Carreira

Este é o segredo para estudar algo chato com (algum) prazer

Como encontrar motivação para explorar um tema difícil ou desinteressante? Veja dicas para vencer a preguiça e descobrir novas paixões acadêmicas

Estudante entediado (Tomwang112/Thinkstock)

Estudante entediado (Tomwang112/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 22 de julho de 2017 às 06h00.

Última atualização em 22 de julho de 2017 às 06h00.

São Paulo — Estudar assuntos desinteressantes é uma obrigação que começa logo nos primeiros anos da formação escolar. O aluno apaixonado por matérias de exatas precisa encontrar motivação para assistir às aulas de história e literatura; já o estudante com típico perfil de humanas não tem outra opção senão mergulhar nos livros de física e matemática para passar de ano.

Isso se repete pelo resto da vida adulta, ainda que você se especialize na profissão que escolheu. Seja ao longo de uma pós-graduação, seja na preparação para um concurso público, por exemplo, sempre será necessário se debruçar sobre temas desvinculados dos seus interesses e aptidões para ter sucesso profissional.

Felizmente, é possível aprender a gostar de uma área do conhecimento que você sempre achou que detestava. O esforço vale a pena: ao expandir os seus temas de interesse, você ampliará os seus horizontes e poderá ir mais longe na carreira.

Esse foi o caso da professora norte-americana Barbara Oakley, autora do livro “Mindshift: Break through obstacles to learning and discover your hidden potential” (em tradução livre, “Mudança de mentalidade: Supere obstáculos para aprender e descobrir o seu potencial oculto), publicado em 2017 pela editora Tarcher-Perigee.

Em artigo para o site da Harvard Business Review, ela conta que detestava as aulas de matemática durante toda a sua vida escolar. Hoje, é professora de engenharia na Oakland University.

“Uma versão mais jovem de mim teria ficado chocada ao descobrir que, no futuro, eu seria professora de engenharia, encantada com números e confortável com o mundo da tecnologia”, escreve Oakley.

Com base em sua própria experiência pessoal e em diversos estudos sobre o assunto, a professora tem um método para aprender a desenvolver inesperadas paixões acadêmicas — ou, pelo menos, ser capaz de estudar algo desinteressante com algum prazer.

Ela propõe 4 passos, que você verá a seguir:

1. Busque um gatilho de motivação

Você morria de tédio na escola durante as aulas de geografia? Sofria para decorar fórmulas de química? Um motivo provável para todo esse sofrimento é que você considerava esses assuntos inúteis. Aí está o segredo para gostar (ou odiar) qualquer tema: o uso que você pode fazer dele na sua vida.

Para descobrir graça em um tema aparentemente desinteressante, o primeiro passo é tentar encontrar um motivo para aprendê-lo. Segundo Oakley, um dos melhores gatilhos de motivação é a busca por uma vida mais feliz e confortável.

Foi o que a fez voltar aos livros da sua tão detestada matemática, aos 26 anos de idade: a possibilidade de conseguir um emprego melhor no Exército, onde até então trabalhava numa função de pouco prestígio.

“Desejar uma mudança faz com que, mentalmente, você compare a sua situação atual (por exemplo, empregado como assistente administrativo) com o lugar em que poderia estar (como um funcionário público de alto gabarito certificado em contabilidade)”, explica ela. Ao serem encarados como chave para um horizonte melhor, até os livros mais tediosos podem parecer atraentes.

2. Drible a dor

Acredite se quiser: estudar aquilo de que você não gosta é literalmente doloroso. Pesquisadores da Universidade de Chicago perceberam que até pensar num assunto que você detesta ativa uma parte do cérebro envolvida com a experiência da dor.

A reação natural do corpo é a fuga. Ao começar a estudar aquele assunto, você ficará muito mais suscetível a distrações e provavelmente começará a adiar a tarefa. Das muitas técnicas para vencer a famosa procrastinação, a favorita de Oakley é a Pomodoro.

Funciona assim: desligue todas as possíveis distrações, como celulares ou computadores, e trabalhe por 25 minutos ininterruptos, contados no relógio. Passado esse tempo, levante e busque uma recompensa para si mesmo, como uma xícara de café ou uma boa música. Volte em seguida para mais 25 minutos de atividade sem pausas, e assim por diante.

Com blocos de estudo altamente produtivos, você tem a chance de finalmente entender aquela matéria que sempre pareceu misteriosa para você. Ao ganhar essa familiaridade com o assunto, você pode descobrir alguma dose prazer ao se aprofundar nele.

3. Tenha paciência consigo mesmo

Certas disciplinas se tornam insuportáveis porque temos dificuldade em aprendê-las. Compreender que é perfeitamente normal não entender algo de primeira ajuda a melhorar a sua relação com o estudo.

Quando era criança, Oakley achava que a sua dificuldade para assimilar um novo conceito matemático era resultado de uma completa inaptidão para os números. Essa certeza a afastou cada vez mais do assunto.

Só depois, quando já estudava para se tornar engenheira, ela percebeu que não precisava compreender todos os conceitos de cálculo instantaneamente. Foi uma epifania: livre da ideia de que não tinha “jeito” para aquele assunto, ela persistiu pacientemente nos estudos e acabou descobrindo seu talento.

4. Quebre o estudo em pedaços

Ao estudar um assunto com o qual tem pouca afinidade, a maioria das pessoas tenta estudar tudo de uma vez, para fazer o tormento passar mais rápido. Não funciona. “Ninguém consegue cantar uma música depois de ouvi-la uma única vez”, diz Oakley.

Segundo a professora, a melhor forma de aprender algo difícil é quebrar o assunto em vários “pedaços”. Imagine-se diante de um exercício aparentemente impossível de química, por exemplo. O conselho de Oakley é tentar resolvê-lo sem olhar a resposta. Não conseguiu? Tente de novo amanhã, e novamente nos dias seguintes, até conseguir.

A prática diária e insistente de uma nova habilidade é essencial para assimilá-la. Não é diferente com aprendizados práticos, como dirigir um carro.

“Cada dia de estudo com foco, seguido por uma boa noite de sono, vai fortalecer novos padrões neurais”, explica ela. Esse trabalho de pavimentação de conhecimentos eventualmente fará você aprender. “E, quanto maior o seu domínio do assunto, mais você vai gostar do que está estudando”, conclui Oakley.

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