Estes dados são completamente dispensáveis em um currículo
Para não terminarem na lata do lixo, currículos devem ser sucintos e objetivos. Veja 8 informações que você pode (e deve) eliminar agora do seu CV
Claudia Gasparini
Publicado em 12 de maio de 2016 às 06h00.
Última atualização em 10 de outubro de 2017 às 15h31.
São Paulo - Nas mãos de recrutadores atribulados pelo excesso de trabalho e pela falta de tempo, currículos muito longos e prolixos têm destino certo: a lixeira.
Mas não basta ser econômico nas palavras (e nas laudas) para evitar que o seu CV seja eliminado de cara por possíveis empregadores. Também é preciso ser seletivo com o conteúdo, isto é, saber quais informações são realmente indispensáveis para compor o seu retrato profissional.
Isabela Tuca, consultora da Randstad Professionals, diz que muitos candidatos elaboram CVs recheados de detalhes sobre suas rotinas de trabalho, mas se esquecem de incluir números e outros indicadores concretos dos resultados que obtiveram em cada emprego — um tipo de dado crucial para a seleção.
Do ponto de vista do recrutador , talvez não importe muito a lista de atribuições que você tinha quando era gerente comercial em 2011, por exemplo. Por outro lado, saber que você gerou um crescimento de 20% nas vendas da empresa pode fazer os olhos dele brilharem.
Para não se perder, é bom ter em mente a estrutura básica de um CV. Ele deve contemplar as seguintes seções: identidade do candidato (nome, nacionalidade, idade e dados para contato), formação acadêmica e experiências profissionais. Idiomas, atividades de aperfeiçoamento e hobbies podem aparecer ao final do documento.
Para Alexandre Kalman, sócio da Hound Consultoria, o campo “experiências profissionais” é o que mais causa confusões e exageros. “Já vimos CVs com 20 ou 30 tópicos explicativos para cada emprego”, afirma. “Também é a seção em que a linguagem costuma ser mais prolixa e imprecisa”.
O excesso, porém, pode aparecer por todo o documento — e precisa ser eliminado. Veja a seguir 8 pontos que você pode cortar sem medo do seu currículo, segundo os recrutadores ouvidos por EXAME.com:
1. Referências profissionais
Seu ex-chefe é seu fã e certamente recomendaria você como profissional? Pode ser interessante passar os contatos dele para um potencial empregador, mas não no currículo. Segundo Isabela Tuca, consultora da Randstad Professionals, a informação deve ser compartilhada apenas se os recrutadores a solicitarem na fase da entrevista. No CV, nome e telefone de referências profissionais só servem para roubar espaço de outros dados mais importantes.
2. Último salário ou remuneração pretendida
Na visão de Tuca, dinheiro é um assunto delicado demais para ser tratado no espaço limitado e inexpressivo de um currículo. “Se já você estabelece um limite para o salário no CV, pode ser excluído automaticamente de alguns processos”, explica. “É melhor falar disso na entrevista presencial, quando é possível olhar no olho do recrutador, negociar e refletir sobre outras variáveis, como o pacote de benefícios e o local de trabalho”.
3. Excesso de informações para contato
E-mail, número do celular e link para o seu perfil no LinkedIn costumam bastar para que um recrutador encontre você. Segundo Alexandre Kalman, sócio da Hound Consultoria, é desnecessário apresentar outras formas de contato no currículo, como telefone de terceiros para recados ou perfis em rede sociais não-profissionais, como Facebook e Twitter.
4. Dados da sua vida pessoal
Informações que não digam respeito a quem você é como profissional podem ser dispensadas, inclusive na etapa da entrevista. Assim, dizem Kalman e Tuca, você não precisa dizer no currículo se fuma, tem filhos ou é praticante de alguma religião, por exemplo. Também é desnecessário incluir o seu endereço residencial completo: basta informar a zona da cidade ou o bairro onde você mora.
5. Autoavaliação comportamental
Você pode ter uma autoestima invejável, mas nem nesse caso deve rechear o seu currículo com expressões elogiosas à sua própria conduta profissional. Adjetivos como “criativo”, “dinâmico”, “persistente” ou “incansável” devem ser eliminados do documento, segundo Kalman. Além de soar antipática, a tática é inútil. Quem deve avaliar se você tem ou não essas qualidades é o recrutador.
6. Histórico escolar pré-faculdade
Citar todas as escolas pelas quais você passou na infância e adolescência é completamente desnecessário — por mais famosas e respeitadas que elas sejam. De acordo com Tuca, a instituição em que você cursou o ensino médio pode ser relevante, no máximo, se você almeja uma vaga de estágio. Para todos os outros casos, só merece espaço do currículo a formação acadêmica universitária.
7. Razões por trás de desligamentos
Como o currículo deve ser sucinto, dificilmente você será capaz de contar toda a sua história nos limites exíguos do documento. “Não tente explicar por escrito eventuais demissões ou períodos de desemprego”, diz Tuca. “Fale desses detalhes na entrevista, cara a cara com o recrutador”. Além de economizar espaço, você evitará mal-entendidos e conclusões precipitadas sobre você.
8. Hobbies “aleatórios”
Não há problema em mencionar atividades que você pratica por prazer no seu CV. Porém, é bom que elas tenham alguma relação com o seu perfil profissional. Informar que você faz teatro, por exemplo, pode ser interessante se a posição exige boas habilidades de comunicação. Mas não é recomendável mencionar atividades aleatórias, que não refletem nenhuma característica útil para o trabalho. “Se não há nenhum significado interessante por trás do hobby, é melhor deixá-lo de fora do currículo”, diz Kalman.