" Eu nasci há dez mil anos atrás": música de Raul Seixas imortalizou a expressão (Samuel Aguar/Wikimedia Comons)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2013 às 14h00.
São Paulo - Uma armadilha na vida corporativa são os excessos – há muitas reuniões, e-mails, relatórios. Tudo que é demais pode ser questionado e isso não é diferente na língua portuguesa.
Quando há abusos, o nome técnico – pleonasmo – pouco importa. O fato é que a repetição de termos inúteis, supérfluos, redundantes compromete a coerência da informação e da frase.
A expressão “há dez anos atrás” é um exemplo desse erro. O verbo haver impede a palavra atrás em seguida sempre que estiver relacionado a tempo, à ação que já se passou. Há, portanto, duas formas corretas para a frase: “há dez anos” ou “dez anos atrás”.
Parece fácil, mas o erro é comum e chega a ser um vício repetido no dia a dia e reforçado muitas vezes. Quem não ouviu Gilberto Gil cantar “vamos fugir para outro lugar, baby” ou Raul Seixas declarar “eu nasci há dez mil anos atrás”?
Vamos deixar a liberdade poética para outra discussão. No ambiente corporativo, a consequência é que usamos expressões que não somam sentido à mensagem. São vazias e totalmente desnecessárias, principalmente, quando sabemos que o texto de trabalho precisa ser claro e objetivo.
Aqui estão outros exemplos:
O resultado deverá demorar ainda mais dois dias – as palavras ainda e mais não devem estar juntas, pois passam o mesmo significado. Escolha uma delas.
Precisamos criar novos caminhos – criar o novo é redundância óbvia, pode parecer até brincadeira.
Já não há mais tempo para resolver isso – já e mais têm o mesmo valor na frase, usar as duas é como subir para cima. Escreva “já não há tempo para resolver isso” ou “não há mais tempo para resolver isso”.
Precisamos restaurar as casas antigas da cidade – dispensa comentário – não restauramos o que é novo.
Essas frases podem transmitir desleixo ou falta de revisão. Para não cair nessas ciladas, só posso deixar uma dica: fique atento.