(maxsaf/Thinkstock)
Luísa Granato
Publicado em 26 de maio de 2020 às 16h04.
Última atualização em 26 de maio de 2020 às 16h08.
Um executivo que recebia cerca de US$ 18 mil por mês da LafargeHolcim para não fazer nada perdeu um processo para obrigar a fabricante de cimento a demiti-lo com uma indenização superior a US$ 2 milhões. O tempo jogou contra.
Quando a então Lafarge anunciou um programa de demissão voluntária em 2015 como parte da fusão com a Holcim, Antoine Zenone esperava conseguir um aperto de mão de ouro. Mas a empresa alegou que ele não era elegível e juízes franceses disseram “non” três vezes seguidas.
O tribunal de apelação de Paris decidiu que Zenone não poderia se beneficiar do plano porque já havia concordado com uma posição de expatriado em Cingapura. Isso suspendeu o contrato de trabalho na França e o excluiu do programa de demissão voluntária oferecido aos funcionários da Lafarge no país.
Zenone pedia cerca de 2,1 milhões de euros (US$ 2,3 milhões) e, até recentemente, recebia 16.195 euros brutos por mês da Lafarge sem precisar fazer nada, de acordo com a sentença da semana passada.
As duas maiores fabricantes de cimento do mundo anunciaram uma fusão em 2015 para cortar custos e aumentar o valor em meio à demanda mais fraca por materiais de construção.
Quando Zenone retornou e deixou o cargo de diretor-presidente da filial da Lafarge em Cingapura há dois anos, a Lafarge ofereceu a ele o posto de gerente de projetos, mas ele não assumiu o cargo.
Ele afirma em seu perfil do LinkedIn que começou a trabalhar em uma fabricante de tubos de plástico no mês passado.
A LafargeHolcim disse em comunicado que não comenta questões sobre funcionários. Zenone não respondeu aos pedidos de comentários sobre o processo.
Como parte da parceria, a Lafarge disse aos representantes da equipe em maio de 2015 que cerca de 380 vagas seriam cortadas no mundo todo, em parte por meio de um programa de demissão voluntária.
Apenas dois dias antes, ele havia escrito um e-mail citado no processo judicial que concordava em assumir a posição de Cingapura. “Estou ansioso para começar”, disse.
Se tivesse respondido dois dias depois, Zenone poderia ter sido incluído no programa de demissão voluntária.
Zenone depois se queixou de ter sido enganado ao aceitar o emprego de expatriado em Cingapura e pediu para voltar a ter um contrato francês.
Ele disse à Lafarge em meados de 2016 que havia aceitado o cargo porque acreditava que se tornaria CEO do país para as operações de ambas as fabricantes de cimento no sudeste da Ásia.
Esse argumento, que não convenceu a LafargeHolcim, também não conseguiu convencer o tribunal de apelação de Paris.