho , especialmente aquelas com mais de 45 anos que perderam o emprego.

Também criou a Terrafemina.com, uma comunidade digital de assistência e serviços para mulheres que trabalham e estão interessadas em fazer a diferença nas questões de meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

Seis anos depois, aos 53 anos, Véronique, que é mãe de duas filhas, de 18 e 20 anos, foi nomeada presidente do Women’s Forum e esteve no Brasil em junho, durante o Women’s Forum Brazil 2012, a primeira conferência internacional no país com foco na opinião das mulheres, que reuniu 400 pessoas.

Em conversa com a VOCÊ RH, ela avalia a posição brasileira sobre o tema e discute as principais mudanças que a sociedade e as corporações vêm sofrendo diante da ascensão feminina no mercado de trabalho.

Por que hoje fala-se tanto das mulheres e do impacto que elas trazem para o mercado de trabalho? O que mudou para que o gênero feminino passasse a ser o centro de muitas discussões?

Veronique Morali - Essa é uma mudança profunda na sociedade, como uma enorme onda do mar, com todos os seus movimentos. Mas a minha percepção não é que ela tenha se tornado de repente um assunto de destaque. Nos últimos 200 anos, as mulheres têm aumentado progressivamente sua capacidade de obter educação, passaram a demandar por justiça em outros aspectos de suas vidas – o direito de voto, de fazer escolhas, de igualdade de remuneração em relação aos homens. É um longo processo histórico. E justamente porque as gerações anteriores nos empurraram para a frente, hoje podemos fazer novos progressos e passar para as nossas filhas uma situação de maior liberdade de escolha e mais direitos.




Mas no mundo corporativo esse conceito é novo, não? As empresas passaram a prestar mais atenção nesse movimento feminino?

Veronique Morali - Sim. Mas por um motivo bastante específico: as corporações, inclusive as brasileiras, pelo que eu pude constatar durante o Women’s Forum 2012, estão muito preocupadas com questões de diversidade. Elas sabem que só têm a ganhar ao promovê-las. Empresas com maior equilíbrio entre os trabalhadores do sexo masculino e feminino, especialmente em cargos de gestão, já mostram melhores resultados, tornando-se mais rentáveis e gerando mais empregos.Talvez porque entendam melhor o mercado, reajam com maior flexibilidade ou tomem melhores decisões de gestão e liderança. Os fatores são muitos.

Você é contra ou a favor da política de cotas para mulheres nas empresas?

Veronique Morali - Originalmente eu não era a favor das cotas, mas estou comprometida a ajudar as mulheres a alcançar cargos executivos. E, sem algum tipo de intervenção regulatória, o progresso é dolorosamente lento. Então, sim, eu apoio cotas em muitos casos, por exemplo, para aumentar a porcentagem feminina nos órgãos de fiscalização de muitas empresas. Na França, a porcentagem de mulheres nas diretorias aumentou para 20% [ dos 13% anteriores ] em apenas poucos meses, desde a vigência da lei [ que exige que as diretorias das principais empresas listadas na bolsa de valores francesa devam ter 40% de mulheres até 2017 ]. O objetivo é usar desse recurso como uma solução de curto prazo, ajudando-nos a construir um corpo de mulheres competentes, que tenha legitimidade forte e que será capaz de criar um fluxo natural para o topo.

Todos esses fóruns, programas, comitês e ações para mulheres e sobre mulheres têm surtido efeito? O que eles têm trazido para a discussão?

Veronique Morali - Vamos apenas olhar para o Fórum das Mulheres. Temos muitas sessões voltadas para questões práticas, como o nosso New Knowledge Hub. E também discussões mais gerais das questões de gestão, que são igualmente interessantes para mulheres e homens. Falamos de assuntos mais amplos do que a questão do gênero: queremos estar prontos para enfrentar os desafios que temos pela frente. Portanto, há benefícios muito claros a partir de nosso Fórum tanto em termos de novas competências imediatas para levar para casa quanto de lições de longo prazo. O segundo tipo de vantagem é que criamos um verdadeiro hub de mulheres (algo como centro de mulheres). O Women’s Forum é altamente globalizado e de alto nível. No ano passado, reunimos 1 400 pessoas de 80 países. Novas comunidades surgem, nas quais mulheres de todo o mundo colocam em uso suas experiências econômicas, sociais e políticas para ajudar umas às outras. São redes que se concentram na ação e na assistência ativa, forças de mudança. Acredito que elas sejam a chave para as que procuram ascender ao topo. Vejo isso como um movimento muito positivo, seja no Brasil, seja em qualquer lugar do mundo.



O que abriu caminho na sua trajetória para que você chegasse cedo ao topo e que pode ajudar outras mulheres?

Veronique Morali - Minha virada de carreira aconteceu quando deixei o trabalho no governo e ingressei na Fimalac, guiada pela intuição e pelo meu autoconhecimento, além de ter objetivos pessoais bem definidos. Eu não segui um caminho preestabelecido; fiz escolhas corajosas. Também sou muito tenaz, o que acredito ser muito importante para ter uma trajetória de sucesso. Acho que os três elementos – ter senso dos objetivos pessoais, intuição e tenacidade – podem também ser muito úteis para outras mulheres.

Quais são as maneiras mais eficientes para as empresas aumentarem a presença das mulheres, especialmente em posições de liderança?

Veronique Morali - Em primeiro lugar, as empresas devem reconhecer que precisam de equilíbrio de gênero não somente por razões éticas ou para a justiça social, embora esses já sejam motivos suficientes, mas também por razões puramente egoístas. Economica e financeiramente falando, isso faz muito mais sentido. Uma vez que as lideranças tenham definitivamente entendido isso, suas políticas de diversidade serão muito mais eficientes. Elas devem incluir mais mentoring para esse público, promover mais redes, mais grupos de apoio, e oferecer estruturas em que as mulheres ajudem umas às outras e encontrem soluções e energia em conjunto para assumirem a responsabilidade por seus próprios destinos.

E quais são os erros que as empresas mais cometem quando tratam do tema inclusão de mulheres?

Veronique Morali - Ao lidar com as mulheres e com as questões de diversidade, as empresas costumam cometer dois principais erros: 1. estabelecem uma meta quantitativa (uma porcentagem x ou número y de mulheres a se atingir num determinado período), mas não conseguem seguir completamente, pois não estabelecem as mudanças políticas que permitam que isso aconteça. Não basta definir uma meta e esperar que o resto acontecerá automaticamente (que é o que vejo as empresas fazerem); 2. consideram a diversidade e as questões das mulheres “um mal necessário”, em vez de olhar para isso como uma ótima oportunidade para o negócio.

Você acha que as mulheres têm ambições diferentes dos homens e esse é o motivo pelo qual eles ainda são maioria nos cargos de poder? O que as mulheres estão buscando: direitos iguais ou seus próprios direitos?

Veronique Morali - As mulheres querem o que todo ser humano deseja: ser reconhecidas por sua habilidade, ter seu trabalho remunerado da mesma forma, ser capazes de avançar nas mesmas condições de mérito e justiça, como qualquer pessoa. É realmente muito simples. E, assim como os homens, elas também querem poder fazer escolhas livremente, sem a limitação de perspectivas e políticas. Elas até podem querer escolher uma abordagem diferente para o equilíbrio trabalho versus vida pessoal. Ou talvez mudem de ideia, sucessivamente, conforme sua carreira avança. Seja como for, é do interesse da sociedade se beneficiar do talento, da habilidade e da energia de todos os seus membros. Direitos e escolhas iguais deveriam ser um direito de todos nós.


As mulheres mais jovens, é claro, são bem diferentes das que ingressaram no mercado de trabalho há 20 anos. Essa geração está chegando com diferentes ambições e desejos?

Veronique Morali - Mulheres da Geração Y cresceram acostumadas à presença feminina no local de trabalho. Veronique Morali - Ou seja, sua noção do que é possível é muito mais poderosa, o que faz com que elas, provavelmente, tendam a se limitar muito menos do que as gerações anteriores. Além disso, o potencial para que elas participem das redes de apoio das mulheres – seja elas formais, seja informais – é muito maior. Ainda assim, acredito que seus desejos e ambições são muito semelhantes e ainda existam muitos fatores que limitem sua capacidade de subir para os níveis mais altos de gestão.

Você acha que a possibilidade de as mulheres atingirem mais posições de liderança deve afetar o comportamento das famílias? Como isso deve impactar a sociedade?

Veronique Morali - Tanto homens quanto mulheres estão se casando mais tarde ou tendo menos filhos por diversas razões – e eu não acredito que a igualdade de gênero seja uma delas. Mas é claro para mim que a busca de oportunidades iguais entre homens e mulheres tem um papel importante no novo balanceamento entre carreira e vida pessoal, tanto para os pais quanto para as mães. É uma nova forma de ver a vida e não apenas um estilo de gestão.

Como você avalia o comportamento do Brasil em relação a esse tema? Nós estamos participando das discussões de forma relevante?

Veronique Morali - Nosso Women’s Forum no Brasil me ensinou várias coisas. Uma delas foi a modéstia. Os problemas que as mulheres enfrentam na Europa são muito parecidos com o que as mulheres encaram no Brasil. Então, nós não estamos aqui para ensinar ninguém, apenas para explorarmos juntas o assunto e encontrarmos uma solução adequada. Acho que as mulheres brasileiras têm vários desafios pela frente e elas são muito corajosas. Com uma mulher presidente e outra CEO da maior empresa do país, a Petrobras, além de todas as líderes políticas, sociais e corporativas, as conquistas das brasileiras são altamente inspiradoras.

Veja também

São Paulo - Veronique Morali se considera uma privilegiada. Desde jovem, teve acesso às melhores escolas da França, país onde nasceu. Ingressou na niversidade Francesa de Ciências Políticas e graduou-se pela École Nationale d’Administration.

Depois de anos dedicados ao serviço público, migrou para o setor privado, onde foi nomeada diretora na Fimalac aos 35 anos, chegando a presidente de desenvolvimento da empresa e vice-presidente do Fitch Group.

Justamente por isso, em certo ponto de sua carreira, a francesa, que está entre as 30 mulheres mais poderosas de seu país, decidiu que tinha chegado a hora de retribuir à sociedade, e também a outras mulheres, tudo o que recebeu.

Em 2005, tornou-se membro da diretoria do Women’s Forum e fundou o Force Femme, uma instituição com o objetivo de facilitar a recolocação de mulheres no mercado de trabalho , especialmente aquelas com mais de 45 anos que perderam o emprego.

Também criou a Terrafemina.com, uma comunidade digital de assistência e serviços para mulheres que trabalham e estão interessadas em fazer a diferença nas questões de meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

Seis anos depois, aos 53 anos, Véronique, que é mãe de duas filhas, de 18 e 20 anos, foi nomeada presidente do Women’s Forum e esteve no Brasil em junho, durante o Women’s Forum Brazil 2012, a primeira conferência internacional no país com foco na opinião das mulheres, que reuniu 400 pessoas.

Em conversa com a VOCÊ RH, ela avalia a posição brasileira sobre o tema e discute as principais mudanças que a sociedade e as corporações vêm sofrendo diante da ascensão feminina no mercado de trabalho.

Por que hoje fala-se tanto das mulheres e do impacto que elas trazem para o mercado de trabalho? O que mudou para que o gênero feminino passasse a ser o centro de muitas discussões?

Veronique Morali - Essa é uma mudança profunda na sociedade, como uma enorme onda do mar, com todos os seus movimentos. Mas a minha percepção não é que ela tenha se tornado de repente um assunto de destaque. Nos últimos 200 anos, as mulheres têm aumentado progressivamente sua capacidade de obter educação, passaram a demandar por justiça em outros aspectos de suas vidas – o direito de voto, de fazer escolhas, de igualdade de remuneração em relação aos homens. É um longo processo histórico. E justamente porque as gerações anteriores nos empurraram para a frente, hoje podemos fazer novos progressos e passar para as nossas filhas uma situação de maior liberdade de escolha e mais direitos.




Mas no mundo corporativo esse conceito é novo, não? As empresas passaram a prestar mais atenção nesse movimento feminino?

Veronique Morali - Sim. Mas por um motivo bastante específico: as corporações, inclusive as brasileiras, pelo que eu pude constatar durante o Women’s Forum 2012, estão muito preocupadas com questões de diversidade. Elas sabem que só têm a ganhar ao promovê-las. Empresas com maior equilíbrio entre os trabalhadores do sexo masculino e feminino, especialmente em cargos de gestão, já mostram melhores resultados, tornando-se mais rentáveis e gerando mais empregos.Talvez porque entendam melhor o mercado, reajam com maior flexibilidade ou tomem melhores decisões de gestão e liderança. Os fatores são muitos.

Você é contra ou a favor da política de cotas para mulheres nas empresas?

Veronique Morali - Originalmente eu não era a favor das cotas, mas estou comprometida a ajudar as mulheres a alcançar cargos executivos. E, sem algum tipo de intervenção regulatória, o progresso é dolorosamente lento. Então, sim, eu apoio cotas em muitos casos, por exemplo, para aumentar a porcentagem feminina nos órgãos de fiscalização de muitas empresas. Na França, a porcentagem de mulheres nas diretorias aumentou para 20% [ dos 13% anteriores ] em apenas poucos meses, desde a vigência da lei [ que exige que as diretorias das principais empresas listadas na bolsa de valores francesa devam ter 40% de mulheres até 2017 ]. O objetivo é usar desse recurso como uma solução de curto prazo, ajudando-nos a construir um corpo de mulheres competentes, que tenha legitimidade forte e que será capaz de criar um fluxo natural para o topo.

Todos esses fóruns, programas, comitês e ações para mulheres e sobre mulheres têm surtido efeito? O que eles têm trazido para a discussão?

Veronique Morali - Vamos apenas olhar para o Fórum das Mulheres. Temos muitas sessões voltadas para questões práticas, como o nosso New Knowledge Hub. E também discussões mais gerais das questões de gestão, que são igualmente interessantes para mulheres e homens. Falamos de assuntos mais amplos do que a questão do gênero: queremos estar prontos para enfrentar os desafios que temos pela frente. Portanto, há benefícios muito claros a partir de nosso Fórum tanto em termos de novas competências imediatas para levar para casa quanto de lições de longo prazo. O segundo tipo de vantagem é que criamos um verdadeiro hub de mulheres (algo como centro de mulheres). O Women’s Forum é altamente globalizado e de alto nível. No ano passado, reunimos 1 400 pessoas de 80 países. Novas comunidades surgem, nas quais mulheres de todo o mundo colocam em uso suas experiências econômicas, sociais e políticas para ajudar umas às outras. São redes que se concentram na ação e na assistência ativa, forças de mudança. Acredito que elas sejam a chave para as que procuram ascender ao topo. Vejo isso como um movimento muito positivo, seja no Brasil, seja em qualquer lugar do mundo.



O que abriu caminho na sua trajetória para que você chegasse cedo ao topo e que pode ajudar outras mulheres?

Veronique Morali - Minha virada de carreira aconteceu quando deixei o trabalho no governo e ingressei na Fimalac, guiada pela intuição e pelo meu autoconhecimento, além de ter objetivos pessoais bem definidos. Eu não segui um caminho preestabelecido; fiz escolhas corajosas. Também sou muito tenaz, o que acredito ser muito importante para ter uma trajetória de sucesso. Acho que os três elementos – ter senso dos objetivos pessoais, intuição e tenacidade – podem também ser muito úteis para outras mulheres.

Quais são as maneiras mais eficientes para as empresas aumentarem a presença das mulheres, especialmente em posições de liderança?

Veronique Morali - Em primeiro lugar, as empresas devem reconhecer que precisam de equilíbrio de gênero não somente por razões éticas ou para a justiça social, embora esses já sejam motivos suficientes, mas também por razões puramente egoístas. Economica e financeiramente falando, isso faz muito mais sentido. Uma vez que as lideranças tenham definitivamente entendido isso, suas políticas de diversidade serão muito mais eficientes. Elas devem incluir mais mentoring para esse público, promover mais redes, mais grupos de apoio, e oferecer estruturas em que as mulheres ajudem umas às outras e encontrem soluções e energia em conjunto para assumirem a responsabilidade por seus próprios destinos.

E quais são os erros que as empresas mais cometem quando tratam do tema inclusão de mulheres?

Veronique Morali - Ao lidar com as mulheres e com as questões de diversidade, as empresas costumam cometer dois principais erros: 1. estabelecem uma meta quantitativa (uma porcentagem x ou número y de mulheres a se atingir num determinado período), mas não conseguem seguir completamente, pois não estabelecem as mudanças políticas que permitam que isso aconteça. Não basta definir uma meta e esperar que o resto acontecerá automaticamente (que é o que vejo as empresas fazerem); 2. consideram a diversidade e as questões das mulheres “um mal necessário”, em vez de olhar para isso como uma ótima oportunidade para o negócio.

Você acha que as mulheres têm ambições diferentes dos homens e esse é o motivo pelo qual eles ainda são maioria nos cargos de poder? O que as mulheres estão buscando: direitos iguais ou seus próprios direitos?

Veronique Morali - As mulheres querem o que todo ser humano deseja: ser reconhecidas por sua habilidade, ter seu trabalho remunerado da mesma forma, ser capazes de avançar nas mesmas condições de mérito e justiça, como qualquer pessoa. É realmente muito simples. E, assim como os homens, elas também querem poder fazer escolhas livremente, sem a limitação de perspectivas e políticas. Elas até podem querer escolher uma abordagem diferente para o equilíbrio trabalho versus vida pessoal. Ou talvez mudem de ideia, sucessivamente, conforme sua carreira avança. Seja como for, é do interesse da sociedade se beneficiar do talento, da habilidade e da energia de todos os seus membros. Direitos e escolhas iguais deveriam ser um direito de todos nós.


As mulheres mais jovens, é claro, são bem diferentes das que ingressaram no mercado de trabalho há 20 anos. Essa geração está chegando com diferentes ambições e desejos?

Veronique Morali - Mulheres da Geração Y cresceram acostumadas à presença feminina no local de trabalho. Veronique Morali - Ou seja, sua noção do que é possível é muito mais poderosa, o que faz com que elas, provavelmente, tendam a se limitar muito menos do que as gerações anteriores. Além disso, o potencial para que elas participem das redes de apoio das mulheres – seja elas formais, seja informais – é muito maior. Ainda assim, acredito que seus desejos e ambições são muito semelhantes e ainda existam muitos fatores que limitem sua capacidade de subir para os níveis mais altos de gestão.

Você acha que a possibilidade de as mulheres atingirem mais posições de liderança deve afetar o comportamento das famílias? Como isso deve impactar a sociedade?

Veronique Morali - Tanto homens quanto mulheres estão se casando mais tarde ou tendo menos filhos por diversas razões – e eu não acredito que a igualdade de gênero seja uma delas. Mas é claro para mim que a busca de oportunidades iguais entre homens e mulheres tem um papel importante no novo balanceamento entre carreira e vida pessoal, tanto para os pais quanto para as mães. É uma nova forma de ver a vida e não apenas um estilo de gestão.

Como você avalia o comportamento do Brasil em relação a esse tema? Nós estamos participando das discussões de forma relevante?

Veronique Morali - Nosso Women’s Forum no Brasil me ensinou várias coisas. Uma delas foi a modéstia. Os problemas que as mulheres enfrentam na Europa são muito parecidos com o que as mulheres encaram no Brasil. Então, nós não estamos aqui para ensinar ninguém, apenas para explorarmos juntas o assunto e encontrarmos uma solução adequada. Acho que as mulheres brasileiras têm vários desafios pela frente e elas são muito corajosas. Com uma mulher presidente e outra CEO da maior empresa do país, a Petrobras, além de todas as líderes políticas, sociais e corporativas, as conquistas das brasileiras são altamente inspiradoras.

Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosEdição 22EntrevistasMulheres

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Carreira

Mais na Exame