Gurus de finanças pessoais são colocados em xeque
No livro Pound Foolish, a americana Helaine Olen faz duras críticas aos modelos de educação financeira e seus discursos motivadores
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 20h03.
São Paulo - O sonho de ficar rico certamente já passou por sua cabeça. Nas livrarias, uma infinidade de livros dispostos a ensinar o caminho mais curto está a sua disposição. Se você já tentou dois ou três desses métodos e ainda não enriqueceu, fique tranquilo. É provável que o problema não seja seu.
Esse é o principal argumento de Helaine Olen, jornalista americana que acaba de publicar o polêmico Pound Foolish (Editora Peguin Portfolio, ainda sem edição no Brasil). O livro provocou repercussão na mídia internacional por criticar os receituários de finanças pessoais, a sua falta de eficiência e a “profecia” da educação financeira.
“Há diversos estudos que apontam que educação financeira não funciona”, diz Helaine. Com 17 anos na cobertura econômica, Helaine é autora do blog Where Life Meets Money (“Onde a vida encontra o dinheiro”, em tradução livre), no site da revista Forbes. Em seu livro, a jornalista destitui o poder dos gurus e consultores financeiros americanos. Helaine falou à VOCÊ S/A sobre o assunto.
VOCÊ S/A - A que você atribui o crescimento da literatura de finanças pessoais?
Helaine Olen - Estamos mais preocupados com poupança e dinheiro. Em todo o mundo a expectativa de vida é crescente. Com isso, por exemplo, estamos comprando todo tipo de produto para aposentadoria. No Brasil, o crescimento da classe média despertou maior interesse por assuntos que envolvem dinheiro.
VOCÊ S/A - Se o modelo atual deeducação financeira não é o ideal, qual é a sua sugestão?
Helaine Olen - Nós precisamos parar de usar a literatura financeira como desculpa para não investigar profundamente o assunto. O que ajuda é conversar sobre o tema de forma aberta e clara. Nos Estados Unidos, como no Brasil, há ainda algum tabu em falar sobre educação financeira.
Não basta ensinar e parar no tempo. O que esperar hoje de quem tivesse tido aulas de finanças pessoais há 40 anos, se, na época, ninguém se preocupava com day trade [compra e venda no mesmo dia]? Além disso, há diversos estudos que apontam que educação financeira não funciona.
VOCÊ S/A - Você diz que a crise de 2008 poderia ser evitada não fosse o otimismo exagerado. Como?
Helaine Olen - Além do otimismo exagerado, faltou informação. Muitas pessoas pensavam que suas hipotecas tinham juros fixos. Outras faziam investimentos múltiplos com suas hipotecas e ganhavam dinheiro com a sobreposição dos financiamentos. A mídia disseminou esse conceito equivocado. Robert Kiyosaki, guru de finanças, promoveu essa ideia. Não acho que as pessoas são responsáveis pelo próprio fracasso financeiro.
VOCÊ S/A - Como consumir essas informações sem se iludir?
Helaine Olen - Os gurus costumam dar fórmulas mágicas. Quando estiver lendo ou ouvindo um deles, pergunte como administra o próprio dinheiro. Observe, com cuidado, o que ele diz.
VOCÊ S/A - Como você vê as finanças comportamentais?
Helaine Olen - É um insight valoroso, mas o mercado financeiro patrocina boa parte dessa pesquisa. O problema é como ela vai ser usada e que tipo de comportamento é encorajado. Por ora, tem resolvido problemas superficiais.
São Paulo - O sonho de ficar rico certamente já passou por sua cabeça. Nas livrarias, uma infinidade de livros dispostos a ensinar o caminho mais curto está a sua disposição. Se você já tentou dois ou três desses métodos e ainda não enriqueceu, fique tranquilo. É provável que o problema não seja seu.
Esse é o principal argumento de Helaine Olen, jornalista americana que acaba de publicar o polêmico Pound Foolish (Editora Peguin Portfolio, ainda sem edição no Brasil). O livro provocou repercussão na mídia internacional por criticar os receituários de finanças pessoais, a sua falta de eficiência e a “profecia” da educação financeira.
“Há diversos estudos que apontam que educação financeira não funciona”, diz Helaine. Com 17 anos na cobertura econômica, Helaine é autora do blog Where Life Meets Money (“Onde a vida encontra o dinheiro”, em tradução livre), no site da revista Forbes. Em seu livro, a jornalista destitui o poder dos gurus e consultores financeiros americanos. Helaine falou à VOCÊ S/A sobre o assunto.
VOCÊ S/A - A que você atribui o crescimento da literatura de finanças pessoais?
Helaine Olen - Estamos mais preocupados com poupança e dinheiro. Em todo o mundo a expectativa de vida é crescente. Com isso, por exemplo, estamos comprando todo tipo de produto para aposentadoria. No Brasil, o crescimento da classe média despertou maior interesse por assuntos que envolvem dinheiro.
VOCÊ S/A - Se o modelo atual deeducação financeira não é o ideal, qual é a sua sugestão?
Helaine Olen - Nós precisamos parar de usar a literatura financeira como desculpa para não investigar profundamente o assunto. O que ajuda é conversar sobre o tema de forma aberta e clara. Nos Estados Unidos, como no Brasil, há ainda algum tabu em falar sobre educação financeira.
Não basta ensinar e parar no tempo. O que esperar hoje de quem tivesse tido aulas de finanças pessoais há 40 anos, se, na época, ninguém se preocupava com day trade [compra e venda no mesmo dia]? Além disso, há diversos estudos que apontam que educação financeira não funciona.
VOCÊ S/A - Você diz que a crise de 2008 poderia ser evitada não fosse o otimismo exagerado. Como?
Helaine Olen - Além do otimismo exagerado, faltou informação. Muitas pessoas pensavam que suas hipotecas tinham juros fixos. Outras faziam investimentos múltiplos com suas hipotecas e ganhavam dinheiro com a sobreposição dos financiamentos. A mídia disseminou esse conceito equivocado. Robert Kiyosaki, guru de finanças, promoveu essa ideia. Não acho que as pessoas são responsáveis pelo próprio fracasso financeiro.
VOCÊ S/A - Como consumir essas informações sem se iludir?
Helaine Olen - Os gurus costumam dar fórmulas mágicas. Quando estiver lendo ou ouvindo um deles, pergunte como administra o próprio dinheiro. Observe, com cuidado, o que ele diz.
VOCÊ S/A - Como você vê as finanças comportamentais?
Helaine Olen - É um insight valoroso, mas o mercado financeiro patrocina boa parte dessa pesquisa. O problema é como ela vai ser usada e que tipo de comportamento é encorajado. Por ora, tem resolvido problemas superficiais.